Havia ainda entre nós aqueles que amavam medrosos e desesperançados colecionando decepções.
Eram os incorrigíveis buscadores de ilhas
afetivas que resgatassem do degredo o autentica vida perdida agora substituída por
uma degradada existência que lhes definia o dia a dia.
Eram os mendigos do coração, os inconformados e carentes que
peregrinavam sem rumo e migalhas de afeto pelo mundo. Eram os que não tinham
nada. Os inaptos que negando o velho
mundo morto da tradição abriam, ao mesmo tempo, mão da ausência inevitável de
todo futuro.
Mas eles pouco importavam. Eram tempos de insegurança e incertezas. Ninguém se bastava a si mesmo,
mas era desafiado pela sobrevivência a viver como se o fosse.
Ninguém mais tinha muito a dizer. Nem os advogados da velha cultura,
nem os defensores do mundo novo. O ceu e o inferno coincidiam na face da terra.
Justamente quanto toda metafisica revelara sua
quase eterna estupidez.

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