terça-feira, 27 de novembro de 2018

O OUTRO COMO UM NOVO MUNDO

Nunca nos interessamos por uma pessoa em si, mas por todas as situações , valores e questões que definem sua atmosfera pessoal. É nesse sentido que podemos dizer que o outro é como um novo mundo a ser explorado e conquistado. 

Amantes são aventureiros que se aventuram além de suas fronteiras em busca de riquezas.

segunda-feira, 26 de novembro de 2018

SOBRE CONVICÇÕES


Convicções e escolhas são resultado de perspectivas instáveis e provisórias. Nossa adesão a determinada convicção é um arrebatamento muito mais afetivo do que cognitivo e racional. Sentimento é eleição e longe de remeter a nossa afirmação como sujeitos, no sentido moderno, mais se aproxima do efeito de um contagio, algo impessoal e em relação ao qual estamos no polo passivo.

Convicções são tão levianas quanto nossas escolhas amorosas.

sábado, 24 de novembro de 2018

UM PONTO DENTRO DA ETERNIDADE

Estamos próximos do ponto no tempo em que virtualmente nos encontramos juntos.
Falta realidade ao fato.
Mas ele existe como potência.
É mais do que uma possibilidade.
É um pressentimento.
Persiste em nós como uma marca,
Quase um fato.
É algo que nos acontece
Como um pequeno ponto dentro da eternidade.

O INCOMPREENSÍVEL DAS EMOÇÕES

Não somos capazes de precisar o que sentimos em palavras sem alguma distorção. A emoção é uma experiência qualitativa que dispensa análises e explicações. Raramente conheci alguém que fosse capaz de bem conviver com suas emoções. Fossem elas de dor ou prazer. Um certo arcaísmo ou animalidade define a geografia emotiva. Por mais que a psicologia tente domestica- la com esquematismos racionais e abstratos, a emoção não se confirma a análise. Ela se afirma como experiência crua e selvagem do ser vivente. Através delas o eu e o meio se confundem no plano de um acontecimento.

quarta-feira, 21 de novembro de 2018

RELACIONAMENTOS FELINOS


Os gatos não veneram outros gatos. Podem ter um semelhante como rival ou parceiro, mas nunca como um superior, mesmo quando o respeitam pela força do medo. Seu senso de independência é mais forte do que a conveniência da sobrevivência ou o respeito. Talvez por isso suas disputas e brigas são tão intensas e violentas. 

Não agem de modo diferente com os humanos. Sempre recebemos de um gato aquilo que lhe oferecemos. Não necessariamente na mesma proporção. Gatos sabem lidar com tamanha maestria com o comércio afetivo que não precisam de algo tão limitado quanto o amor.  É justamente por isso que são ótimos companheiros. Nunca estão muito distantes, nem demasiadamente próximos. Eles nunca veneram...

terça-feira, 20 de novembro de 2018

DESCONSTRUÇÃO AFETIVA

Hoje acordei distante explorando sua ausência sem saber se um dia existimos dentro do mesmo instante. 

A realidade muitas vezes é aquilo que não percebemos, o que não acontece. 

O que nos transforma é sempre o vazio dos fatos e experiências, aquilo que não tem substância. Agora é mais do que claro tudo que nunca aconteceu entre a gente.

segunda-feira, 19 de novembro de 2018

INTIMIDADE

A intimidade atrapalha o relacionamento. Não sabemos lidar uns com os outros. Não há nada mais cansativo do que ter companhia. Intimidade é só a liberdade de perder a paciência. Não queria ser íntimo de ninguém. Nunca vale a pena.

AMOR E CUIDADO


O cuidado com o outro é o modo como aprendemos a lidar com nossos afetos. É praticamente uma prática de saúde pública. O amor é bem querer, uma espécie de atividade política. É impossível reduzi-lo a uma prática privada, mesmo quando associado à experiência da intimidade. 


Por outro lado, o amor não é amor a humanidade, não diz respeito a amar ao próximo. É , ao contrário, o egoísmo elevado ao plano do diálogo. Existir pressupõe o instinto de diálogos e encontros.

quinta-feira, 15 de novembro de 2018

A ILUDIDA

Ela gostava de cinema.
Vivia histórias de amor,
Sabia romances de folhetim.
Apostava no melhor da vida.
Queria abraçar e beijar
Até o limite da vida.
Mas os anos foram passando.
Envelheceu sozinha
E depois morreu.
Deus amores não deixaram lembranças.

IDEALISMO

Entre a saudade e o tempo tentamos inventar um futuro. Mas é sempre tarde demais. 

O passado cresceu em nosso desejo e desfez a vontade de ser e viver. Sucumbimos a um ideal de ontem para dizer o amanhã. Nos tornamos urgentes e sem tempo. Tudo em nós era desde sempre impossível.

terça-feira, 13 de novembro de 2018

AS RAZÕES DO AMOR

Se o outro me acontece como um momento de mim mesmo, é porque não me basto. É porque me faço através de diálogos. Sou consumido por uma falta, por uma urgência de ser. E tudo que me define ocorre fora de mim. 


Não posso dizer que amo, pois o amor é um apetite, uma necessidade do outro. Eu amo quando não existo, quando não me percebo em mim na experiência radical daquilo que somos.
A vida é um labirinto de encontros.

segunda-feira, 12 de novembro de 2018

CARINHO E COMPANHEIRISMO

O laço entre dois seres humanos, a sintonia criativa que une seus cotidianos em uma sintonia harmônica, não deveria ser atribuída à inspiração leviana do amor romântico. Há muito mais em jogo na combinação de duas existências. Estar em companhia um do outro, em seu sentido mais profundo, é povoar a solidão, cultivar afetos no solo fértil de nossos silêncios. Cultivar a si mesmo através do outro é nos inventar naquilo que nos transcende concretamente. Está é a melhor definição de uma experiência tão simples e preciosa como o carinho.

domingo, 11 de novembro de 2018

PEDAGOGIA DA SOLIDÃO

Dizem que a solidão vicia e se torna uma espécie de abrigo existencial. É realmente fácil desaprender o trato íntimo e cotidiano do outro. Mas não sei se isso é ruim dada às dificuldades inerentes aos ritos de convivência, aos protocolos da produção dual de subjetividade. 

Há um grande prazer em estar sozinho, em fazer apenas o que nos apetece sem qualquer concessão ou censura. Mesmo que percamos a boa medida do exercício de nós mesmos, a solidão é uma construção de autonomia. Ela nos fortalece. 

Pessoas sozinhas não são solitárias quando percebem a presença do outro que é  sua própria sombra. Estabelecem um dialogo silencioso com todas as possibilidades de si.

MEIAS VERDADES

Ela estava triste na maior parte do tempo. Mas eu só lembrava dela feliz e só cultivava nossos melhores momentos. Meu amor era seletivo, uma mentira, que eu considerava apenas uma meia verdade. Como poderia aceitar que nosso amor era a tristeza dela?

sábado, 10 de novembro de 2018

O OUTRO COMO META

Queremos sempre o desejo do outro.
Vida é para nós um estado de múltiplas relações.
O que está fora de nós é o que define o que somos.
É assim que nos fazemos humanos.
O outro é o meio e o fim de nós mesmos.

ATRAÇÃO E ERRO

Não vai dar certo.
Nunca deu certo.
Mas você não escolhe.
Ama de novo como se fosse outro.
Assim segue a vida
Perdendo-se entre um amor e um coito.
Nunca aprendendo a atração como uma ilusão.
Sempre perdendo,
Como se o erro fosse sempre a solução.

quinta-feira, 8 de novembro de 2018

A MAGIA DA MÚSICA

As paixões só são plenas através da música.
Os gestos às turvam,
Revelam o quão sombrio
É um coração empenhado.
Mas a música impõe ritmo ao corpo,
Este prisioneiro da vida,
E dançamos para adivinhar o mundo,
Para esquecer o que somos....

quarta-feira, 7 de novembro de 2018

O MÍNIMO DO AFETO

Os afetos são feitos por pequenos jeitos, através de trocas miúdas, quase silenciosas. Ele é discreto. 


O cuidado com o outro é uma arte difícil porque exige sempre e constantemente o mínimo. E como é difícil dedicar constantemente  atenção às pequenas coisas cotidianas. Eis o mais árduo e difícil dos sacrifícios.

terça-feira, 6 de novembro de 2018

ALUCINADA NOSTALGIA

Não sei o tamanho da saudade que sinto de mim mesmo. Apenas percebo  que quem sou, como todo mundo que amei, é uma  ausência que me queima, uma falta que me fere.
Explode em mim a alucinada vontade de me desfazer em passados.

Amo desesperadamente tudo aquilo que já não é.

O AMOR COMO SOLIDÃO

A solidão pode ser expressão de um amor intenso pela vida. Pois o amor é uma força, uma vocação para relações e intercâmbios entre todas as coisas. Não é um sentimento ou um instinto, mas uma condição de tudo que existe. 

Amar é ser preenchido de mundo, é ter consciência de tudo aquilo que nos cerca como parte de tudo aquilo que somos. Quanto mais povoada uma solidão, mais ela é intensamente uma genuína expressão amorosa.

AMAR É NÃO QUERER MAL

O amor não é apenas querer bem, mas primordialmente não querer mal. Crimes de amor  são prova cabal do quanto amar pode ser perverso e doentio. Pois o querer bem, por si mesmo, não exclui relações de poder é dominação. 

Não há nada de nobre no empenho de amar. O amor pode ser uma prisão ou  matriz de uma passionalidade delinquente é irresponsável nadadora de toda alteridade.

segunda-feira, 5 de novembro de 2018

O AMOR COMO UM ATO DE TRAIÇÃO

Se a intimidade define um relacionamento, o amor é justamente aquilo que nos faz fugir dele. Amamos sempre o que nos lança para fora, o que nos leva a buscar outra coisa, qualquer alternativa às concessões e tédios que definem um relacionamento. 


O amor é sempre liberdade, enquanto o casamento e seus similares, não passam de uma prisão.

O amor está sempre do lado de fora do sedentarismo afetivo. Ele é sempre testemunho de uma infidelidade à nós mesmos na afirmação irracional de um impulso de vida.

A FELICIDADE NA MEDIOCRIDADE

Sempre nos misturamos na superfície da vida. Nunca exploramos os afetos intensos combinando amor e ódio. Jamais tivemos grande importância um para o outro. E foi justamente por isso que tudo deu certo. Fomos simplesmente bons amigos compartilhando o tédio do dia a dia. Nenhuma ambição, nada de obsessão. O mundo inteiro era feito de plástico colorido. Tudo era tão descartável quando bonito. Fomos um casal inteiramente sem qualidades.