quarta-feira, 29 de novembro de 2017

DERROTADOS

Nada foi como eu esperava.
Tudo deu em nada.
Mas era assim que tinha que ser.
Não havia outra conclusão possível.
No fundo eu sabia...
Você sabia...
Apenas não podíamos aceitar.
Tínhamos de tentar.

O final feliz não veio
Mas precisamos seguir em frente
Já que não tivemos ferimentos fatais.

Foi apenas mais uma derrota.
Não foi a primeira
E muito menos a última.

Vamos seguir em frente...
Não pense mais sobre isso.


MUDAR O PASSADO

Não se pode mudar o passado. Mas se tal feito fosse possível, levaria as ultimas consequências nossa vocação para o erro. Com as melhores das intenções, tentaríamos mudar as coisas até o limite da perda de sentido. Quando as coisas, seja lá em que versão delas mesmas, sempre são como são, sempre realizam nosso “destino”, nossa mais intima fatalidade biográfica existencial.


Cabe ponderar, ainda, que caso fosse possível mudar o passado, continuaria sendo impossível mudar os outros. Jamais teríamos pleno domínio dos fatos. Passaríamos uma eternidade voltando no tempo tentando arrumar tudo aquilo que não tem jeito. 

segunda-feira, 27 de novembro de 2017

BEIJO

Me envolvi tanto com aquele beijo
Que esqueci que você era parte dele,
Mesmo não se importando comigo.

Nos anulamos no encontro dos nossos lábios
Em um escandaloso ato de amor.
Ele tinha mais valor
Do que nossas próprias vidas.
Pois fomos apenas duas coisas
Dentro daquele beijo.


Sinto saudades daquele beijo...

CASAL


quinta-feira, 23 de novembro de 2017

AMOR DEMAIS

Muitas pessoas são incapazes de amar porque não controlam suas emoções. Sucumbem de tal forma a passionalidade, que o gostar delas revela-se  patológico, reduz o outro a objeto mudo de afeto, negando-o como co-sujeito de um relacionamento. A capacidade de gostar, nestes casos, torna-se um defeito, um fardo, que realiza o mais cruel narcisismo. Amor demais sempre faz mal.

sexta-feira, 17 de novembro de 2017

UM POUCO DE SOLIDÃO, POR FAVOR...

Procurava um canto
Para permanecer em paz,
Não saber dos outros
Ou sobre as confusões
Que definem o mundo.

Precisava de um pouco de paz,
De uma boa dose de solidão
E um bocado grande de silêncio.

Afinal, carregava dentro de mim
Todas as angustias e ansiedades
Desta condição abstrata e duvidosa
Que chamam de humanidade.



COMPANHIA

Gosto de tê-la por perto,
Sempre precariamente,
Distraída e vazia
Empurrando a própria vida.

Nem mesmo sei mais
Quem é você.
Já que pouco tem a dizer,
Sempre desfeita
Em seus cacos de pensamento.

Mas gosto da sua presença.
Do tempo em que nos perdemos
Mergulhados em nossos silêncios.


ROSTO BONITO

É coisa banal perder o olhar na paisagem de um rosto bonito.
Mas um rosto bonito não diz outra coisa além do superficial
de um rosto bonito,
Traduz um encanto instantâneo e inútil.

Não se pode, portanto, esperar grande coisa de um rosto bonito.
Entretanto,por outro lado,  não podemos evitar a admiração
que nos desperta um rosto bonito.

Mesmo que seja apenas uma experiência inútil,
um exercício estético e vazio de imaginação.

Mas que paradoxo é esta paisagem de carne
configurada pela ilusão de  um rosto bonito!

quinta-feira, 16 de novembro de 2017

O VAZIO DAS RECORDAÇÕES

O peso dos nossos erros
Vivem a margem das nossas culpas.
Mas graças a eles
Tudo que foi feito
Agora jaz desfeito.
As memorias dos dias felizes
Não mais existem,
Mesmo que o passado
Nunca tenha sido enterrado.
Simplesmente,
Já não somos mais os mesmos.



segunda-feira, 13 de novembro de 2017

AFETOS PERPÉTUOS

Por onde andam os afetos desfeitos? As vezes penso  se desapareceram desfeitos em equívocos ou se, simplesmente, se perderam do objeto e ainda vagam por ai em busca de passado. Nunca saberei a resposta. Tudo que sei que fatos não se apagam. Seguimos em frente acumulando silêncios que nos definem, sustentando opções, decisões e um esforço constante para cultivar afetos perpétuos.




A DECADÊNCIA DO AFETO

Nossos vínculos afetivos são insuficientes e precários. Pois não fazemos do afeto nossa prioridade. Subordinamos o querer e o gostar ao egocentrismo a ponto de lhe privar da generosidade e do auto sacrifício indispensáveis a convivência afetiva.
Amar alguém é diminuir a si mesmo é descobrir-se alienado no outro da própria vontade. Mas quem ainda é capaz de se rebaixar a este ponto?



quinta-feira, 9 de novembro de 2017

VIDA DE CASAL


É estranho como muitos casais passam ao maior parte do tempo de seu relacionamento em desentendimento. Pequenos e cotidianos confrontos definem a relação, mas nem por isso deixam de ser um casal. Pelo contrário, é justamente isso que os define como um casal. Aprendemos a naturalizar os desentendimentos. Isso tem algo de positivo na medida que nos obriga a ser menos egocêntricos. Mas, por outro lado, expõe nossa incapacidade para lidar com o outro. Torna um relacionamento um jogo, uma disputa constante e um pouco sem sentido. Simplesmente não nos relacionamos através de afinidades e cumplicidades, mas pela necessidade do outro como um apêndice de nós mesmos. As pessoas cumprem uma função em nossas vidas. Este se tornou o espírito de um relacionamento sustentável.

terça-feira, 7 de novembro de 2017

EROS E CONHECIMENTO

O desejo anseia pelo discurso tanto quanto o discurso anseia pelo desejo. Um enunciado é por isso como um beijo entre  o sentimento de uma verdade verbal e a certeza de um significado abstrato. Através dele o desejo se faz verbo revelando o conhecimento como uma espécie de afeto. Saber é um ato erótico, um ato de amor através das palavras. Ama-se aquilo que se sabe sob a forma de verdade.

DA SUPERIORIDADE DA AMIZADE EM RELAÇÃO AO AMOR

A confiança é a medida do amor. Mas nem sempre o amor é a medida da confiança. Sentimentos e emoções são medidos pela inconstância e pela incerteza. Onde há instabilidade não pode haver confiança, o que torna o amor inferior a amizade.


segunda-feira, 6 de novembro de 2017

DESPEDIDA

Sei hoje todos os seus defeitos,
Seus limites, fraquezas e carências
E não posso dizer que lhe aceito
Deste teu jeito estranho
E tão imperfeito de ser você.
Só posso dizer com certeza
Que gosto muito de mim

Para gostar de você.

domingo, 5 de novembro de 2017

O AMOR COMO COMPAIXÃO

O amor paixão contém uma boa dose de egoísmo e idealização ,  por isso está fadado a frustração. Em sua forma fecunda o amor é compaixão, é uma paixão com o outro, onde abre-se mão de si mesmo pela construção de um estar junto. Raramente o amor é vivido nesta forma, que longe de conduzir a felicidade, leva apenas a mansa agonia do estar lado a lado  através da vida. Não existe convivência que não nos tire a liberdade e o interesse próprio em alguma medida.

A SOLIDÃO DO PENSAMENTO

Pensar é uma forma de estar sozinho. É preciso estar distante dos outros e até de si mesmo para dar voz aos pensamentos. Por isso a maioria das pessoas não se entendem. Elas tropeçam no pensamento umas das outras até o limite da reflexão.

CRIE GATOS

Alguns dizem que é melhor viver um amor do que ter gatos. O que essas pessoas não percebem é que os gatos são a única opção; Posto que apenas eles são reais. O amor é uma ilusão que nos destrai enquanto não criamos gatos.

A VIDA COMO ELA É

Depois de algum tempo
Você percebe que o amor
Não passa de um problema
E que a vida não tem solução.
Então, você aprende a seguir em frente.
É assim que amadurecemos
Neste grande deserto que é o mundo.
É assim que descobrimos a vida
Na sua mais trágica simplicidade de ser.