quinta-feira, 23 de julho de 2015

A MOÇA NA JANELA

A moça naquela janela parece sozinha e pensativa. No mínimo entediada, fechada em seu mundo intimo distante  milhas e milhas de imaginação  do meu.

Nossos olhos se encontraram e mediram em silencio a distancia que nos separava.

Nenhum dialogo, entretanto, me pareceu possível entre nossos mundos. Mas, mesmo que  intuitivamente, sabíamos que compartilhávamos  um mesmo sentimento triste do acontecer das coisas em volta. Ela do alto de sua janela e eu aqui de baixo perdido no caos da rua. vivemos em silencio o compartilhamento da vertigem da lucidez ululante que define as consciências mais afiadas.

Talvez tudo isso não passe de um de devaneio meu. Talvez o olhar daquela mulher debruçada e entediada em sua janela de apartamento não signifique coisa alguma e ela estivesse ali só matando o tempo sem qualquer pressentimento de mim. Como saber? Nunca se pode deduzir certezas de um golpe de olhar.

Porem, as cumplicidades mais profundas entre os seres humanos são mudas. Não frequentam palavras. Não passam de uma estranha  intuição. Por isso os relacionamentos são como um sonho breve que se apagam com o despertar do sol. 

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