segunda-feira, 30 de maio de 2022

A SINGULARIDADE COMO IMPESSOALIDADE DO DEVIR MUNDO

nossa finita existência não se resume a um drama familiar condenado ao enquadramento psicanálitico ou ao totalitarismo estatístico/analítico.
Ele é impessoal labirinto no indeterminado do dentro e do fora do jogo de forças das fabulações da realidade.
Toda forma de experiência e percepção nos confronta com abismo do sem rosto do caos de todos os rostos que nos faz devir e multiplicidades do grande fogo que define o mundo.

O AMOR É SEMPRE FINITO

Ninguém ama o tempo todo.
Eros é sempre mais ausente
do que presente
e não suporta laços
que pesam como correntes.


Para ele
Nenhuma união é absoluta.
Tudo que busca é a semente
que fecunda o universo
multiplicando as formas.

Eros esta em todas as partes
e em nenhum lugar.
Segue por ai indiferente e errante
inventando encontros e despedidas.



domingo, 29 de maio de 2022

CONTRA O MUNDO ATUAL

Pouco me importa o mundo atual.
Não me edifico através de opiniões ou discursos de enciclopédias 
e muito menos defendo valores universais.

Nada tenho a dizer
e pouco quero escutar.

Não acredito em amor ao próximo,
ou no progresso da humanidade.
Tudo isso não  passa de uma grande balela.

Destesto as grandes cidades,
as autoridades, as artes,
e saberes que constituem o cânone da civilização ocidental.

A vida mora nos rios, desertos,
e florestas. 
E há mais alegria na solidão dos loucos
do que na comedida vida vazia dos sábios de ocasião.

Por isso deixem-me em paz e sem instrução,
alheiro a ridícula novidade
dos seus cárceres digitais,
de seus empregos de merda
e consumismo irracional.

Minha vida não cabe neste detestável mundo novo
onde ninguém é mais feito de carne e osso.






sábado, 28 de maio de 2022

FILOSOFIA DO SILÊNCIO

No silêncio escuto a mim mesmo
e a intimidade da presença das coisas.

Tudo se despe de sentido.
Tudo se torna indeterminação,
passagem e incerteza.

Pois a mudez estabele um estranho intercâmbio entre tudo que é manifesto,
tranacendendo a prisão do significado.

O silêncio é uma forma de ação, 
movimento, 
que transcende os conceitos
e as palavras.

O silêncio e a voz da imaginação,
da solidão,  
que nos transforma o olhar.



 

sexta-feira, 27 de maio de 2022

O TEMPO DO MUNDO

O tempo do mundo
jamais será o tempo
dos meus dias.
Pois meu mínimo infinito
não cabe no sem rosto da eternidade 
ou nos destinos da humanidade.

Sei apenas o tempo mudo
de minhas infâncias,
os paraisos perdidos
que habitam minhas memórias, perdas e ausências. 

O nada do meu mínimo infinito é o saber deste momento incerto
onde nenhuma palavra traduz
a intensidade do instante
contra toda forma de eternidade.

O tempo  do mundo não é o tempo que me sonho vivo.
É o tempo da miséria dos séculos,
do inconcluso,
das destruições que regem
o futuro de Gaia
e a morte do homem

 



quinta-feira, 19 de maio de 2022

VIDA ENÍGMA

A vida não cabe no desejo,
no corpo, na verdade,
na fé, no progresso,
no silêncio,  no tormento,
no amor, no medo, nos livros,
no poder ou na autoridade.
A vida é amiga do sonho
e entre dias e noites
nos ensina apenas o sono.

terça-feira, 17 de maio de 2022

MINHA SOLIDÃO

Minha solidão é um silêncioso protesto
contra a multidão, 
contra as palavras de ordem,
contra o trabalho e o controle dos corpos.

Sozinho não faço sentido.
Não sou útil, necessário, 
ou produtivo.
Sou apenas  vadio,
inclassificável.

Minha solidão tem um sabor de desconstrução e um gosto de revolução
nos não  lugares do mundo.


quarta-feira, 11 de maio de 2022

ESPÍRITO TRÁGICO

A angustia é irmã mais nova do medo,
que é filho da incerteza
e braço direito do caos,
pai de todas as verdades e quimeras.
Todos são personagens de uma tragédia grega
escrita dentro de nós.



sexta-feira, 6 de maio de 2022

PASSADO PRESENTE

Sob o olhar da lua
me perdi do tempo
sentado na frente da casa,
esperando retornar o passado,
a imaginação e a vida,
em sua forma mais crua.

Queria saber agora no corpo
o tempo que me deu forma, 
o eterno presente de infâncias
que até hoje queimam
dentro da gente.

A INCERTEZA DA VIDA

A vida despedaçada no mosaico dos dias
extrapola a consciência. 
É um mosaico católico de percepções e lembranças
consumindo a si mesmo.
É bruta experiência do corpo,
necessidade transvestida em vontade,
na ilusão do eu e do outro.
A vida é um devir de saudades
na indeterminação da existência,
o abismo da experiência de si
através  da incerteza do mundo.
A vida é tudo aquilo que nos escapa.
 

quinta-feira, 5 de maio de 2022

ESPERANDO A NOITE

Espero sempre
que a noite me cure do dia,
 do mundo, dos outros,
e de mim mesmo.

Mas nunca durmo o suficiente
para escapar da realidade,
para esquecer a rotina.

Sempre amanheço cansado
na prisão de um novo dia
esperando ansioso pelo fim de semana.
A noite está sempre pendente.