quinta-feira, 30 de julho de 2015

MAIS DO QUE AMOR....

Amar não cabe em nenhuma definição de amor.
Explorar  o mundo que é outra pessoa
É tentar a dois inventar um universo
Onde todos os dias nos descobrimos,
Nos matamos, nos tornamos
E nos coisamos,
Até os limites da imaginação.
A vivencia profunda do outro
É a fronteira final
Do eu que se define

Como estar no mundo...

PARA ALÉM DO AMOR ROMÂNTICO OU SOBRE A DIALÉTICA DO CONVÍVIO

O que há de mais perverso na fórmula do amor romântico é o fato de que amar, enquanto uma idealização e sagração da pessoa amada, é também um modo bizarro de fazê-la objeto de carências afetivas e necessidades egoístas. É como se amor amasse a si mesmo através daquele outro que lhe serve como casca. A pessoa amada, em sua mais intima realidade, não é enxergada. Pelo contrário, é desrespeitada em nome da satisfação compulsiva do desejo do outro de viver externamente seu próprio eu.

Por isso relacionamentos autênticos não se baseiam em paixões ou formas tradicionais de amor. Relacionar-se é voluntariamente aprender a lidar com o outro em sua concretude e aceitar tudo aquilo que ele tem de melhor e pior.
As formas como as pessoas amam hoje parece ignorar a básica premissa de que sentimentos são volúveis e não criam um vinculo profundo. Aliais, ao contrario do que pensam os “românticos”, um relacionamento não leva a felicidade, mas a aceitação das dificuldades, ao simples e elementar conforto de poder contar com alguém incondicionalmente através da dialética de compartilhar cotidianamente a vida.


Estar junto é muito mais do que amar ou querer, é sintonia que edifica um convívio no plano privado e através do aprendizado de uma subjetividade compartilhada nas mínimas coisas.

quarta-feira, 29 de julho de 2015

PALAVRAS E BEIJOS

O que mais me espanta
Nas tuas palavras
É o quanto nossas distancias
Se redefinem em cada frase
Trocada,
O modo provisório de nossos arranjos
E rearranjos subjetivos
Enquanto, em verso e prosa,
Buscamos chegar ao ponto

De nos calar através do simples silêncio de um beijo. 

OS ABISMOS DO AMOR

Tinha duvidas sobre tuas palavras
E sentimentos.
Quanto mais nos aproximávamos
Mais distantes ficávamos
Um do outro
Como se o amor fosse
Uma espécie de abismo
Que nos desmaia a consciência.


segunda-feira, 27 de julho de 2015

VIVA DE POESIA

O prazer é um  sacrifício,
Uma ilusão pueril,
Quando nos damos conta
Do quanto nada é perfeito,
Que ninguém nos fará senhores
De um grande amor
E que a vida será apenas
Aprender a viver  com aquilo
Que se mostrou possível
Enquanto enfrentamos o passar do tempo.

Vazias são nossas escolhas
E as demandas de nosso coração carente.
Então não viva do que lhe parecer pendente
Na ingênua busca da felicidade.
Não te condene a um jogo perdido
Contra o fardo do dia a dia.
Também não se conforme.
Busque consolo apenas na poesia,

No intimo e irracional movimento de tuas entranhas.

SEPARAÇÃO


Tentava não pensar,
Não imaginar,
Não querer...
Se quer admitia a hipótese.
Não podia ser possível.
Tudo parecia tão solido,
E, de repente,
Não havia mais chão,
Não existia mais céu.
Mas como?!
Então tudo não tinha passado
De uma ilusão?!  
Pouco adianta lutar
Contra os fatos.
Estava tudo acabado.
Todo o passado jazia despedaçado
Sobre os meus pés.
Eu estava novamente só.
E você desaparecera em uma curva do futuro
Me deixando aqui tremulo

Entre as ruinas do nosso passado.

domingo, 26 de julho de 2015

RELACIONAMENTOS, ENVOLVIMENTOS E EGOÍSMO

Atualmente nos encontramos na era dos envolvimentos afetivos. Poucos ainda são capazes de realizar um relacionamento autêntico. E não me refiro a suas configurações conservadoras  relativas ao ingênuo principio irreal de um casamento eterno e construção de um lar. Pois as pessoas não precisam de um relacionamento para viver tais fantasias de amor romântico.

Relacionamento define-se para mim como a capacidade de lidar com o outro gostando de viver suas contradições, seus defeitos em um intercambio rico de experiências cotidianas. Um relacionamento é a realização a dois do egoísmo. Apenas isso. Os envolvimentos amorosos, ao contrário, é o conviver de dois egoísmos que não se realizam um através do outro.


A questão é sempre procurar entender o que estamos fazendo com nosso egoísmo através do outro.

sexta-feira, 24 de julho de 2015

RELACIONAMENTOS NÃO DEPENDEM DE AFETOS...

As pessoas são naturalmente narcisistas e estão o tempo todo em busca do afeto do outro. Pessoalmente, não vejo valor algum no afeto. Pois sua natureza é definida pelo mesmo egoísmo que configura sua busca. Relacionar-se com alguém com base na afetividade é basear o relacionamento em uma carência infantil e insaciável. Afetividades são líquidas e efêmeras. Não passam de um encantamento sempre fadado ao esgotamento.

O que nos leva a de fato ao comprometimento com o outro não é o afeto, mas o reconhecimento do seu valor pessoal, a percepção de que aquela pessoa especifica lhe diz algo sobre a sua própria vida, algo intercambiável e útil que te acrescenta ao seu intimo mundo e te faz querer e te leva a viver muito mais do que o precário da afetividade, mas a objetividade de compartilhar a realidade sem ilusões de amor.


Apenas nos relacionamos intimamente quando nos dizemos um ao outro como complexos indivíduos em uma ligação que transcende qualquer versão tosca de vinculo personificada pela idiotice do amor.

quinta-feira, 23 de julho de 2015

A MOÇA NA JANELA

A moça naquela janela parece sozinha e pensativa. No mínimo entediada, fechada em seu mundo intimo distante  milhas e milhas de imaginação  do meu.

Nossos olhos se encontraram e mediram em silencio a distancia que nos separava.

Nenhum dialogo, entretanto, me pareceu possível entre nossos mundos. Mas, mesmo que  intuitivamente, sabíamos que compartilhávamos  um mesmo sentimento triste do acontecer das coisas em volta. Ela do alto de sua janela e eu aqui de baixo perdido no caos da rua. vivemos em silencio o compartilhamento da vertigem da lucidez ululante que define as consciências mais afiadas.

Talvez tudo isso não passe de um de devaneio meu. Talvez o olhar daquela mulher debruçada e entediada em sua janela de apartamento não signifique coisa alguma e ela estivesse ali só matando o tempo sem qualquer pressentimento de mim. Como saber? Nunca se pode deduzir certezas de um golpe de olhar.

Porem, as cumplicidades mais profundas entre os seres humanos são mudas. Não frequentam palavras. Não passam de uma estranha  intuição. Por isso os relacionamentos são como um sonho breve que se apagam com o despertar do sol. 

quarta-feira, 22 de julho de 2015

O AMOR COMO MONÓLOGO

Já vivi tantos desencontros,
Tantos silêncios dentro de abraços
Que  aprendi que o outro
Me ensina apenas monólogos
E tédios.
Muitas vezes é solitário
Estar acompanhado.
Muitas vezes não nos basta

O breve instante de um beijo. 

terça-feira, 21 de julho de 2015

NÃO ME FALEM DE AMOR

Não me falem de amor
E muito menos
Do querer banal.
Sou destes que não aceitam
Sentimentos pela metade
Ou ingenuidades do coração.
Prefiro explorar a realidade
Que duas pessoas juntas
Ainda são capazes de ser
Sem ferir o que sentem

Uma pela outra.

segunda-feira, 20 de julho de 2015

QUASE ADEUS

Sofria incertezas em silêncio .
Não sabia se teríamos um futuro
Ou se nos perderíamos definitivamente um do outro
No não lugar de um iminente passado.
Adivinhava distâncias nos teus olhos.
Sabia que já  não caminhávamos juntos.
Éramos, agora, entre  distancias e abismos.
Mas não tínhamos pressa na despedida.


terça-feira, 14 de julho de 2015

QUASE INDIFERENÇA

Entre o amor e a indiferença
Existe  meu coração,
desconfiado e ateu
perante os absurdos do teu desejo.
Nenhuma palavra traduz
O vazio do teu incerto querer,
Do teu precário ficar
Ao meu lado,
Com o olhar afastado
Buscando horizontes
Do outro lado da rua e do mundo.
Odeio  tua ambiguidade,
Teus caprichos e vaidades.
Meu coração te estranha

Na agonia de cada beijo.

sexta-feira, 10 de julho de 2015

A INCONSCIÊNCIA DOS SENTIMENTOS

Sei que meus atos me afastam dos fatos,
Que minha memória
Não diz tudo aquilo que foi.
Que sou parcial, limitado
E um pouco passional,
Quando assunto são
As lembranças da infância,
Dos amores quebrados
E dos futuros que me escaparam
Em um segundo de incompreensão.
Sei que outro sempre me oi um estranho,
Que quase não sei o que faço
E muito menos domino tudo aquilo
Que não percebo que sinto.


quarta-feira, 8 de julho de 2015

SOBRE A DECADÊNCIA DOS RELACIONAMENTOS

Relacionamentos encontram-se hoje em dia presos a tantas falsas definições e fórmulas opacas, a tanta imaturidade e demência emocional, que o quanto mais o buscado menos o encontramos em nossos desertos cotidianos. As pessoas andam cada vez menos dispostas ou capazes de se relacionarem verdadeiramente. Considero isso uma falência da cultura em que vivemos tanto em suas  formatações conservadoras quando supostamente progressistas ou “liberais”.

O vinculo entre os seres humanos anda cada vez mais fluido, incerto e instantâneo.  E não proponho nenhuma volta a ideia abstrata e totalitária de “comunidade” ou “sociedade”.  A verdadeira questão para mim é a incapacidade dos indivíduos de suportar e lidar com um mundo onde sua própria individualidade  acontece em estado crepuscular, onde somos julgados e aceitos por nossa maior ou menor adequação “ aquilo que todo mundo sabe ou pensa viver” no lugar de uma vida autêntica e plena de significações subjetivas.

Infelizmente, quanto mais secularizadas as crenças religiosas, mais o profano foi contaminado pelo veneno mortal de uma codificação  sagrada do próprio secular.



Tal  diagnóstico nos ajuda a compreender a falência da compreensão mutua das consciências atomizadas na contemporaneidade.

A DECADÊNCIA DO AMOR

As pessoas já não se importam muito com o amor.

Na melhor das hipóteses ele se tornou uma questão secundaria destinada a ingênuos e sonhadores.
A maioria das pessoas não se importa com nada, não se dão o respeito e nem tem respeito uma com as outras.

Há tantos crimes de amor povoando as páginas policiais, justamente porque as pessoas já não sabem lidas com suas afetividades, com seus egoísmos e, muito menos, gostar de alguém.

Sim. O amor continua na ordem do dia. Mas como caricatura de si mesmo. Como uma recusa e uma necessidade.

Falou-se e mitificou-se tanto o amor ao longo dos últimos séculos que a maioria já não saber o que amar alguém significa.
Pode-se dizer que a religião perverteu o amor na medida em que lhe interpretou de modo etéreo e sem sensualidade.

O amor e o gozo são as únicas coisa que ainda justifica uma existência.


terça-feira, 7 de julho de 2015

SINGULARIDADE

Estar junto não significa que nos encontramos,
Não define o que somos um para o outro
E nem define o que sentimos
No quarto vazio e escuro.
Amar não é estar junto.
É muito mais do que essa merda toda
Que te ensinaram sobre amar.
A melhor definição de amor
É aquilo que não se explica
Na diferença que alguém  pode fazer
No caos cotidiano da simplicidade

De nossa mínima vida.

LIMITES DO CORAÇÃO

Incertos são os afetos
No jogo afetivo
Dos nossos desejos.
Queremos como quem nega
A própria vontade
E esvazia o dia
No anseio da noite.
Já não há emoção no beijo.
Já não há certezas no coração.
Estamos todos vazios

E despidos um do outro.

segunda-feira, 6 de julho de 2015

A DIALÉTICA DO AMOR

Amamos pela necessidade de sermos amados,
Mas nunca nos desarmamos,
Mantemos o ego no meio do caminho
Entre o eu e o outro.
Daí o desamor que funda
Contraditoriamente
Todo ato de amor.
Amando somos distancia,
Movimento confuso
De uma afetividade a outra
Que nunca se casam,
Nunca se completam
Ou sossegam.
Amar é uma forma de agonia.

Poucos suportam.

POR UMA NOITE

Antes que o dia amanheça,
Que você me esqueça
E se quebre o encanto
Desta madrugada,
Quero viver todas as consequências
Deste encontro.
Não me importa o futuro
Que jamais teremos.
Todos, afinal, estão condenados
Ao trágico da separação.
Viveremos uma vida inteira hoje.

Não precisamos de nenhum amanhã.

domingo, 5 de julho de 2015

A DECADÊNCIA DO BEIJO

Hoje em dia
Um beijo
Diz apenas egoísmo e desejo,
Não é um ato de emoção e encontro,
Não guarda qualquer encanto.
É banal e medíocre fato
Entre duas pessoas
Perdidas de si.
Beijar tornou-se um ato mecânico,
Coisa de bestializados.


sábado, 4 de julho de 2015

CARÊNCIA

Quando estou sozinho
Me angustia a paz das inércias
De mim mesmo,
A possibilidade de viver
Unicamente
De minhas próprias vontades,
Sem me desentender
Com quem quer que seja
Que poderia estar ao meu lado.
Somos carentes de abraços,
De beijos e afagos.
Nossos egos precisam do outro

Como se fossem espelhos.

quarta-feira, 1 de julho de 2015

PORQUE NÃO FALO DE AMOR

Não esperem de mim doces palavras de amor.
Pois amor cabe nos versos
Na exata medida em que  se desentende com a vida.
Portanto, nada tenho a dizer sobre o amor.
Ele apenas se vive
Ou não se vive,
Apenas acaba  e deságua em outro,
Sem explicações ou sentidos
Que realmente nos convençam

De que há  qualquer grandeza no amor.  

MEU SILÊNCIO

Não me falem de amor.
Tenho outra resposta a dar
As minhas carências,
As minhas dores
E vontades urgentes
De diálogos e liberdade.
Meu caminho é o silêncio.
Estou aprendendo
A não me queixar dos vazios
Que me agitam o peito.
Talvez algum dia
Consiga,
Até mesmo,

Me livrar de mim mesmo.