Nada do que eu dizia podia
acorda-la do sonho delirante de si mesma. Por outro lado, eu também não ouvia
nada daquilo do que ela dizia. Não dava atenção as suas questões e dilemas.
Vivíamos sob o mesmo teto, mas em mundos diferentes. Ela era toda argumentos e
eu apenas indiferença.
Estávamos juntos ha tanto tempo que
já não sabíamos mais nada um do outro.
Mas a verdade é que éramos do tipo que não sabia nada sobre a delicada
arte da convivência. Estávamos mais preocupados em viver nossas vidas do que
cuidar um do outro. Muito atentos aos defeitos, aos erros, as fraquezas e
pequenas falhas que trocávamos diariamente.
Descobrimos juntos, mas cada um
do seu próprio modo, que um relacionamento, não arranca a solidão de dentro da
gente. Estávamos condenados a ser solitários e, no fundo, sabíamos disso. Só
tentamos lutar contra o trágico e tropeçamos em nossas malditas sombras. Não
foi a primeira vez.

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