É demasiadamente ingênuo acreditar que nossos afetos são espontâneos e gratuitos. Trata-se exatamente do oposto. Nossas eleições afetivas estão condicionadas a uma serie de variáveis e circunstâncias objetivas.
As redes de sociabilidades nas quais nos inserimos a partir de relacionamentos construídos pela rotina do compartilhamento de um ambiente comum, seja através do trabalho, da escola, etc. estão longe de ser uma opção pessoal. Trata-se sim de um condicionamento social sujeito a uma série de protocolos impessoais....
Fala-se aqui com máxima franqueza sobre as representações contemporâneas das paixões e emoções que definem a dimensão instintiva em suas configurações humanas, apontando para uma superação do carcomido modelo do amor romântico apostando, ao mesmo tempo, no mais profundo sentimento do outro que define os amantes.
sexta-feira, 28 de março de 2014
quinta-feira, 27 de março de 2014
SEXO E CONTEMPORÂNEIDADE
O ato sexual perdeu seu vinculo com a intimidade. Tornou-se de muitas maneiras um protocolo mecânico a sombra da intensidade do desejo.
Já não a sinceridade ou franqueza no intercâmbio sexual.
Ele tronou-se tão desleal quanto a idealização amorosa.
Estamos nos tornando refens de nossas individualidades não por uma auto afirmação narcisita. Mas pela incapacidade de lidar com nossas sombras pessoais e com as contradições inerentes ao outro.
segunda-feira, 24 de março de 2014
O NOVO LUGAR DO AMOR
“O mais irritante no amor é que se trata do tipo de crime que exige um cúmplice.”
“Não podendo suportar o amor, a Igreja quis ao menos desinfetá-lo, e então fez o casamento.” Charles Baudeleire
A mitificação do amor romântico torna opaco e impreciso qualquer discurso amoroso que fuja dos lugares comuns das idealizações e fantasias fundadas na primado da eleição afetiva.
Somos volúveis em nossas fantasias de paixão e enamoramento porque elas estão pouco de acordo com a crise contemporânea das estratégias de construção das subjetividades.
Gozamos hoje de uma liberdade quase ilimitada no que tange as escolhas individuais e a definição de nossos projetos de vida desde que o matrimônio deixou de ser um “destino natural”. Nossa afetividade é agora o que define as prioridades e escolhas inerentes à vida privada, o que não se confunde com a dinâmica do chamado “amor líquido”. São os laços afetivos que passaram a não sofrer mais tão fortemente o peso dos protocolos do trato social, intensificando nossa passionalidade.
O fato é que a sexualidade continua sendo o grande referencial de nossos relacionamentos íntimos. Isso em um contexto em que a realização pessoal através da plenitude da vida conjugal já não é uma prioridade para a maioria das pessoas. Sucesso profissional, autonomia pessoal e “narcisistas” falam mais alto do que o intercambio amoroso quando o assunto é a busca de uma vida significativa.
Isso tudo apenas significa que o lugar do amor em nossas vidas já não é mais o mesmo que ocupava até a primeira metade do século passado. Há uma urgência em sua redefinição frente a estes tempos de pós orgia nos quais a velha bandeira da “liberdade sexual” tornou-se paradoxalmente tão conservadora quanto aos ingênuos e pueris caminhos de um celibato provisório ou amor comedido inspirado pelo desbotado mito do amor romântico e seu idealismo eletivo.
“Não podendo suportar o amor, a Igreja quis ao menos desinfetá-lo, e então fez o casamento.” Charles Baudeleire
A mitificação do amor romântico torna opaco e impreciso qualquer discurso amoroso que fuja dos lugares comuns das idealizações e fantasias fundadas na primado da eleição afetiva.
Somos volúveis em nossas fantasias de paixão e enamoramento porque elas estão pouco de acordo com a crise contemporânea das estratégias de construção das subjetividades.
Gozamos hoje de uma liberdade quase ilimitada no que tange as escolhas individuais e a definição de nossos projetos de vida desde que o matrimônio deixou de ser um “destino natural”. Nossa afetividade é agora o que define as prioridades e escolhas inerentes à vida privada, o que não se confunde com a dinâmica do chamado “amor líquido”. São os laços afetivos que passaram a não sofrer mais tão fortemente o peso dos protocolos do trato social, intensificando nossa passionalidade.
O fato é que a sexualidade continua sendo o grande referencial de nossos relacionamentos íntimos. Isso em um contexto em que a realização pessoal através da plenitude da vida conjugal já não é uma prioridade para a maioria das pessoas. Sucesso profissional, autonomia pessoal e “narcisistas” falam mais alto do que o intercambio amoroso quando o assunto é a busca de uma vida significativa.
Isso tudo apenas significa que o lugar do amor em nossas vidas já não é mais o mesmo que ocupava até a primeira metade do século passado. Há uma urgência em sua redefinição frente a estes tempos de pós orgia nos quais a velha bandeira da “liberdade sexual” tornou-se paradoxalmente tão conservadora quanto aos ingênuos e pueris caminhos de um celibato provisório ou amor comedido inspirado pelo desbotado mito do amor romântico e seu idealismo eletivo.
sábado, 22 de março de 2014
MEU EU NOS OUTROS
Sou pouco em mim mesmo,
sou todo saber dos outros.
Eu só me aconteço
em minhas perdas.
Minha vida é feita de encontros,
de pessoas perdidas na memória,
afetos, amores,
prazeres e dores.
Sem me saber
feliz ou triste,
sigo sozinho
colecionando perdas
quinta-feira, 20 de março de 2014
DEFEITO
Quando tudo
Se torna um erro
Ou defeito,
Não resta ao peito
Outro efeito
Que não seja
O da dor
Que lembra
Que no mundo
Nada é perfeito.
Se torna um erro
Ou defeito,
Não resta ao peito
Outro efeito
Que não seja
O da dor
Que lembra
Que no mundo
Nada é perfeito.
QUASE AMOR...
Nossos pálidos afetos
Não valem um futuro,
Não cabem no intervalo
Entre um beijo e outro.
Não suportamos
Os silêncios e distâncias
Que sustentam o vínculo
Entre aqueles se amam.
Somos fracos de sentimentos.
Não valem um futuro,
Não cabem no intervalo
Entre um beijo e outro.
Não suportamos
Os silêncios e distâncias
Que sustentam o vínculo
Entre aqueles se amam.
Somos fracos de sentimentos.
segunda-feira, 17 de março de 2014
A FELICIDADE DOS SOLITÁRIOS
Não me iludo com palavras e sonhos
diante das contradições
dos atos humanos.
Sei a ambiguidade das paixões,
os EUs desfeitos pela
simples ambição
de afirmar a si mesmo
no falso diálogo de um beijo.
Todos vivemos do egoísmo
de nossas imaginações.
Estar só, bem sei,
é estar preenchido
de si mesmo...
diante das contradições
dos atos humanos.
Sei a ambiguidade das paixões,
os EUs desfeitos pela
simples ambição
de afirmar a si mesmo
no falso diálogo de um beijo.
Todos vivemos do egoísmo
de nossas imaginações.
Estar só, bem sei,
é estar preenchido
de si mesmo...
terça-feira, 11 de março de 2014
ÚLTIMO DESENCONTRO
Esperava encontrá-la
Depois do acaso,
Naquele ponto abstrato
De ônibus
Onde todos estão de partida
Para lugar nenhum.
Esperava mais uma vez
Viver seus hiatos e indecisões.
Ou simplesmente escrever
Um adeus em teus lábios
Para coroar o silêncio
De uma vida inteira
Depois do acaso,
Naquele ponto abstrato
De ônibus
Onde todos estão de partida
Para lugar nenhum.
Esperava mais uma vez
Viver seus hiatos e indecisões.
Ou simplesmente escrever
Um adeus em teus lábios
Para coroar o silêncio
De uma vida inteira
A SOLIDÃO DO TEU SORRISO
Tão inútil o cotidiano...
Tão sem sentido
Teu sorriso
Dentro da tarde
Que se devora
E aflora abstrata
Em meus pensamentos.
Posso nitidamente escutar
Minhas agonias e ânsias,
Meus desesperos e desejos
Gritando em uníssono
No vácuo entre as frases
Que compartilhamos
Sem qualquer objetividade
Enquanto, simplesmente,
Ignoro teu sorriso.
Tão sem sentido
Teu sorriso
Dentro da tarde
Que se devora
E aflora abstrata
Em meus pensamentos.
Posso nitidamente escutar
Minhas agonias e ânsias,
Meus desesperos e desejos
Gritando em uníssono
No vácuo entre as frases
Que compartilhamos
Sem qualquer objetividade
Enquanto, simplesmente,
Ignoro teu sorriso.
domingo, 9 de março de 2014
PERDIDOS DO AMOR
Estávamos um do outro
ausêntes
naquele encontro casual.
Eramos mais pendências
do que sentimentos.
O cotidiano nos afrontava com o silêncio
de nossas vidas partidas
e nos engasgavamos com nossas
próprias palavras.
Como dizer um ao outro
o susto de cada dia,
o absoluto vazio?
Não dizem que a vida
é dos vencedores?
O que cabe a nós,
os vencidos?
Cada um fechado
em seu próprio grito
seguiu seu caminho
sem comunicar a dor
que deveras os unia....
quinta-feira, 6 de março de 2014
DESPEDIDA
Em qualquer tempo
De um amanhã incerto
Nos desencontraremos
De novo
As margens da eternidade.
Descobriremos
Mais uma vez
O novo
Morto sob nossos pés descalços
No lugar nenhum
De qualquer praia deserta.
Enterraremos definitivamente
Todos os nossos futuros...
De um amanhã incerto
Nos desencontraremos
De novo
As margens da eternidade.
Descobriremos
Mais uma vez
O novo
Morto sob nossos pés descalços
No lugar nenhum
De qualquer praia deserta.
Enterraremos definitivamente
Todos os nossos futuros...
A IRONIA DE AMAR
Quão estranho se fez
O amor que lhe tenho!
Quase não sei se te quero
Na ambiguidade de meus sentimentos
E afetos.
Quase não sei se te amo
No te querer longe
Quando te tenho perto.
Tudo que me define
É o indeciso vazio
Da tua abstrata ausência.
O amor que lhe tenho!
Quase não sei se te quero
Na ambiguidade de meus sentimentos
E afetos.
Quase não sei se te amo
No te querer longe
Quando te tenho perto.
Tudo que me define
É o indeciso vazio
Da tua abstrata ausência.
domingo, 2 de março de 2014
O AMOR NÃO EXISTE
O amor não existe
entre as coisas.
Não é um princípio
ou uma natureza,
mas a fantasia da consciência humana
para dizer a vontade de um beijo
nos olhos abraçados
em ilusões e sonhos.
O amor não é
um dado da realidade
e muito menos sustenta
ilusões metafísicas
enquanto concreta experiência
da imaginação febril.
entre as coisas.
Não é um princípio
ou uma natureza,
mas a fantasia da consciência humana
para dizer a vontade de um beijo
nos olhos abraçados
em ilusões e sonhos.
O amor não é
um dado da realidade
e muito menos sustenta
ilusões metafísicas
enquanto concreta experiência
da imaginação febril.
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