domingo, 29 de março de 2015

TODO AMOR É SÁDICO

A bondade não passa de uma ilusão cretina,
Um modo de esconder de baixo do tapete
Da  boa moral
O quanto somos
Quase o tempo todo
O inferno
Uns para os outros.

Aquilo que chamam de amor
Não passa
Da animalesca
Necessidade do outro
Como objeto
De sua própria dor,
Do prazer de se fazer livre
Através daquele que se torna escravo

Do teu querer.

quinta-feira, 26 de março de 2015

PASSIONALIDADE E AFETIVIDADE

Há mais amor nas páginas policiais do que no volúvel coração dos enamorados.

Pouco significa, afinal, o ato de um beijo, um carinho trocado no efêmero da economia dos afetos compartilhados.

Quanto mais intimidade, maior se torna a distância entre duas vidas que ingenuamente se pretendem unidas em um só destino.

Somos todos solitários, precários exercícios de singularidade humana, buscando inutilmente abrigo no afeto do outro. Mas sempre falhamos e nos desencontramos pela singularidade de nossas ansiedades e inaptidão para o dialogo. Poucos  lidam com sua passionalidade de modo satisfatório ao ponto de estabelecer relacionamentos duradouros. 

SOBRE AMOR, EGOISMO E SOLIDÃO

Tudo que digo é que o amor esta longe de ser uma virtude.
Trata-se apenas da necessidade e uso do outro para realização do nosso máximo egoísmo.

Pois o egoísta, de forma oposta ao solitário, precisa de companhia para ser egoísta.  Por isso amamos e misturamos nossa própria vida com a de outra pessoa, até o limite dos martírios e do mais irracional companheirismo.


Os que mais amam são justamente aqueles que não suportam a si mesmos, que não aguentam o peso da solidão.  Assim sendo, costumo considerar a capacidade de amar um defeito. 

A ASTÚCIA DA SOLIDÃO

O amor foi tudo aquilo
Que não tive,
Que não sei
Ou que, simplesmente,
Fui realista demais para viver.
Nunca fui bom
Na arte de sofrer ilusões.
A felicidade nunca me enganou.
Nunca me deixei levar
Pelo querer dos outros

E pela força de minhas carências.

quarta-feira, 25 de março de 2015

DERROCADA

Não tentarei juntar os pedaços de uma vida perdida.
É inútil tentar concertar as coisas,
Esperar que tudo de certo
Conforme nossas ilusões de felicidade
Ou ideal de dias vividos.
Esta tudo arruinado e despedaçado

E só me resta o amargo caminho do conformismo.

segunda-feira, 23 de março de 2015

AMOR E BUKOWSKI

Escolher  uma mulher
É como apostar em cavalos.
Tudo é uma questão de sorte
Ou azar.
Mas você coloca todas as fichas nela.
Não por ser mais bela
Ou a mais perfeita.
Mas apenas aquela
Que pode ganhar a corrida
Contra todas as outras
E as circunstâncias da vida.
Mas na maioria das vezes
Você perde a aposta
Para outro jogador
Com mais sorte que você.


domingo, 22 de março de 2015

AMOR E INTERESSE

Por conta da influencia da tradição judaico cristã, predominam, ainda, no imaginário ocidental certas representações toscas a respeito do amor. Geralmente ele é descrito como “uma qualidade”, como “um sentimento”  que nos conduz ao bem querer do outro de modo altruísta e desinteressado.

Na contramão dessas fantasias abstratas de inspiração metafísica, e de todas as asneiras nelas inspiradas, digo que o amor não é mais um impulso biológico para o estar-junto e o intercâmbio sexual cujas as consequências e desdobramentos pscológicos dependem das especificidades de cada cultura.


O fato é que no atual mundo ocidental o amor associa-se a bem estar pessoal. Trata-se de um jogo de interesses onde a passionalidade é apenas um detalhe.

sexta-feira, 20 de março de 2015

PARA ALÉM DA PSCANÁLISE

O apelo sexual, tão contundente no imaginário de nosso tempo, é uma das expressões mais salientes da futilidade das vontades e fantasias  pessoais que nos impõe a condição humana.

Somos feitos de desejos. A maior parte deles compulsivos e independentes de nossas opções e escolhas mais sinceras.


Inspiradas por suas vontades, as pessoas não são coerentes o tempo todo.Na maior parte do tempo comportam-se apenas como animais mansos e irracionais. Mas podem sob determinadas circunstâncias revelar o mais mesquinho de sua condição humana,  cometendo os maiores absurdos visando a pura e bruta satisfação dos seus caprichos mais débeis e infantis.

quinta-feira, 19 de março de 2015

ANIMALIDADE HUMANA E DESEJO

O apelo sexual, tão contundente no imaginário de nosso tempo, é uma das expressões mais salientes da futilidade das vontades e fantasias  pessoais que nos impõe a condição humana.

Somos feitos de desejos. A maior parte deles compulsivos e independentes de nossas opções e escolhas mais sinceras.
As pessoas não são coerentes o tempo todo.


Na maior parte do tempo comportam-se apenas como animais mansos e irracionais.

DUVIDE DE SEUS SENTIMENTOS

Nunca confie em seus próprios desejos
Quando ele envolver sentimentos.
Nunca confie em si mesmo
Quando o coração
Lhe bater forte no peito.
Pois a essência da paixão
É o erro,
Assim como o segredo da felicidade
É a ilusão.


quarta-feira, 18 de março de 2015

O SOFRER DA VONTADE

Todo querer, toda vontade, é sofrimento...
Desista de todos os seus sonhos,
Pois eles se tornam pesadelos
Quando transmutados em realidade....
O ser humano é o mais cretino dos animais.

Pois julga nobre seus desejos e convicções mais cretinas.

terça-feira, 17 de março de 2015

O EU, O TU E O NADA

O amor é efêmero.
Dura apenas o tempo
De um engano.
Amamos quando negamos
A trágica solidão
Que nos impõe a existência,
Quando nos perdemos
De nós mesmos
Entre e TU e o EU,
Fartos de nossa própria face.


OS LIMITES DE TODOS OS RELACIONAMENTOS

Somos todos um tanto quanto frágeis e carentes,
A segurança e  autoconvicção que exibimos diariamente não passa de fachada.

Somos todos em alguma medida mal resolvidos. A grande maioria de modo demais da conta.
Assim é a vida. Quem diz o contrario não passa de um hipócrita convencido.

Dai nossa necessidade do outro para nos convencer de que possuímos algum valor, de que somos de algum modo importante e desempenhamos bem o “eu” que nos propomos a afirmar a ponto de sermos merecedores de amor.


Mas a grande verdade é que o outro nunca corresponde as expectativas .

segunda-feira, 16 de março de 2015

O LÍRIO E A ROSA


Estávamos ali, apenas eu e ela, naquele ponto de ônibus. Sua presença me chamou atenção desde o primeiro momento. E usava a indiscrição dos olhos para dizer sem palavras  meu interesse por aquela jovem ruiva e vestido vermelho que parecia destoar em meio aquele tumulto de rotina urbana.
Depois de uns cinco minutos inquieto decidi tentar começar uma prosa da forma mais desastrada possível. Respirei fundo e comentei meio sem jeito:
-Olha moça. Não quero ser inconveniente. Mas queria fazer um comentário sobre você.
-Como? Você falou comigo?- Retrucou a bela moça ruiva com o tom de voz irritado e me olhando desdenhosamente.
-Sim. Só queria dizer que você tem um rosto fora do comum...
- Não vejo o que meu rosto tem de  diferente. Tenho dois olhos, um nariz e uma boca como todo mundo.
- bem, acho que você tem cara de gente de antigamente.
-Você é louco?
- Não. Só estou dizendo que seu rosto me lembra as faces das pessoas naquelas fotografias antigas e em preto e branco de fins do sec. XIX. O que quero dizer é que parece que te conheço de alguma outra vida...
- não entendo o que você quer dizer com isso.
- Não precisa fazer sentido pra você. Só fiz uma observação que não passa de um devaneio doido e sem pretensões.
- Continuo sem entender.
- perdoe-me por incomoda-la. Mas posso saber seu nome?
-Porque lhe diria meu nome?
-Porque eu perguntei?
-Não vejo qualquer razão para dizer meu nome a um estranho que diz que tenho rosto de  gente velha.
- Mas não foi isso que eu disse...
-Então você nem sabe o que diz e ainda quer saber o meu nome.
-Pois bem. Posso lhe dizer o meu nome primeiro. Me chamo Lírio. Sei que não é o mais lindo dos nomes. Mas foi o que me deram. Desconheço os critérios da escolha. Os pais adotam critérios estranhos para escolher o nome dos filhos.
-Pois eu me chamo Rosa senhor Lírio. E acho que essa prosa sem sentido já foi longe demais.
-Penso o contrário minha cara. Vejá só: Um Lírio e uma Rosa se conhecendo em um ponto de ônibus nessa tarde linda de outono! Que mágica coincidência! O acaso conspira a nosso favor.
-Você está delirando. Isso não tem nenhum significado!
- Talvez me conhecendo melhor você posa mudar de idéia.
-Pois acho que não vale a pena o trabalho.Putz. Essa porra de ônibus que não chega!!!
-Bem vejo que meus argumentos não lhe agradam. Mas se você me der  oportunidade  lhe provar o contrário...
- Quer saber de uma coisa?!  Talvez você esteja certo quanto às coincidências aqui. Além me chamar Rosa tenho uma namorada e o nome dela é Margarida.
- Mas isso seria mais coincidência do que a necessária! Você deve estar mentindo apenas para se livrar da minha prosa.
-Você acha mesmo tão impossível assim eu ter uma namorada? Pois é a mais pura verdade. Aliais, estou indo agora me encontrar com ela..
-Tudo bem. Verdade ou não isso não muda nada. Continuo achando você muito interessante e teu rosto mágico e cativante.
Neste momento da conversa o ônibus esperado por Rosa finalmente dobrou a esquina. Ela estendeu o braço solicitando a parada do coletivo e depois foi embora sem mesmo me dizer um adeus. Assim terminou nosso flerte... Mas apesar do malogro deste dialogo, o rosto dela ficou registrado em minhas retinas. Realmente acredito que o meu fascineo pelo rosto de Rosa era expressão de qualquer expressão da sutil magia do encontro e do encantamento que podem dar sabor a vida. Eu realmente penso que ela acordava alguma coisa profunda dentro de mim que não sei explicar.
Para ela isso não passa de uma fantasia pueril e absurda. Mas acho que a própria vida é ilegível e feita de absurdos. O desafio é fazer com que eles aconteçam na maioria das vezes ao nosso favor. O que não é nada fácil. Quase o tempo todo alguma coisa vai dando errado e a gente só percebe quando já é tarde demais.
A realidade é apenas aquilo que a gente sente na cabeça da gente e cada um vive da sua própria realidade. Por isso nos desencontramos tanto uns dos outros. Como Rosa, a maioria das pessoas está pouco desposta a saber ou entender a realidade do outro...
Queria saber se ao menos ela entende a realidade de Margarida.
Deixa pra lá... O que eu quero mesmo é saber destas flores murchas neste meu jardim que já virou um desolado deserto.



domingo, 15 de março de 2015

DESVENTURAS AMOROSAS

Tenho pena daqueles que, contrariando todas as evidências, julgam possível o amor em suas vidas.
Amar é uma ilusão lamentável, pois pressupõe uma falsa coincidência entre a própria vontade e a vontade do outro. Mas os indivíduos se orientam sempre pelo seu egoísmo. Nunca consideram seriamente as necessidades de seus interlocutores.
O palavrório amoroso é sempre unilateral  e  vaidoso.

Amar, afinal, é querer atenção, ter o outro em um sentido pleno no roubar um pouco de sua própria existência.

Amar, é quase um crime, uma violência narcisista e infantil que não nos conduz a qualquer felicidade ou alegria duradoura.

O amor é intenso e perene... Não une realmente duas pessoas em dialogo e afetividade. Pelo contrário, enamorar-se é a melhor forma de a médio prazo, se distanciar de alguém.


terça-feira, 10 de março de 2015

O ESSENCIAL DA INTIMIDADE

Raramente nos tornamos íntimos de alguém na transgressão dos jogos sociais e do exercício de nossas cotidianas personas. Normalmente esperamos que o outro nos satisfaça carências e abrande ansiedades, antes de simular trocas e preocupações dialógicas.

O egoísmo é a essência do jogo social. Só existimos como indivíduos carentes e desfeitos na busca de sua própria singularidade. Estamos sempre em construção através do inferno dos outros.



DIALÉTICA DO AFETO

Todo afeto apodrece
Um pouco
Quando contido no peito.
Pois é o ato, o contato
E o fato de algum carinho
Que lhe mantem vivo
Como uma chama
Que cresce apenas
Quando trocada

Entre duas agonias humanas.

quarta-feira, 4 de março de 2015

NÃO ESPERE NADA DE NINGUÉM

De modo geral as pessoas são confusas e mal resolvidas. Nunca conheci ninguém que lidasse bem com si mesmo. Então aprendi a esperar que elas não lidassem bem comigo. Aprendi a não esperar muito delas porque, no fundo, todo mundo tem pouco a oferecer ao outro além do inferno de suas angustias e frustrações.

O mundo é um lugar ruim e sofrer é corriqueiro quando você mantém algum mínima dignidade.

Não importa o que aconteça, você sempre vai acabar sozinho.... 

terça-feira, 3 de março de 2015

CASO DE AMOR PERDIDO

Ficou apenas a pálida imaginação
De tudo aquilo que poderia ainda ter sido,
Que poderíamos ter vivido,
Tendo por pano de fundo
O simples caos da realidade.
Nossos futuros se separaram
Prematuramente.
Ainda éramos como duas crianças
Aprendendo o presente.
Mas tínhamos emoções confusas,
Nossos olhos se debruçavam
Sobre horizontes distintos.


segunda-feira, 2 de março de 2015

O ERRO DE AMAR

Aos poucos aprendi
Que o amor
Era aceitar teus erros,
Tuas indiferenças,
Teus silêncios
Pela simples migalha de estar junto.
Percebi que amar não fazia sentido
Naquele gostar cego
Que me matava aos poucos.
O amor não passa de uma entrega vazia
Diante do equivoco
De saber e querer o outro