Gostava da forma como ela se
rasgava, cortava a própria pele, em cada verso ou frase ali vomitada sem qualquer pudor. Ela sabia da arte de se
destruir um pouco para continuar de pé.O melhor da vida sempre está naquilo que
a gente escreve nos outros com palavras cortantes e desesperadas. Por isso era
quase uma cópula aquela conversa. Havia sinceridade naquele desespero, naquele
ódio com o qual ela usava as palavras contra o interlocutor.
A agressão é sempre um bom
artifício. Cria tensão, faz com que sejamos mais verdadeiros um com o outro sem
a mediação do artificialismo polido das prosas cotidianas. É preciso falar como
quem rosna se quer ser ouvido.
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