terça-feira, 4 de agosto de 2015

DEPOIS DE TODO FIM

Havia ainda entre nós aqueles que amavam medrosos  e desesperançados colecionando decepções. Eram os incorrigíveis buscadores de  ilhas afetivas que resgatassem do degredo o autentica vida perdida agora substituída por uma degradada existência que lhes definia o dia a dia.

Eram os mendigos do coração, os inconformados e carentes que peregrinavam sem rumo e migalhas de afeto pelo mundo. Eram os que não tinham nada. Os inaptos  que negando o velho mundo morto da tradição abriam, ao mesmo tempo, mão da ausência inevitável de todo futuro.

Mas eles pouco importavam. Eram tempos de insegurança e  incertezas. Ninguém se bastava a si mesmo, mas era desafiado pela sobrevivência a viver como se o fosse.


Ninguém mais tinha muito a dizer. Nem os advogados da velha cultura, nem os defensores do mundo novo. O ceu e o inferno coincidiam na face da terra. Justamente quanto toda metafisica revelara sua   quase eterna estupidez. 

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