Ser afetado por alguém, lugar ou
coisa, é um estado emocional bastante diverso. Pode
ser positivo ou negativo. Mas, invariavelmente, o afeto nos coloca no polo
passivo. Mesmo quando somos afetados pelo afeto de alguém.
Definitivamente, em todas as
situações da vida, estamos sujeitos a afetos. Eles nos surpreendem em todas as
partes variando de intensidade e importância. Pode-se ser afetado por um
programa de televisão, por uma mosca ou por um crime. O café da manhã, pura e
simplesmente, já nos afeta enquanto experiência.
O que importa é como em cada um
de nós acontecem e se entrelaçam estes múltiplos afetos. Isso faz deles agentes
definidores de padrões comportamentais que norteiam nossa vida emocional.
Mas se o relacionamento direto
entre afeto e emoção é mais do que óbvio, não é fácil definir onde termina o
afeto e onde começa uma emoção. Afinal, a emoção não é apenas o efeito de uma
afetação. É o resultado de uma equação complexa que envolve representações,
objetivos e associações diversas, que definem a valoração de uma situação
concreta. Por isso as pessoas podem ser afetadas de modo bastante diferenciado
diante da experiência compartilhada de uma mesma situação.
O afeto é o encontro de um dentro
e de um fora de nós mesmos. Ele é uma coincidência objetiva entre o eu e o
mundo. Mas, ao invés de afirmar nossa subjetividade, ele afirma justamente o
oposto. O afeto funciona como um deslocamento do eu, pois pressupõe sua
captura. Ninguém pode “produzir” artificialmente um afeto por simples decisão
racional. Pode-se apenas sofre-lo.
Por isso me parece tão ridículo como
usamos a expressão “vida afetiva” para nomear nossas relações pessoais e
privadas. É como se a experiência afetiva fosse uma escolha, algo domesticável,
quando ela é exatamente o contrário de
qualquer cultivo.
Somos prisioneiros de nossas
afetações e não são raros os problemas e transtornos que as afetações nos
trazem todos os dias.

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