Apesar das mulheres terem
relativamente se libertado na contemporaneidade dos papeis sociais que lhe eram
consagrados pela tradição, de sua alienação na esfera domestica, seu lugar na
sociedade ainda é condicionado a famigerada condição de “segundo sexo”. A
ampliação das significações do feminino em nossa cultura ainda não foram
capazes de engendrar novos modos de vida
capazes de despotencializar as codificações sexistas de poder masculino.
No plano das configurações
afetivas as mulheres ainda vivem presas a uma cultura onde o privilegio da
condição masculina define a maior parte dos relacionamentos. Os comportamentos
abusivos são de modo geral naturalizados como um traço pseudo genético ou um
padrão cultural socialmente tolerável e, não raramente, aceitável. Muitas
mulheres chegam ao ponto de comungar de um ideal tradicional de masculinidade.
O que me parece decisivo na
definição dos relacionamentos tóxicos é justamente a incapacidade que tantos
homens e mulheres apresentam para expressar suas emoções e construir vivencias que
recusem os estereótipos infantis do amor romântico. No fundo as praticas
afetivas ainda são influenciadas pela eleição e idealização da pessoa amada,
pelo laço conjugal fundado pela família monogâmica hétero erótica como unidade
elementar da vida social e das relações pessoais.

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