Fala-se aqui com máxima franqueza sobre as representações contemporâneas das paixões e emoções que definem a dimensão instintiva em suas configurações humanas, apontando para uma superação do carcomido modelo do amor romântico apostando, ao mesmo tempo, no mais profundo sentimento do outro que define os amantes.
segunda-feira, 30 de julho de 2018
quarta-feira, 25 de julho de 2018
NECESSÁRIA SOLIDÃO
Minha existência guarda muitos lugares desertos.
Neles não cabe o amor ou ego.
Neles não cabe o amor ou ego.
Há apenas uma solidão ontológica,
Um inacabamento existencial.
Grande parte de mim é feita de uma solidão essencial.
terça-feira, 24 de julho de 2018
domingo, 22 de julho de 2018
SIMPLESMENTE PREGUIÇA
Quero a vida simples e nua,
Sem tempo para pensamentos,
Planos ou resoluções.
Apenas o momento aberto
Em rasa imensidão.
Nenhuma urgência ou febre de opiniões.
Sem tempo para pensamentos,
Planos ou resoluções.
Apenas o momento aberto
Em rasa imensidão.
Nenhuma urgência ou febre de opiniões.
Sei que tudo pode ser simples e banal,
Quase infantil, como um bolo de chocolate,
Quando o prazer e a preguiça
Enfeitam a alegria de um por do sol.
Quase infantil, como um bolo de chocolate,
Quando o prazer e a preguiça
Enfeitam a alegria de um por do sol.
sábado, 21 de julho de 2018
O AMOR COMO ESTADO DE CONSCIÊNCIA
Preciso substituir a asquerosa necessidade de ser amado pelo ato de amar, de experimentar o outro, as coisas, como parte de mim mesmo através do mundo.
Preciso ser este mundo através dos tantos eus que me acordam o desejo. A indeterminação no espaço e no tempo é o próprio movimento de amar, de saber a natureza que me faz ser matéria viva, abstrata e concreta.
O amor é estar dentro das coisas através de si mesmo. É um estado de consciência.
sexta-feira, 20 de julho de 2018
O QUE É UM OUTRO INDIVÍDUO?
Não se pode
explicar o que define o modo de ser de um indivíduo. O que é sua presença, sua
atmosfera? Falo daquela soma de todos os detalhes que definem alguém. A voz, o
rosto, o tipo físico, questões, gostos... São muitas variáveis juntas. Não é possível
nem mesmo tomar isso como uma definição.
Um indivíduo é simplesmente uma presença onde não cabem rótulos ou explicações. As pessoas são como são. E o que elas são é feito de muitos detalhes.
Raramente percebemos com alguma precisão quem é aquele outro que se apresenta diante de nós. Nem mesmo sabemos quem somos e julgamos o outro a partir de nós mesmos, daquilo que de algum modo tomamos como familiar.
O preconceito e outros males sociais nasce deste narcisismo tão elementar que nos limita a percepção do outro como alguém distinto de nossas expectativas.
Um indivíduo é simplesmente uma presença onde não cabem rótulos ou explicações. As pessoas são como são. E o que elas são é feito de muitos detalhes.
Raramente percebemos com alguma precisão quem é aquele outro que se apresenta diante de nós. Nem mesmo sabemos quem somos e julgamos o outro a partir de nós mesmos, daquilo que de algum modo tomamos como familiar.
O preconceito e outros males sociais nasce deste narcisismo tão elementar que nos limita a percepção do outro como alguém distinto de nossas expectativas.
EQUILÍBRIO FELINO
Ao mesmo tempo extrovertidos
e introvertidos, gatos conseguem alcançar o perfeito equilíbrio entre
curiosidade e desconfiança. Talvez por isso tenham a fama de criaturas difíceis
de cativar.
Mas a verdade é
que não são diferentes da maioria dos humanos: Medrosos, detestam situações imprevisíveis,
gostam de estar no controle. Mesmo quando este controle não existe. De modo
geral são adaptáveis a qualquer situação, seja para o bem ou para o mal. O
comportamento de um gato é sempre reativo. Gatos não sofrem desarranjos
emocionais. Na verdade, eles detestam.
INVENTE A SI MESMO
Cada um inventa sua
própria história.
Não importa a
simpatia ou afinidade que às vezes nos aproxima.
Cada um estará
sempre preso a sua própria história.
Eu te escuto,
Você me escuta.
Depois
esquecemos
E seguimos
vazios pelos nossos próprios caminhos.
É preciso saber
o próprio destino,
Evitar afogar no
encontros
Que nos reduzem
ao coletivo.
quarta-feira, 18 de julho de 2018
MEMÓRIAS
Vivo na companhia de antigas lembranças,
Sempre passeando pelo passado,
Tentando descobrir algum resto de futuro abandonado.
Sempre passeando pelo passado,
Tentando descobrir algum resto de futuro abandonado.
Para mim os anos não passam.
A vida segue perdida no tempo
A vida segue perdida no tempo
ausente do ontem e do hoje.
Frequentam meus dias muitos fantasmas,
Muitas saudades de amor e amizade,
De partidas sem despedidas,
Muitas saudades de amor e amizade,
De partidas sem despedidas,
das quais poucos ainda lembram
e menos ainda sabem.
Tudo sempre está por acontecer
e nunca mais será....
TEMPOS BÉLICOS
Vivemos tempos
de divergências. Sejam elas afetivas, privadas, ideológicas, estéticas ou até mesmo
higiênicas. Agora, mesmo tudo que converte conduz a conflitos. Nada é mais tão
simples. Nos relacionamos sob o signo das antipatias. Mesmo os amigos mais chegados as vezes
irritam, exigem distância. Como nunca antes a solidão se tornou um refugio e uma necessidade, apesar de nossas tantas
dissociações internas.
terça-feira, 17 de julho de 2018
A AGONIA DE AMAR
O amor é sempre o que será.
Guarda uma urgência de eternidade,
Uma vontade de impossível,
Que contraria a felicidade.
Guarda uma urgência de eternidade,
Uma vontade de impossível,
Que contraria a felicidade.
O amor se alimenta do futuro,
É um vir a ser constante
Que luta inutilmente contra o tempo.
É um vir a ser constante
Que luta inutilmente contra o tempo.
Amar nos ultrapassa e nos ensina agonias.
segunda-feira, 16 de julho de 2018
quarta-feira, 11 de julho de 2018
DA AMIZADE
Como são raras as grandes amizades!
Elas dependem de uma certa indiferença à si mesmo,
De uma consideração cuidadosa do outro.
Elas dependem de uma certa indiferença à si mesmo,
De uma consideração cuidadosa do outro.
Pressupõem uma certa dependência suave,
Bem diferente de um vício.
A amizade é um modo de se acostumar a alguém,
de confundir-se com o outro na construção das diferenças.
terça-feira, 10 de julho de 2018
CONVERSA DE SURDOS
Em amistosas
conversas de surdos,
Todos falam
ninguém se escuta.
Elas ocorrem
todos os dias,
Em todos os
lugares.
Há quem diga,
Com muita
maldade,
Que elas movem o
mundo....
Eu acredito
nisso.
RELAÇÃO VIRTUAL
Não me
interpretem,
Não me
interpelem,
Não me conheçam,
Não inventem
intimidades comigo!
Não gosto de
sintonias e proximidades.
Afinal, ninguém
sabe o outro
E muito menos sobre
si mesmo.
Apenas me compreendo
em solidão,
Na precariedade
de alguns poucos diálogos,
Quero estar
sempre a margem.
Sei que sempre sou visto,
mas nunca compreendido.
segunda-feira, 9 de julho de 2018
QUASE DESEJO
Desejar o desejo
não me faz desejante.
Vale mais o
sentimento de impossível
Que se impõe a
vontade e a imaginação.
Assim, o desejo
não gera qualquer acontecimento.
Pode-se mesmo
dizê-lo interditado,
Ausente... embora
formulado.
Ainda que eu queira,
Mesmo que eu
possa,
Não é o que me
cabe,
Do que preciso
E, muito menos,
Aquilo que dá
sentido a este momento.
quinta-feira, 5 de julho de 2018
DESENCONTRO
Uma única frase
errada pôs toda conversa a perder.
De repente já não
era mais possível esconder:
Nosso diálogo era
feito de convenientes mentiras,
Descarada
vaidade e demasiada banalidade.
Era uma perda de
tempo,
Um autêntico
jogo vazio de pseudo subjetivação.
Como todo mundo,
Nada tínhamos a
dizer.
E isso era um
bom motivo para uma conversa.
quarta-feira, 4 de julho de 2018
ALGUMAS INÚTEIS PONDERAÇÕES SOBRE A DINÂMICA DOS AFETOS
Ser afetado por alguém, lugar ou
coisa, é um estado emocional bastante diverso. Pode
ser positivo ou negativo. Mas, invariavelmente, o afeto nos coloca no polo
passivo. Mesmo quando somos afetados pelo afeto de alguém.
Definitivamente, em todas as
situações da vida, estamos sujeitos a afetos. Eles nos surpreendem em todas as
partes variando de intensidade e importância. Pode-se ser afetado por um
programa de televisão, por uma mosca ou por um crime. O café da manhã, pura e
simplesmente, já nos afeta enquanto experiência.
O que importa é como em cada um
de nós acontecem e se entrelaçam estes múltiplos afetos. Isso faz deles agentes
definidores de padrões comportamentais que norteiam nossa vida emocional.
Mas se o relacionamento direto
entre afeto e emoção é mais do que óbvio, não é fácil definir onde termina o
afeto e onde começa uma emoção. Afinal, a emoção não é apenas o efeito de uma
afetação. É o resultado de uma equação complexa que envolve representações,
objetivos e associações diversas, que definem a valoração de uma situação
concreta. Por isso as pessoas podem ser afetadas de modo bastante diferenciado
diante da experiência compartilhada de uma mesma situação.
O afeto é o encontro de um dentro
e de um fora de nós mesmos. Ele é uma coincidência objetiva entre o eu e o
mundo. Mas, ao invés de afirmar nossa subjetividade, ele afirma justamente o
oposto. O afeto funciona como um deslocamento do eu, pois pressupõe sua
captura. Ninguém pode “produzir” artificialmente um afeto por simples decisão
racional. Pode-se apenas sofre-lo.
Por isso me parece tão ridículo como
usamos a expressão “vida afetiva” para nomear nossas relações pessoais e
privadas. É como se a experiência afetiva fosse uma escolha, algo domesticável,
quando ela é exatamente o contrário de
qualquer cultivo.
Somos prisioneiros de nossas
afetações e não são raros os problemas e transtornos que as afetações nos
trazem todos os dias.
terça-feira, 3 de julho de 2018
AMAR É SOFRER
Apenas aquele que sofre a existência de alguém pode falar sobre amor. Pois o amor é falta, um saber ausências.
O amante guarda uma recusa de si mesmo através da afirmação do outro como ideal de alteridade.
Insuficiente ver nisso simples idealização e projeção. Há algo de uma secreta e voluntária auto recusa no ato de amar.
Por isso o amor não realiza uma meta ou atinge um objetivo. Não há gozo que o satisfaça. Ele exige sempre o impossível.
O amor é em seu movimento sem tempo e espaço, sem alcançar realização concreta, pois vive de sua própria e infinita fome. Por isso quem ama padece.
O amor é uma doença para espíritos jovens e ingênuos. É sempre o querer do outro como auto engano.
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