quarta-feira, 30 de setembro de 2015

ERA APENAS UM FILME RUIM....

Não levava a vida que eu queria.
Não te amava,
Mas te beijava.
Tudo acontecia  fora do seu lugar.
Estávamos presos em um filme ruim
Improvisando nossas falas
E tentando descobrir o roteiro.

Mas era apenas um filme ruim.

terça-feira, 29 de setembro de 2015

TEMPO DE PRAGMATISMO

Chega um tempo em que já não amamos
Ou esperamos  qualquer coisa do outro.
Aprendemos a viver de nós mesmos
Sem ilusões de sentimentos.
Já não desperdiçamos afeto
E somos econômicos com o carinho.

Chega um tempo em que aprendemos
A estar sozinhos.
A vida é isso apenas meu rapaz.
Ontem você amava e hoje já não ama mais.
Tudo  que importa é seguir em frente.
Com o rosto duro e as mãos vazias.
Não deixe nenhuma emoção

Contaminar sua poesia.

DESENCANTAMENTO

Convencido de que te amava,
cometi todos os erros do mundo,
rompi sem medo com a realidade
e sonhei sozinho o mais belo sonho.
Por algum tempo habitei
a agradável ilusão do seu beijo,
Imaginei um mundo perfeito.
Não me lembro de quando ou como
meus olhos se libertaram dos seus

e o amor finalmente desapareceu.

domingo, 27 de setembro de 2015

AINDA ESTOU NASCENDO...

Guardo alguns sonhos quebrados
Para lembrar dos dias que não vivi.
Tenho frustrações e vazios.
Neles me reconheço.
Sofro os esboços dos meus amanhãs perdidos.
Não me iludi com amores,
Não fiz fortunas
Nem  conquistei seguranças materiais.
Vivi da própria vida sentida
E ociosa
Que me exigia  algo mais
Que a realidade de todos os dias.
Ousei tentar ser apenas eu mesmo.


sexta-feira, 25 de setembro de 2015

ILUSÃO

Tínhamos apenas uma janela
para saber do mundo
enquanto nos ocupávamos
um do outro.
O tempo passava tão depressa
que nos perdíamos nos fatos.
A vida, ao contrário,
seguia lenta.
tínhamos para tudo uma resposta,
para cada problema uma solução.
Nossa convivência era perfeita.
Até o dia em que,
sem mais nem menos,
nos damos conta de que
não existíamos
e nossa vida não passava

de uma grande ilusão.

QUASE DESTINO

Não tente saber como te vejo.
Não procure entender como te sinto,
Como gosto da sua presença em meus pensamentos
Enquanto nos perdemos na realidade.
Não  nascemos um para o outro.
Nunca seremos felizes,
Mas precisamos saber um do outro
Na dialética viva da carne
Entre os desmaios da poesia.
Nos encontramos por simples acaso.
Mas isso mudou nossas vidas.


quinta-feira, 24 de setembro de 2015

SOBRE A ILUSÃO DE AMAR

Quanto mais íntimos nos tornamos de alguém,
mais distante o sabemos
através de seus limites, erros  e contradições.

Ninguém é digno  de ser amado.
O amor ama apenas  a si mesmo
através de nós
em seu metafísico narcisismo.
Ama apenas aquele que se ilude
com a ilusão que abraça
enquanto se afasta da realidade.
.

Você vai morrer um dia...

E isso é  tudo.

quarta-feira, 23 de setembro de 2015

REALISMO

Tão incerto e obscuro
é o desejo humano
que reduz o afeto
a uma armadilha do querer.
Sempre é preciso
interrogar a si mesmo,
questionar o desejo
e enxergar no além dele
a realidade sem o cisco
da fantasia.


segunda-feira, 21 de setembro de 2015

A REALIDADE DO OUTRO E OS LIMITES DO AMOR

Sempre soube dos seus defeitos.
Mas nunca os enxerguei,
nunca os valorizei
como parte da sua realidade.
Vivi da fantasia do sentimento
e muito pouca atenção
proporcionei a razão.
Assim não surpreende
que te conhecendo agora
em profundidade,
eu me sinta definitivamente

distante...

sábado, 19 de setembro de 2015

BREVE ELOGIO A SOLIDÃO

Raramente nos questionamos sobre o valor social de ter alguém. Até que ponto  viver um relacionamento é uma exigência social que nos revela o quanto coletivamente a solidão é mau vista, é considerada um crime contra a sociabilidade.

O amor é uma invenção coletiva que nos aprisiona em nossas necessidades do outro, mas não nos ensina a lidar com elas fora da “caixinha” do trato social. Justamente por isso , muito frequentemente nos fazemos prisioneiros de relacionamentos precários apenas para livrar nossos egos da má consciência da solidão.


Mas quem disse que a solidão não tem suas virtudes ? Talvez o verdadeiro  problema sejam os outros. E não a solidão...

sexta-feira, 18 de setembro de 2015

O JOGO DO AMOR

Chamam de amor ao jogo vazio que se estabelece entre duas pessoas que se reconhecem em uma mesma vontade de exercer sobre o outro qualquer poder.  Há algo de autoritário no bem querer. Pois é  através do outro que aprendemos a s artimanhas do afeto e os jogos de prazer.

Deve o outro aceitar ser parte do nosso mundo mais pessoal e passional, mas não na exata medida em  que pertencemos ao seu.Por isso a espontaneidade e a sinceridade são venenos para o amor.

Ninguém ama aquele a quem plenamente se conhece a ponto de saber suas fraquezas, suas vilezas e destemperos. Pois este se torna impróprio ao nosso mundo na medida em que afirma as abstratas fronteiras de seu acontecer mais intimo.

Poucos são aqueles realmente dispostos a jogar o jogo do amor... 

quinta-feira, 17 de setembro de 2015

SOBRE O QUE NÃO FOI FEITO

Entre tudo que foi feito
e o que ficou perdido
resta uma chama quase morta,
alguns cacos de vontade
que ali ficaram
depois do desastre.
Rasgado o beijo
perdemos as amenidades,
esquecemos
de tudo que foi planejado
e jamais foi

ou será feito.

segunda-feira, 14 de setembro de 2015

O AMOR PENSADO

De modo geral as pessoas idealizam demasiadamente o amor e as afetividades. Acreditam que o outro é uma meta indispensável a realização pessoal. Estar com alguém é para muitos uma obsessão, uma necessidade primordial. Pouco pensam no  enorme desgaste psicológico e emocional que um relacionamento traz.

Relacionamentos não deveriam acontecer por “necessidade”, mas por simples acaso. Como algo que  nos surpreende ao dobrar uma esquina, quase uma banalidade. O amor não deveria ser uma finalidade, um valor, mas algo pragmático, uma decisão lúcida fundada na necessidade de estabelecer diálogos existenciais.


A qualidade de nossos vínculos deveria ser regulada pela razão e não pelo irracional dos instintos e da intuição. Talvez assim as páginas policiais e o mudo cotidiano das pessoas comuns não estivesse tão povoado de histórias tristes e deploráveis carregadas de sentimentos e pieguices.

domingo, 13 de setembro de 2015

SOBRE A MULHER QUE ESPERO E A SOLIDÃO COMO VOCAÇÃO

“ A relação amorosa  vive da repetição, que converte desejo em arte. Mas cada vez que amamos é única; na melhor das hipóteses, temos uma grande experiência durante a vida, e o segredo consiste em repeti-la  tão frequentemente quanto possível.”
OSCAR WILDE in O RETRATO DE DORIAN GRAY

É verdade que existem muitas mulheres interessantes por ai.
Mas poucas dentre elas  você terá a oportunidade de ter como parte de sua própria vida.
E, talvez, apenas  uma como essencial a sua biografia, caso tenha sorte.
Não é raro que a mulher errada acaba sendo a mulher certa por  mero pragmatismo e conveniência.

Caso esteja realmente disposto a correr o risco de viver alguma coisa intensa e profunda com alguém, aceite alguns generosos goles de solidão.

sábado, 12 de setembro de 2015

RELACIONAMENTOS

Relacionamentos  baseiam-se não raramente na simulação de sentimentos, escondem interesses e necessidades que pouco dizem respeito ao ideal amoroso.

Não são poucos os  relacionamentos sustentados por conveniências, sejam de natureza financeira ou de  status social. Por isso estar sozinho pode ser, as vezes, uma questão de virtude, uma defesa contra a banalidade da economia afetiva de nossa cultura.

O ideal romântico do amor eletivo não é e nunca  foi uma alternativa a isso. Não passa de uma fórmula vazia para iludir os mais jovens e idealistas.

Relacionamentos e vínculos profundos só são possíveis hoje em dia entre pessoas sóbrias, conscientes de si mesmas e  dispostas a respeitar o outro e suas contradições e limites. Mesmo nestes casos, não se iludam com a possibilidade de um equilíbrio e uma compreensão mutua plena. É típico dos seres humanos  o vício do desentendimento e da incompreensão.


A verdadeira questão é  saber o quanto duas pessoas podem acrescentar e transformar uma  a outra  através do simples compartilhamento  de suas vidas.  

quinta-feira, 10 de setembro de 2015

FIM

Éramos tarde,
vivíamos noites.
Nunca estávamos em qualquer lugar.

Éramos passagem .
Hoje não somos nada
dentro do vento que nos levou.

Tudo terminou pela metade.
Sem qualquer aviso,

simplesmente acabou.

SEPARAÇÃO PÓS MODERNA

Entre as impressões vazias do passar do dia
Tento reencontrar sua voz na poltrona da sala,
refazer nossos passos adestrados pela solidão compartilhada.
Mas nada do que foi dito cabia no que sentíamos,
contradizia as palavras.
Era a vida que nos afastava,
aquele acontecer sem nexo de pequenas coisas
que nos degradava.
Impotentes perante a existência,
nos livramos de nós mesmos.

Nada mais havia a ser feito....

quarta-feira, 9 de setembro de 2015

SINCERIDADE

Sei que me tornei
Aquele que disse um dia
Que jamais seria.
O tempo me ensinou,
Através do espelho,
A ser mais verdadeiro
Do que meu próprio rosto.
Então me diga, também,
Quem você é ,
Revela sem pudor
Sua agonia mais intima.
Uma vez, pelo menos,

Vamos ser sinceros.

AMOR FRIO

Quase não falávamos de amor.
Se quer andávamos de mãos dadas
ou cultivávamos futuros.
Desde o inicio o fim era nosso destino.
sabíamos disso.
Não confiávamos no amor o suficiente
para viver a ilusão um do outro.
Éramos  realistas,
animais de sangue frio,
dois egoístas em barganha.
Não nos embriagávamos de romantismos.
tínhamos apenas o dia, a noite
e o se fazer comum das pequenas coisas.
A solidão sempre nos  fez companhia
até o instante do ultimo beijo.


terça-feira, 8 de setembro de 2015

APARÊNCIAS

Há mais tristezas caladas em suas alegrias
do que  melancolias em seus dias.
Tudo é sempre uma questão de ponto de vista
e alguns  silêncios  dançam em seus olhos
enquanto você fala.
Mas mantenha as aparências.
O mundo é feito de ilusões.
Sustente este sorriso no rosto
como se o instante fosse maravilhoso.
continue mentindo .

Ninguém se importa com seus sentimentos.

domingo, 6 de setembro de 2015

INTROSPECÇÃO

Enquanto a vida passa
Tento adivinhar  todas as coisas boas
Que se perderam cedo
No rasgar-se de um beijo.
O amor é a maior das ilusões.
Me disse o vento uma vez.
Lá fora tudo parece, agora,
Apenas um deserto perfeito
Onde o tempo  nos acontece
Sem piedade.
O mundo seria melhor
Se não fossem os beijos.
Apenas o sono, o frio
E o silêncio
Ou apenas o tédio
Brincando na paisagem

De ontem.