quarta-feira, 14 de fevereiro de 2024

ENTRE PROMESSA E ILUSÃO



Há algo de carnavalesco,
de subversão, 
fantasia, sonho e delírio,
no enredo de nossos dias.

Algo de ilusão ...
um sentimento estranho
misturando  desgosto,
 esperança e tédio,
no labirinto de cada  existência
marginal e periférica.

Há  sempre, entre nós , alguma angústia vagando sem solução,
um desejo dessociado do gozo,
de qualquer ideal de redenção.

A vida, afinal,  é uma promessa
que nunca é cumprida,
uma eterna expectativa,
uma latência,
uma potência,
engasgada em nossa insignificância,
enterrada na solidão,
nos  silêncios e sonhos,
que dão cor e gosto ao permanente espetáculo de nossa  coletiva agonia. 

Não cabemos naquilo que vivemos,
no vagão do metrô e no ponto de ônibus,
e exigimos a liberdade de um eterno carnaval,
uma permanente promessa de fuga,
a liberdade da possibilidade 
de um quase possível amanhã sem dia.

A vida é a frustração desta promessa
que se sempre se renova.
Ela é uma grande decepção.
Mas ninguém vive
sem um generoso gole
de fantasia e ilusão.

Há algo de carnavalesco em nossas feridas expostas,
nas dívidas acumuladas
nas faturas do cartão
e falas vomitadas fora de qualquer contexto.




Nenhum comentário:

Postar um comentário