sexta-feira, 16 de outubro de 2015

SEPARAÇÃO

Aquela conversa já havia acabado. Nada mais cabia ser dito. Ambos sabíamos que cada um ao seu modo estava errado em alguma medida. Mas ninguém estava disposto a ceder e permitir a vitória injusta do adversário.

Foi quando Matilde olhou fixamente em meus olhos e começou a manipular seus vastos par de seios que a blusa de laica e vermelha cobria com dificuldade. Era seu último recurso. Ganhar a discussão de modo sujo e envergonhando todas as mulheres da face da terra.

Eu sabia como acabaria aquilo. A proposta era clara: favores sexuais pela minha renuncia incondicional ao ponto de vista que fervorosamente defendia. Um lado meu queria rendição. Mas o outro sabia as consequências. Não era a primeira vez que as coisas desembocavam neste tipo de dilema.
Consegui permanecer indiferente aos seus apelos. Isso despertou uma raiva profunda nela. Quando viu que eu não iria  ceder, se pôs a chorar. Como isso também não funcionou explodiu em um acesso de raiva, me xingou de todos os palavrões possíveis e jogou objetos contra mim.

Não era uma situação razoável. Eu não a reconhecia. Aquela não era a mulher com a qual me deitei nas ultimas noites trocando juras de amor eterno. E ela dizia aos berros o quanto eu não prestava para ela, o quanto eu não lhe fazia as vontades.
No fundo era essa a questão. Não estávamos juntos para satisfazer plenamente as vontades um do outro. Tal coisa não acontece no mais perfeito dos relacionamentos. Mas, aparentemente, ela não estava preparada, como a maioria dos homens e mulheres,  para suportar o peso afetivo de um relacionamento.

Depois daquele dia nos separamos consumando a desunião que já tinha  se estabelecido na intimidade daquelas quatro paredes que nos sustentavam o recíproco engano de um beijo banal.


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