Aquela mulher tinha algo mais
valioso do que a banalidade de um belo corpo. Tinha um rosto selvagem, um olhar
firme e uma voz forte. Parecia o tipo certo de mulher. Realista, determinada e independente. Nenhum
traço de passionalidade. Era inteligente de modo assustador e sabia manipular
as pessoas como ninguém.
Era impossível não ser franco com
ela. Não nos deixava a vontade. Inibia qualquer tentativa de intimidade. Era como
se estivesse sempre esperando o pior de seu interlocutor. Alguns podem
considerar isso ruim. Mas era o que a tornava especial. Ela não me ameaçava
com o peso da afetividade exagerada. Não
me pedia nada e nem esperava nada de mim. Com ela podia conversar de igual para
igual, sem ter pudores.
Suas falas me encantavam e, de
algum modo, eu queria entrar dentro dos olhos dela, saber tudo que precisava
saber sobre sua vida e seus pensamentos. Percebia que tínhamos muito a dizer um
ao outro. Mas não estávamos dispostos. O encanto dura pouco. Cedo ou tarde a
gente voltaria a se sentir sozinhos e presos dentro de nós mesmos. Não iríamos nos
salvar do tédio com sexo. Depois de algumas deliciosas horas de intensa prosa,
nos despedimos. Nunca mais soubemos um do outro.
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