Aquela conversa já havia acabado. Nada mais cabia ser dito.
Ambos sabíamos que cada um ao seu modo estava errado em alguma medida. Mas ninguém
estava disposto a ceder e permitir a vitória injusta do adversário.
Foi quando Matilde olhou fixamente em meus olhos e começou a
manipular seus vastos par de seios que a blusa de laica e vermelha cobria com
dificuldade. Era seu último recurso. Ganhar a discussão de modo sujo e
envergonhando todas as mulheres da face da terra.
Eu sabia como acabaria aquilo. A proposta era clara: favores
sexuais pela minha renuncia incondicional ao ponto de vista que fervorosamente
defendia. Um lado meu queria rendição. Mas o outro sabia as consequências. Não
era a primeira vez que as coisas desembocavam neste tipo de dilema.
Consegui permanecer indiferente aos seus apelos. Isso
despertou uma raiva profunda nela. Quando viu que eu não iria ceder, se pôs a chorar. Como isso também não
funcionou explodiu em um acesso de raiva, me xingou de todos os palavrões
possíveis e jogou objetos contra mim.
Não era uma situação razoável. Eu não a reconhecia. Aquela
não era a mulher com a qual me deitei nas ultimas noites trocando juras de amor
eterno. E ela dizia aos berros o quanto eu não prestava para ela, o quanto eu
não lhe fazia as vontades.
No fundo era essa a questão. Não estávamos juntos para
satisfazer plenamente as vontades um do outro. Tal coisa não acontece no mais
perfeito dos relacionamentos. Mas, aparentemente, ela não estava preparada,
como a maioria dos homens e mulheres, para suportar o peso afetivo de um
relacionamento.
Depois daquele dia nos separamos consumando a desunião que
já tinha se estabelecido na intimidade
daquelas quatro paredes que nos sustentavam o recíproco engano de um beijo banal.
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