sábado, 29 de dezembro de 2018

AMOR É INCERTEZA

Amamos na incerteza de amar,
Na dúvida do querer que oscila.
Querer  que acontece além do jogo
Entre a verdade e a mentira.
O que brilha nos olhos dos amantes
É a ilusão do outro,
Uma febre, uma loucura.
O amor é o mais sábio de todos os equívocos humanos,
Na lucidez da loucura.

quarta-feira, 26 de dezembro de 2018

AFETO

O afeto não tem valor.
É dor, prisão,
Dependência e alucinação.
O afeto é movimento,
Incerteza de si através do existir dos outros.
O afeto é o que preenche o vazio
Que nos separa uns dos outros.
O desvalor do afeto é a intensidade do que somos.

domingo, 23 de dezembro de 2018

DIÁLOGO E SOLIDÃO

Ninguém gosta de ficar sozinho. Precisamos do outro para esclarecer a nós mesmos. Mas independente de todos os diálogos que vivemos ao longo de uma vida inteira, sempre nos  reconheceremos no silêncio de nossa solidão. A solidão não é uma escolha, é a condição elementar de nossos diálogos e trocas.

segunda-feira, 17 de dezembro de 2018

A MISÉRIA DOS BEM INTENCIONADOS

Ninguém se considera do lado podre da humanidade. Todos sempre tem boas intenções ou no mínimo justas justificativas para seus atos mais deploráveis.


Não se trata de certo ou de errado, mas de uma miopia para a miséria do próprio ego da qual ninguém escapa. Isso atrapalha muito o entendimento mútuo.

Nunca ninguém está a altura de suas melhores intenções. 

quinta-feira, 13 de dezembro de 2018

O TEMPO FUTURO DO AMOR

Amo como quem espera um presente,
Como quem precente o estante,
Sabe a iminência de uma alegria.
O amor é sempre futuro e urgente.
Sua natureza é o por vir.
Ninguém ama no tempo presente.

quarta-feira, 12 de dezembro de 2018

OPOSIÇÕES

Um relacionamento funciona, para o bem e para o mal, como um estado de oposição.Somos  obrigados a barganhar, a calar, recuar e perder quase o tempo todo. 

Um relacionamento é uma espécie de perda. Mas todos nós precisamos perder, sofrer contrariedades, para crescer, tornar-se um outro de si mesmo.

segunda-feira, 10 de dezembro de 2018

TENHA PACIÊNCIA

Não se deixe levar pelas urgências de cada momento.
O efêmero das circunstâncias não justificam os atos,
Não nos definem.
O que hoje é tão importante
Amanhã será nada.
Siga suas inercias,
Contenha seus impulsos.
O dia seguinte sempre nos desmente o hoje.
Tenha paciência......

FALTA

Perder-se é um ato constante,
É o que nos faz viventes.
Pois a necessidade nos move.
Acontecemos na constante busca do que nos falta,
E esta ausência que nos é tão urgente,
É o próprio mundo
E nossa idealizada substância.
Tudo é necessidade e ausência.
Nos perdemos na busca daquilo que nos falta.
Mas é a própria falta que nos preenche.

domingo, 9 de dezembro de 2018

AFETO E DESCONSTRUÇÃO DO SUJEITO

Os afetos nos enfraquecem. Todo afeto é um arrebatamento que decompõe nossa ilusão de que somos  autores de nós mesmos. 

Ser afetado é surpreender-se impactando e transformado por algo que vem de fora, que nos seduz. Somos possuídos pelos afetos, arrancados de nós. Espinosa, Deleuze e Jung parecem se encontrar em torno deste tema complexo que põe em questão a soberania do ego e da consciência. 

segunda-feira, 3 de dezembro de 2018

ROSA

O amor só existe nós filmes, nos livros, mas imaginações famintas e na cabeça de Rosa.

Mas Rosa, coitada, quase não existe. Ela se debate contra a realidade e inventa solidão em sua ética de abismos.
O dia seguinte não lhe importa. Seu passado infantil não alimentou futuros.

Tenho pena de Rosa....

terça-feira, 27 de novembro de 2018

O OUTRO COMO UM NOVO MUNDO

Nunca nos interessamos por uma pessoa em si, mas por todas as situações , valores e questões que definem sua atmosfera pessoal. É nesse sentido que podemos dizer que o outro é como um novo mundo a ser explorado e conquistado. 

Amantes são aventureiros que se aventuram além de suas fronteiras em busca de riquezas.

segunda-feira, 26 de novembro de 2018

SOBRE CONVICÇÕES


Convicções e escolhas são resultado de perspectivas instáveis e provisórias. Nossa adesão a determinada convicção é um arrebatamento muito mais afetivo do que cognitivo e racional. Sentimento é eleição e longe de remeter a nossa afirmação como sujeitos, no sentido moderno, mais se aproxima do efeito de um contagio, algo impessoal e em relação ao qual estamos no polo passivo.

Convicções são tão levianas quanto nossas escolhas amorosas.

sábado, 24 de novembro de 2018

UM PONTO DENTRO DA ETERNIDADE

Estamos próximos do ponto no tempo em que virtualmente nos encontramos juntos.
Falta realidade ao fato.
Mas ele existe como potência.
É mais do que uma possibilidade.
É um pressentimento.
Persiste em nós como uma marca,
Quase um fato.
É algo que nos acontece
Como um pequeno ponto dentro da eternidade.

O INCOMPREENSÍVEL DAS EMOÇÕES

Não somos capazes de precisar o que sentimos em palavras sem alguma distorção. A emoção é uma experiência qualitativa que dispensa análises e explicações. Raramente conheci alguém que fosse capaz de bem conviver com suas emoções. Fossem elas de dor ou prazer. Um certo arcaísmo ou animalidade define a geografia emotiva. Por mais que a psicologia tente domestica- la com esquematismos racionais e abstratos, a emoção não se confirma a análise. Ela se afirma como experiência crua e selvagem do ser vivente. Através delas o eu e o meio se confundem no plano de um acontecimento.

quarta-feira, 21 de novembro de 2018

RELACIONAMENTOS FELINOS


Os gatos não veneram outros gatos. Podem ter um semelhante como rival ou parceiro, mas nunca como um superior, mesmo quando o respeitam pela força do medo. Seu senso de independência é mais forte do que a conveniência da sobrevivência ou o respeito. Talvez por isso suas disputas e brigas são tão intensas e violentas. 

Não agem de modo diferente com os humanos. Sempre recebemos de um gato aquilo que lhe oferecemos. Não necessariamente na mesma proporção. Gatos sabem lidar com tamanha maestria com o comércio afetivo que não precisam de algo tão limitado quanto o amor.  É justamente por isso que são ótimos companheiros. Nunca estão muito distantes, nem demasiadamente próximos. Eles nunca veneram...

terça-feira, 20 de novembro de 2018

DESCONSTRUÇÃO AFETIVA

Hoje acordei distante explorando sua ausência sem saber se um dia existimos dentro do mesmo instante. 

A realidade muitas vezes é aquilo que não percebemos, o que não acontece. 

O que nos transforma é sempre o vazio dos fatos e experiências, aquilo que não tem substância. Agora é mais do que claro tudo que nunca aconteceu entre a gente.

segunda-feira, 19 de novembro de 2018

INTIMIDADE

A intimidade atrapalha o relacionamento. Não sabemos lidar uns com os outros. Não há nada mais cansativo do que ter companhia. Intimidade é só a liberdade de perder a paciência. Não queria ser íntimo de ninguém. Nunca vale a pena.

AMOR E CUIDADO


O cuidado com o outro é o modo como aprendemos a lidar com nossos afetos. É praticamente uma prática de saúde pública. O amor é bem querer, uma espécie de atividade política. É impossível reduzi-lo a uma prática privada, mesmo quando associado à experiência da intimidade. 


Por outro lado, o amor não é amor a humanidade, não diz respeito a amar ao próximo. É , ao contrário, o egoísmo elevado ao plano do diálogo. Existir pressupõe o instinto de diálogos e encontros.

quinta-feira, 15 de novembro de 2018

A ILUDIDA

Ela gostava de cinema.
Vivia histórias de amor,
Sabia romances de folhetim.
Apostava no melhor da vida.
Queria abraçar e beijar
Até o limite da vida.
Mas os anos foram passando.
Envelheceu sozinha
E depois morreu.
Deus amores não deixaram lembranças.

IDEALISMO

Entre a saudade e o tempo tentamos inventar um futuro. Mas é sempre tarde demais. 

O passado cresceu em nosso desejo e desfez a vontade de ser e viver. Sucumbimos a um ideal de ontem para dizer o amanhã. Nos tornamos urgentes e sem tempo. Tudo em nós era desde sempre impossível.

terça-feira, 13 de novembro de 2018

AS RAZÕES DO AMOR

Se o outro me acontece como um momento de mim mesmo, é porque não me basto. É porque me faço através de diálogos. Sou consumido por uma falta, por uma urgência de ser. E tudo que me define ocorre fora de mim. 


Não posso dizer que amo, pois o amor é um apetite, uma necessidade do outro. Eu amo quando não existo, quando não me percebo em mim na experiência radical daquilo que somos.
A vida é um labirinto de encontros.

segunda-feira, 12 de novembro de 2018

CARINHO E COMPANHEIRISMO

O laço entre dois seres humanos, a sintonia criativa que une seus cotidianos em uma sintonia harmônica, não deveria ser atribuída à inspiração leviana do amor romântico. Há muito mais em jogo na combinação de duas existências. Estar em companhia um do outro, em seu sentido mais profundo, é povoar a solidão, cultivar afetos no solo fértil de nossos silêncios. Cultivar a si mesmo através do outro é nos inventar naquilo que nos transcende concretamente. Está é a melhor definição de uma experiência tão simples e preciosa como o carinho.

domingo, 11 de novembro de 2018

PEDAGOGIA DA SOLIDÃO

Dizem que a solidão vicia e se torna uma espécie de abrigo existencial. É realmente fácil desaprender o trato íntimo e cotidiano do outro. Mas não sei se isso é ruim dada às dificuldades inerentes aos ritos de convivência, aos protocolos da produção dual de subjetividade. 

Há um grande prazer em estar sozinho, em fazer apenas o que nos apetece sem qualquer concessão ou censura. Mesmo que percamos a boa medida do exercício de nós mesmos, a solidão é uma construção de autonomia. Ela nos fortalece. 

Pessoas sozinhas não são solitárias quando percebem a presença do outro que é  sua própria sombra. Estabelecem um dialogo silencioso com todas as possibilidades de si.

MEIAS VERDADES

Ela estava triste na maior parte do tempo. Mas eu só lembrava dela feliz e só cultivava nossos melhores momentos. Meu amor era seletivo, uma mentira, que eu considerava apenas uma meia verdade. Como poderia aceitar que nosso amor era a tristeza dela?

sábado, 10 de novembro de 2018

O OUTRO COMO META

Queremos sempre o desejo do outro.
Vida é para nós um estado de múltiplas relações.
O que está fora de nós é o que define o que somos.
É assim que nos fazemos humanos.
O outro é o meio e o fim de nós mesmos.

ATRAÇÃO E ERRO

Não vai dar certo.
Nunca deu certo.
Mas você não escolhe.
Ama de novo como se fosse outro.
Assim segue a vida
Perdendo-se entre um amor e um coito.
Nunca aprendendo a atração como uma ilusão.
Sempre perdendo,
Como se o erro fosse sempre a solução.

quinta-feira, 8 de novembro de 2018

A MAGIA DA MÚSICA

As paixões só são plenas através da música.
Os gestos às turvam,
Revelam o quão sombrio
É um coração empenhado.
Mas a música impõe ritmo ao corpo,
Este prisioneiro da vida,
E dançamos para adivinhar o mundo,
Para esquecer o que somos....

quarta-feira, 7 de novembro de 2018

O MÍNIMO DO AFETO

Os afetos são feitos por pequenos jeitos, através de trocas miúdas, quase silenciosas. Ele é discreto. 


O cuidado com o outro é uma arte difícil porque exige sempre e constantemente o mínimo. E como é difícil dedicar constantemente  atenção às pequenas coisas cotidianas. Eis o mais árduo e difícil dos sacrifícios.

terça-feira, 6 de novembro de 2018

ALUCINADA NOSTALGIA

Não sei o tamanho da saudade que sinto de mim mesmo. Apenas percebo  que quem sou, como todo mundo que amei, é uma  ausência que me queima, uma falta que me fere.
Explode em mim a alucinada vontade de me desfazer em passados.

Amo desesperadamente tudo aquilo que já não é.

O AMOR COMO SOLIDÃO

A solidão pode ser expressão de um amor intenso pela vida. Pois o amor é uma força, uma vocação para relações e intercâmbios entre todas as coisas. Não é um sentimento ou um instinto, mas uma condição de tudo que existe. 

Amar é ser preenchido de mundo, é ter consciência de tudo aquilo que nos cerca como parte de tudo aquilo que somos. Quanto mais povoada uma solidão, mais ela é intensamente uma genuína expressão amorosa.

AMAR É NÃO QUERER MAL

O amor não é apenas querer bem, mas primordialmente não querer mal. Crimes de amor  são prova cabal do quanto amar pode ser perverso e doentio. Pois o querer bem, por si mesmo, não exclui relações de poder é dominação. 

Não há nada de nobre no empenho de amar. O amor pode ser uma prisão ou  matriz de uma passionalidade delinquente é irresponsável nadadora de toda alteridade.

segunda-feira, 5 de novembro de 2018

O AMOR COMO UM ATO DE TRAIÇÃO

Se a intimidade define um relacionamento, o amor é justamente aquilo que nos faz fugir dele. Amamos sempre o que nos lança para fora, o que nos leva a buscar outra coisa, qualquer alternativa às concessões e tédios que definem um relacionamento. 


O amor é sempre liberdade, enquanto o casamento e seus similares, não passam de uma prisão.

O amor está sempre do lado de fora do sedentarismo afetivo. Ele é sempre testemunho de uma infidelidade à nós mesmos na afirmação irracional de um impulso de vida.

A FELICIDADE NA MEDIOCRIDADE

Sempre nos misturamos na superfície da vida. Nunca exploramos os afetos intensos combinando amor e ódio. Jamais tivemos grande importância um para o outro. E foi justamente por isso que tudo deu certo. Fomos simplesmente bons amigos compartilhando o tédio do dia a dia. Nenhuma ambição, nada de obsessão. O mundo inteiro era feito de plástico colorido. Tudo era tão descartável quando bonito. Fomos um casal inteiramente sem qualidades.

terça-feira, 30 de outubro de 2018

SOLIDÃO


Ninguém mais atravessou a porta.
Não recebi visitas.
Não soube notícias.
Todos sabem que o mundo anda horrível,
Cultivam silêncios,
Administram a própria vida.
Ninguém tem tempo.

quinta-feira, 25 de outubro de 2018

ESTOU SEMPRE ESPÉRANDO

Estou sempre  esperando qualquer surpresa.

Qualquer hora espero que a vida me surpreenda.

Não falo de grandes e redentores acontecimentos.

Espero coisa pequena.

Apenas um encontro, um abraço, um beijo,


E uma tarde intensa de outono....

terça-feira, 23 de outubro de 2018

ESCOLHAS AMOROSAS

Como sei que de modo geral as pessoas nunca se realizam com sua primeira opção, sempre tive medo de ser a última opção de alguém.

Para muitos o  amor não é uma escolha, mas uma necessidade. Isso explica a enorme quantidade de casamento cujo arranjo realiza o mais improvável do possível. Tendemos a optar pelo possível é não pelo que realmente queremos.

Pessoas exigentes, correntes e críticas demais acabam sozinhas. 

segunda-feira, 22 de outubro de 2018

SOBRE PRESENTES E VINCULOS

A prática social da troca de presentes, tão cara às sociedades arcaicas, como vastamente documentado por etnólogos, em nossa sociedade já não fortalece os vínculos sociais, uma vez que foi demasiadamente mercantilizada, reduzida a um comportamento massificado e banal. 

Presentear alguém para afirmar nosso vínculo afetivo hoje em dia é rito degradado. Se quer somos capazes de conceber o que é um presente. Somos incapazes de surpreender o outro com uma prenda que lhe afete e comova como uma espécie de encantamento ou sedução. É preciso conhecer muito bem uma pessoa para presentea-la. Mas muito raramente penetramos tão intensamente na intimidade de alguém a ponto de surpreender com um presente, oferecendo algo que realmente lhe sensibilize. O valor de uso deve ser sempre superior ao valor de troca.

sábado, 20 de outubro de 2018

SOBRE A NATUREZA DO AMOR

Se o amor é o ato de querer ele é uma mera relação de poder. Mas se o amor é falta e distância, ele é uma espécie de questionamento de si mesmo.


Em ambos os casos trata-se de uma experiência de impessoalidade. Eis a razão do amor ser um grande problema para a maioria das pessoas.

Amar é um estranhamento de si mesmo.

quarta-feira, 17 de outubro de 2018

O AMOR COMO AFINIDADE E ELEIÇÃO


Amar é algo que nos é ensinado e não um dado natural. Cada cultura desenha seus estilos de relacionamento. Mas todos envolvem comprometimento e intimidade. Amor é invariavelmente relação entre corpos, é presença.

Recuso aqui as sublimações metafisicas, as definições de amor inspiradas na tradição judaico cristã, na abstração vazia do principio do amor ao próximo. Afinal, não existe este “próximo” sem que se cultive intimidade.  Empatia é um fenômeno  que não nos ocorre gratuitamente como um irracional  imperativo. É mais adequado falar em empatia. Mas a empatia é algo cultivado, trabalhado e seletivo.

Amar é a outra face da afinidade. Não é um sentimento universal e impessoal. Amamos apenas aqueles que em alguma medida elegemos para o amor ou, simplesmente, aprendemos a amar.

O INCONVENIENTE DE AMAR


Sábios são aqueles que amam com pudor, que não sucumbem a seus afetos e não transformam a pessoa amada em uma espécie de ídolo.

Afinal, amar exige sempre prudência visto que o amor pressupõe alguma ilusão ou subestimação daqueles que amamos. Nunca sabemos a pessoa amada de forma objetiva. O amor a reduz a encanto, a um objeto de projeções e idealizações.

Não estão errados aqueles que consideram o amor um inconveniente infantil, uma expressão de nossa inconveniente dependência do outro.  

segunda-feira, 15 de outubro de 2018

AMOR E MACHISMO


As mulheres são as maiores vítimas do amor, do afeto doentio e envenenado por relações de poder. Ciúme e dominação masculina definem ainda hoje muitos relacionamentos tóxicos.

O amor tem lugar cativo nas páginas policiais. Esta é a mais cruel realidade. O amor é uma das causas mais banais de violência.

terça-feira, 9 de outubro de 2018

ILUSÃO DE CÉU


Seu rosto foi meu céu matinal,
Minha paisagem mais habitual.
Mesmo quando adivinhava a noite
Acordando em seus olhos.
Tudo parecia possível...

Como eu era enganado
Pela embriaguez do desejo mais profundo!

sexta-feira, 5 de outubro de 2018

A LIBERDADE DA SOLIDÃO

O anonimato é uma benção. Ser invisível entre os outros nos garante privacidade e serenidade.  A popularidade, ao contrário, nos faz alvo de julgamentos, cobranças e limitações. Poda nossa espontaneidade e inventa o outro como um limite, uma condição de assujeitamento ou redução de si a expressão de uma persona.


Ser insignificante tem suas vantagens. A solidão é libertadora.

quinta-feira, 4 de outubro de 2018

MONÓLOGOS X DIÁLOGOS


O encontro de vozes nas falas de um diálogo, dão o tom das divergências, das pluralidades. Mas é necessário que haja um consenso mínimo que a todos conforme a norma. Todo dialogo pressupõe que cada um reconheça seus limites de fala, pois é objetivo da ação dialógica a produção de um discurso que transcenda todas as vozes em sua singularidade.

Dialogar pressupõe alguma disposição para abdicar de certa parcela de certeza, ir além do próprio ponto de vista. Por isso os monólogos são mais ricos e profundos do que o mais bem sucedido de todos os diálogos. Dentro de uma única voz, já existem muitos pontos de vista inconformados.

PASSIONAL



Meus sentimentos são incertos e imprevisíveis.
No fundo são eles que me possuem.

Mas tento considera-los com cuidado,
Desconfiar sempre das emoções que eles acordam.
Nem sempre é possível.

Ás vezes, sem qualquer motivo,
Sou tragado pelos meus próprios atos,
Pelas vontades que me invadem.

Não me reconheço naquele que sou.
Sei de mim apenas quando embriagado.

CONFIANÇA E DECEPÇÃO

A confiança é uma construção da empatia. Ela depende muito mais do modo como representamos e consideramos o outro do que de suas qualidades inatas. É basicamente uma aposta, um risco, sempre renovado.


Por isso o conceito de confiança faz par com o conceito de decepção. Não há quem sempre corresponda a nossas expectativas. Não somos muito realistas em nossas relações afetivas. 

terça-feira, 2 de outubro de 2018

A DECADÊNCIA DO AMOR PAIXÃO

O amor se tornou uma palavra muito banal. Quase um recurso retórico e circunstancial. Nem mesmo funciona mais como tema para letras de música popular. 

Aprendemos com a vida contemporânea que o amor não redime e muito menos conduz a qualquer ideal de felicidade. Sofremos mais a urgência de nós mesmos do que a ausência do outro. O que torna substantivo apenas o amor próprio. Finalmente reduzimos o amor a questão de sobrevivência e auto preservação. O  querer do outro já não nos seduz...

SOBRE O PLATONISMO DOS SENTIMENTOS


O amor é tão incompatível com a beleza quanto o bem é incompatível com o belo. Mas somos dados a fantasia oca e idealizações vazias. É o que aprendemos com filmes Melosos destinados ao cultivo de um desejo infantil por felicidades perfeitas, por um mundo sem contradições.

O platonismo dos  afetos é a mais perceba expressão da degradação de nossa sensibilidade afetiva.

segunda-feira, 1 de outubro de 2018

O DESEJO É O OBJETIVO DO DESEJO


Perdido no aleatório percurso de um desejo já não busco qualquer objetivo. Sei que o  desejo é como um rio que corre em seu leito indiferente às suas próprias margens.  Nada lhe é mais essencial do que seu próprio movimento.

Ele existe em si mesmo e não se reconhece no porto seguro de nenhum prazer.

O desejo é uma inspiração meta física que define o corpo em sua mais crua concretude. Ele é a vontade que se faz incessante movimento. 

O desejo busca apenas o desejo.

quarta-feira, 26 de setembro de 2018

REFÉNS


Não há novidades...
Não há saída e não existe vontade.

Somos reféns de nossos piores sentimentos,
De nossa agressividade inata.

Já estamos acostumados ao pior de nós mesmos.
Não nos acalantam expectativas.

O futuro já está dado e tem a face dos nossos passados.

terça-feira, 25 de setembro de 2018

A VIRTUDE DO CETICISMO



O ceticismo nos proporciona um contentamento severo com a precariedade das premissas e verdades que sustentam as convenções dos nossos erros.


Nos adaptamos à um permanente estado de desconfiança em relação as configurações culturais vigentes. Sabemos de antemão que vivemos da miséria de práticas discursivas e significações precárias. Não existem verdades sagradas e muito menos convicções absolutas.

O conhecimento é o constante esforço de desaprender, de desdizer e desfazer o valor das coisas.
O conhecimento torna impossível toda paixão, toda forma de amor.

domingo, 23 de setembro de 2018

O POTENCIAL DA EXISTÊNCIA

A vida não me pertence tanto quanto não pertenço a vida. Existo através de afetos , dá busca de um outro que quase existe. 

Imaginações me procuram e acordam amores. É sempre tempo de qualquer loucura, de qualquer loucura, que nos preencha a existência de potência.

DOIS CORPOS

As marcas do teu corpo ainda estão na minha pele.
Posso sentir teu gosto,
Sua vontade e fome de encontro.
Nossa memória e física,
É quase uma fuga dos pensamentos,
Sentidos e significados,
Que calam o dizer do corpo.
Mas sei que meu corpo é teu corpo,
Que só existimos agora como afetação,
Como efeito de um no outro.
Ocupamos um mesmo espaço existencial.

sábado, 15 de setembro de 2018

AMOR É SOLIDÃO

Não há maior solidão do que estar em sua companhia.
Sei em nossos diálogos o percurso de muitas distâncias.
O  amor foi nosso maior egoísmo.
Através dele aprendemos a solidão
Como uma estratégia de sobrevivência.

quinta-feira, 13 de setembro de 2018

IMPESSOALIDADE

"Se treinamos nossa consciência, ela beija enquanto nos morde."
F. Nietzsche in Além do bem e do mal


Nossa singularidade ontológica pressupõe em si todo o devir de nossa condição humana. É perpassada pela experiência do mundo vívido como consciência e ato.
A densidade e intensidade de nossos afetos mais genuínos nos consome através de uma vontade criadora e impessoal que é a própria vida, sua impessoalidade.
Somos através da indeterminação do intempestivo que prova o tempo povoados espaços. Em tudo somos a incerteza de nosso próprio movimento como autores e intérpretes de nós mesmos.

quarta-feira, 12 de setembro de 2018

SOMOS SERES RELACIONAIS

Estamos condenados à relacionamentos. Sejam eles superficiais, banais, intensos ou profundos. Somos escravos de encontros e desencontros, mesmo não buscando o outro como uma experiência existencial. 

Vivemos em relacionamentos diretos e indiretos, nos inventamos em projeções e intercâmbios. Pode-se mesmo dizer que somos mais os outros do que nós mesmos. Afinal, a comunicação define a condição humana.

EQUÍVOCO

São meus erros,
Meus defeitos e medos,
Que melhor definem
Essa falsa equação
Através da qual existo
Como um  arranjo de possibilidades perdidas.
Sou o resultado de muitas impossibilidades.

terça-feira, 11 de setembro de 2018

A DECADÊNCIA DO AMOR

O amor virou lugar comum. Não passa de uma premissa hipócrita.  Ninguém sabe amar. Nem mesmo acreditamos que o amor pode nos salvar desta precariedade de afetos, destas emoções degradadas ou desta vida danificada, que nos corrompe todos os dias.

Espero que no futuro as pessoas falem menos sobre amor e tenham mais inteligência emocional.

terça-feira, 4 de setembro de 2018

O CORPO COMO ALMA

Meu corpo é alma concreta,
É sangue, desejo,
Sensualismos e afetos
Em movimento.
Meu corpo é processo.
É pensamento.
Multiplicidades me articulam.
Sou vários e sou muitos.
Quase não sou.

sexta-feira, 31 de agosto de 2018

NARCISMO EXISTENCIALISTA


Não há querer que não seja querer de si mesmo.
Somos esta vontade louca e complexa que nos supera,
Que transcende a mera busca da sobrevivência,
Que nivela tudo que existe a intimidade do familiar,
Como se a existência nos pertencesse em sua fenomenologia.
Somos no mundo na medida em que o fazemos parte de nós.

Cada individuo julga a si mesmo o centro do universo
quando é ultrapassado e superado pela existência.  

terça-feira, 28 de agosto de 2018

RELACIONAMENTO E MUDANÇA


Relacionamentos humanos são inconstantes, mudam com o tempo e muitas vezes não resistem ao seu próprio acontecimento. Normalmente eles se quebram porque o encontro já não se sustenta como momento.

Relacionamentos são sempre movimento. É preciso que haja sincronias, simetrias, paralelismos. Sem isso não existem encontros. É preciso sempre estabelecer uma relação espacial com o outro, um jogo de aproximações e distanciamentos, que se multiplicam e se reinventam ao sabor de cada nova circunstância.

Relacionamentos mudam. Mudam tanto que chega sempre um momento em que não mais nos reconhecemos neles simplesmente porque já nos tornamos outros.

MATURIDADE EMOCIONAL


Preenchemos a juventude com amores banais no aprendizado das afeições. No fundo, são os prazeres do corpo que nos conduzem a experiência de nos mesmos através da vivência do outro como meta.

Estabelecemos intercâmbios, definimos territórios de intimidade e segredo, e só tarde demais descobrimos a fragilidade e delicadeza destas moradas existenciais de sociabilidade e afeto. Atingimos a maturidade  quando aprendemos a lidar com nosso inalienável sentimento de solidão, com a elementar constatação de que estamos condenados ao nosso próprio corpo, a experimentar do outro como miragem e incerteza.

quinta-feira, 23 de agosto de 2018

AMOR E ALQUIMIA



A necessidade interior do que nos é exterior é a mais perfeita definição de amor. 

Ama quem busca realizar o encontro entre o dentro e o fora, viver a coincidência dos contrários, vislumbrada pelo ideal alquímico medieval.

No fundo o amor é só uma metáfora para a natureza.
a vida é relacional...
.


segunda-feira, 20 de agosto de 2018

COMUNICAÇÃO DIGITAL


Sempre conectados,
Seja pelo notebook ou pelo celular,
nos escondemos sob palavras rasas,
Falamos muito para não dizer nada.
Se quer inventamos nossas próprias falas.
Mas é preciso estar sempre atento,
Perdido no fluxo de imagens,
Signos e mensagens.
Nossas conexões reinventam o conceito de distância.
Mas quem se importa?
É preciso sempre dizer,
saber e mostrar qualquer coisa,
Reinventar silêncios,
Replicar informações,
Até que tudo se torne banal.

sábado, 18 de agosto de 2018

SOLITUDE E INDIVIDUAÇÃO

Foi por opção que me rendi a solidão e ao silêncio,
Que aprendi a música da finitude e a magia dos atos pequenos.
Assim, escrevi meu espaço imanente no corpo do mundo,
Inventei meu próprio desenho cartografando a vida,
Investigando o tempo através dos atos.
Despido do peso de companhias,
Abracei o vazio que sou eu através dos fatos.

sexta-feira, 17 de agosto de 2018

BANHO EMOCIONAL



Meu desejo foge a vida,
Aos sentimentos de mundo,
E a todos os sentidos de nossos tantos eus vazios..

Tudo escapa pelos polos da consciência,
Pelos ralos afetivos.

Agora tempo é vertigem,
Vento e  acontecimento!

Inconcluso entre o “eu” e o “tu”
Algum bizarro de “nós” acontece
Enquanto o dia se renova na agua do banho!

AMOR LIVRE


quarta-feira, 15 de agosto de 2018

SOBRE A VERDADE DA IGNORÂNCIA


GOYA


DESEQUILÍBRIO EMOCIONAL



As emoções transbordam na paisagem desértica de nossas relações.
As emoções confundem e atrapalham encontros,
Inventam problemas e questões,
Enquanto todos se perdem uns  dos outros
No fluir morno dos afetos.

O que sentimos é quase sem nome.
É um perder-se, um gritar-se,
Um buscar insano por companhias,
Uma fome de rebanho,
Ou simples ausência de poesia.

terça-feira, 14 de agosto de 2018

AMBIÇÕES PESSOAIS


A ambição apodrece o caráter. Quanto se busca o sucesso pessoal como um fim em si mesmo, sacrificamos  nossa sensibilidade, nos tornamos escravos de objetivos impessoais em nome do ouro de tolo de um duvidoso prestigio entre nossos pares.

No fundo, vivemos em uma sociedade onde o sucesso e o privilégio são fórmulas de distinção e auto afirmação diante da banalidade dos outros. Os códigos sociais nos definem mais do que empatia e relacionamentos. 

Fomos educados para perder o rosto em personas e papéis sociais. Por isso relacionamentos sempre estão em segundo plano. Os afetos atrapalham a busca pelo sucesso.

ROTINAS RUINS


Vontades quebradas já não servem a esperança.
Denunciam um viver degradado,
Emoções estagnadas e convicções caducas.
As vezes nos acostumamos a miséria de nossos sentimentos.
Parece a única maneira da vida seguir em frente
No fracasso das novidades.



segunda-feira, 13 de agosto de 2018

A SOLIDÃO DAS CONVICÇÕES


Pessoas são repetitivas, demasiadamente obcecadas por um conjunto de questões e temas específicos que irracionalmente lhes definem a própria existência, mesmo que pareçam insignificantes e banais aos outros do seu convívio íntimo. 


Cometemos sempre o erro de achar que o que nos é precioso deve ser para os outros. Inventamos assim uma das mais cruéis modalidades de solidão: a solidão das convicções.

ESCONDE ESCONDE



O que cada pessoa sabe sobre outra altera a forma como ela se reconhece em suas auto representações.

Os intercâmbios humanos são como um jogo de espelhos. Tudo é reflexo onde os rostos nos enganam. Pois, um rosto não diz identidades, mas a superfície de uma multifacetada paisagem humana. Se é através do rosto que nos fazemos acontecimento entre os outros, é também através dele que nos escondemos. Afinal, aparência é tudo. Nos confundimos com a persona que nos esconde e nos alteramos uns aos outros no intercâmbio das simulações.

Relacionamentos humanos são como um jogo lúdico e sofisticado de esconde esconde.




quarta-feira, 8 de agosto de 2018

DIA INTERNACIONAL DOS GATOS


Dizem que o dia oito de agosto é o dia Internacional dos gatos. Eles, entretanto, seguem indiferentes à data, como se fossem senhores do tempo  e zombassem desta mania humana de celebração.

Gatos são definitivamente superiores e dispensam homenagens. Eles sabem que os dias se importam mais do que qualquer dia.

terça-feira, 7 de agosto de 2018

A MISÉRIA DO SEU OLHAR



Seus olhos são duas bocas sem fome.
Não mordem a paisagem
Nem bebem o céu.
Desprezam o infinito,
Ignoram o delírio.

Seu olhar não tem brilho.
Coleciona fotografias de celular.
Alimentam o tédio seco de imaginação.




segunda-feira, 6 de agosto de 2018

NÃO CONFIE EM NINGUÉM

Todo mundo tem uma boa justificativa para seu egoísmo,
Para sua falta de apreço,
Cuidado e consideração.
Todo mundo tem sempre um bom motivo
Para cometer horrores.
Por isso é sempre um risco
Acreditar em boas intenções.

URGÊNCIAS BANAIS

Nos tempos de hoje a solidão é mais compreensível do que um bom relacionamento. Afinal, o amor cansa e a vida é breve. Temos urgências demais, vontades demais e quase nenhuma esperança. Lutamos desesperadamente pela simples sobrevivência.

Todos os dias precisamos conquistar novamente nosso próprio mundo, fazer a vida valer a pena, quando já não nos resta grandes ilusões.

Não temos tempo para relacionamentos.

CASO PERDIDO


Não queira saber a intimidade dos meus dias.
Sou destes que nada tem a oferecer.
Tudo em mim é futilidade.
Vivo de banalidades.
Não passo de um tolo
Que mal sabe do mundo
E pouco se interessa por você.
Não perca seu tempo comigo.
Não tente mudar o que não pode ser.

quinta-feira, 2 de agosto de 2018

DOS MALES DO AMOR

Um dos maiores inconvenientes do amor é a falta de realismo de nossos julgamentos. Somos demasiadamente condecendentes com a pessoa amada. Seja por conveniência ou por miopia. Só nós damos conta disso depois que o amor acaba. Mas não são raras as vezes em que nos acomodados às imperfeições do outro e diminuídos nossas qualidades por simples carência afetiva.

O ABSURDO DO AMOR

O amor só faz sentido quando é absurdo. Amantes convencionais , de vida regrada e pré planejada, amam mais a sociedade do que o amor.
Amor é transgressão, transbordamento e desmedida.
Ele é intenso,
Dura segundos de eternidade,
E marca duas vidas inteiras no sempre da finitude.
O amor só é amor quando não tem razão.

quarta-feira, 1 de agosto de 2018

ARREPENDIDO


Minha vontade é não ter vontades.
Queria viver de inercias,
Afogar no tédio,
Ser como uma pedra,
E saber a felicidade dos objetos.
Bom seria não sentir nada,
Não querer,
Não sofrer.
Tudo seria perfeito
Pelo simples fato
De nunca lhe conhecer.

NUNCA SEJA SINCERO

Tenha um cão,
Tenha um gato,
Ou uma tartaruga de estimação.

Fale sozinho,
Diante do espelho
Ou com a televisão.

Mas nunca....
Absolutamente nunca,
Confesse a alguém
Todas as verdades do seu coração.

CONSERVADORISMO AFETIVO



Apesar das mulheres terem relativamente se libertado na contemporaneidade dos papeis sociais que lhe eram consagrados pela tradição, de sua alienação na esfera domestica, seu lugar na sociedade ainda é condicionado a famigerada condição de “segundo sexo”. A ampliação das significações do feminino em nossa cultura ainda não foram capazes de engendrar novos modos de vida  capazes de despotencializar as codificações sexistas de poder masculino.

No plano das configurações afetivas as mulheres ainda vivem presas a uma cultura onde o privilegio da condição masculina define a maior parte dos relacionamentos. Os comportamentos abusivos são de modo geral naturalizados como um traço pseudo genético ou um padrão cultural socialmente tolerável e, não raramente, aceitável. Muitas mulheres chegam ao ponto de comungar de um ideal tradicional de masculinidade.

O que me parece decisivo na definição dos relacionamentos tóxicos é justamente a incapacidade que tantos homens e mulheres apresentam para expressar suas emoções e construir vivencias que recusem os estereótipos infantis do amor romântico. No fundo as praticas afetivas ainda são influenciadas pela eleição e idealização da pessoa amada, pelo laço conjugal fundado pela família monogâmica hétero erótica como unidade elementar da vida social e das relações pessoais.


quarta-feira, 25 de julho de 2018

NECESSÁRIA SOLIDÃO


Minha existência guarda muitos lugares desertos.
Neles não cabe o amor ou ego.

Há apenas uma solidão ontológica,
Um inacabamento existencial.

Grande parte de mim é feita de uma solidão essencial.

domingo, 22 de julho de 2018

SIMPLESMENTE PREGUIÇA


Quero a vida simples e nua,
Sem tempo para pensamentos,
Planos ou resoluções.
Apenas o momento aberto
Em rasa imensidão.
Nenhuma urgência ou febre de opiniões.

Sei que tudo pode ser simples e banal,
Quase infantil, como um bolo de chocolate,
Quando o prazer e a preguiça
Enfeitam a alegria de um por do sol.