quinta-feira, 30 de julho de 2015

PARA ALÉM DO AMOR ROMÂNTICO OU SOBRE A DIALÉTICA DO CONVÍVIO

O que há de mais perverso na fórmula do amor romântico é o fato de que amar, enquanto uma idealização e sagração da pessoa amada, é também um modo bizarro de fazê-la objeto de carências afetivas e necessidades egoístas. É como se amor amasse a si mesmo através daquele outro que lhe serve como casca. A pessoa amada, em sua mais intima realidade, não é enxergada. Pelo contrário, é desrespeitada em nome da satisfação compulsiva do desejo do outro de viver externamente seu próprio eu.

Por isso relacionamentos autênticos não se baseiam em paixões ou formas tradicionais de amor. Relacionar-se é voluntariamente aprender a lidar com o outro em sua concretude e aceitar tudo aquilo que ele tem de melhor e pior.
As formas como as pessoas amam hoje parece ignorar a básica premissa de que sentimentos são volúveis e não criam um vinculo profundo. Aliais, ao contrario do que pensam os “românticos”, um relacionamento não leva a felicidade, mas a aceitação das dificuldades, ao simples e elementar conforto de poder contar com alguém incondicionalmente através da dialética de compartilhar cotidianamente a vida.


Estar junto é muito mais do que amar ou querer, é sintonia que edifica um convívio no plano privado e através do aprendizado de uma subjetividade compartilhada nas mínimas coisas.

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