terça-feira, 30 de dezembro de 2014

CONVITE QUASE AMOROSO

Não falarei do amor que sinto,
Nem direi ao vento
A emoção de querer teu beijo
E saber tua vontade
Dentro da minha.

Tudo que poderia ser dito
Sobre o amor Já foi escrito
Entre exageros e equívocos.
E o que sinto por você
Não cabe em qualquer abstrata
Definição barata de amor.

Vamos, então,
Simplesmente dividir uma bebida,
Compartilhar a cama
E celebrar a vida

Na febre dos nossos corpos.

segunda-feira, 29 de dezembro de 2014

ARREPENDIMENTO

Talvez eu devesse ter vivido mais
Para  você
E menos para as coisas do dia a dia.

Eu que me importei tanto,
Que busquei tanto,
Que quis tanto,
Fui incapaz de viver
Com você
O imediatismo de nossas felicidades.

O tempo passou pela gente
Em silencio.
E já não podemos mudar o passado.


quarta-feira, 10 de dezembro de 2014

AMOR E VENTO

Não sei se o amor de hoje
É o mesmo de sempre.
Pois já mudou
Tantas vezes de objeto
Que não consigo dizer  se amo
Ou se o próprio amor ama
Através da gente.
Afinal, o que é o amor

Além de um vento?

terça-feira, 9 de dezembro de 2014

LAÇOS AFETIVOS E AUTERIDADE

Caso queira realmente compreender qualquer coisa sobre as pessoas e a vida, parta do pressuposto de que ninguém está disposto a  não perceber o outro sem lhe impor algum lugar no espelho de si mesmo;
Somos todos conservadores de alguma  absurda formula de “eu interior” qualquer.

A grande verdade é que nossa humanidade jamais deu certo e hoje precisamos queimar etapas superando todo humanismo, toda instrumentalização tosca do outro e desqualificação do inteiramente diferente.

domingo, 7 de dezembro de 2014

FILOSOFIA DO SILÊNCIO

O que eu tinha a dizer
Não precisava ser dito.
E o silêncio
Me foi imposto
Pelas circunstâncias.
Mas as palavras e as frases
Existiam dentro de mim,
Pré compostas, urgentes
E inquietas,
Diante do muro
Do incomunicável nosso

De todos os dias.

AMOR E LOUCURA

É lugar comum entre os poetas e literatos
O fato do amor gerar sofrimento.
Talvez porque o querer do outro
Seja  também uma recusa do outro
Que o amor impõe.
Quem ama é um constante descontente,
Um ser agonizante,
A querer saber infinitos
No instante de um só segundo.
O amor é a razão dos loucos,

Dos sem medidas.

sábado, 6 de dezembro de 2014

QUANDO O AMOR NÃO VALE A PENA

Não sei se o amor valeu a pena,
Se  fui feliz
Ou apenas ingênuo.
Sei apenas que amor foi efêmero
E que nenhum sonho
Fez valer
O desencanto ,
O desencontro comigo mesmo.
Mas o que importa
Isso agora?
Me dê um beijo molhado de uísque
Sem medo de acordar ao meu lado
No dia seguinte.

terça-feira, 2 de dezembro de 2014

A RAZÃO DO AMOR

A razão do amor é o vento.
Ele é banal,
Não tem segredo.
Não habita qualquer lugar.
Não mora no coração da gente.
Amar é um delírio,
Uma agonia
Que nos confunde a morte
Com a vida.
Não cabe explicar o amor.
Impor valores e significações tolas
Para iludir a crua sinceridade dos amantes.
O amor é louco e banal.
Algo que a ninguém pertence.

A razão do amor é a razão do vento.

domingo, 30 de novembro de 2014

DO PRIMEIRO AMOR

Do primeiro encanto amoroso
Não ficou lembrança.
Foi mera bobagem de criança.
Nada demais.

O amor é uma ilusão de infância,
Um prazer masoquista
Que não merece memória.

O desencanto amoroso
É mais importante

Do que o encanto de amar.

terça-feira, 25 de novembro de 2014

A AGONIA DE AMAR

Somente a sombra do sonho
Posso ainda contemplar saudoso
O sentir apertado do teu rosto,
Meu descabido  êxtase
Durante o ato do teu beijo...
Mas o amor é isso.
Apenas uma ausência
Que nos fere sem piedade
E inutilmente levamos uma vida inteira

A tentar preencher.

VIDA PRIVADA E MATURIDADE EMOCIONAL

A vida privada, tal como hoje conhecemos, é uma invenção da modernidade europeia oitocentista. A domesticação das afetividades e do “eu”  é, portanto, um evento ainda relativamente recente na longa história  da construção da subjetividade humana.

Não é, portanto, de se estranhar que contemporaneamente, de um modo ou de outro, sejamos todos um pouco imaturos em nossas trocas intersubjetivas e economia emocional. Existe um verdadeiro abismo entre nossa forma de organizar e representar  nosso mundo privado e o modo como somos formatados  por nossas necessidades e carências emocionais.


É lugar comum na cultura popular a pueril premissa de que não existem relacionamentos perfeitos. Mas a verdade por traz disso é que somos demasiadamente limitados emocionalmente, incapazes de suportar nosso próprio peso quando em relacionamentos.

segunda-feira, 24 de novembro de 2014

PALAVRAS DE AMOR

Palavras de amor
Não definem sentimentos,
Não expressam qualquer outra coisa
Além de uma auto ilusão.

Palavras de amor
Se perdem no vento.
Não deixam se quer um eco.

Ninguém sabe o quanto de sinceridade
Sustenta uma palavra de amor,
O quanto de perenidade cabe
No sentimento empenhado.


terça-feira, 18 de novembro de 2014

DIALÉTICA DO AMOR

O amor hoje sentido
Sofre em algum lugar
Fora da gente
A dor que ele mesmo inventa,
Simula e sonha,
Em busca de qualquer outra coisa
Que o transcenda
E invente

Qualquer outra versão do amor.

sexta-feira, 14 de novembro de 2014

NÃO CONFIE NO AMOR

O amor é manco e de precária saúde.
Pouco se deve ou se pode esperar dele.
Não passa de um indigente
Que a casa de todos frequenta
Como desagradável visitante.

O amor é egoísta,
Quase não sabe dos outros,
Mas frequenta a todos.
Ás vezes é feio,
Outras bonito.
, invariavelmente,
ENTRETANTO,
Mostra-se duvidoso

E dúbil.

quinta-feira, 13 de novembro de 2014

PRAGMATISMO AMOROSO

A  derradeira premissa dos encontros contemporâneos que define a gênese dos relacionamentos em nossa sociedade de simulações, é o pressuposto de que o outro, mesmo quando atraente, esconde sempre um lado sombrio, qualquer escura carência em sua existência, qualquer deficiência, que justifica a própria busca o outro.

Ou procuramos  o efêmero de um coito ou o pesadelo de um relacionamento torto que nos cale algumas fundamentais carências.


O investimento amoroso, em um ou outro caso, já não é mais um empreendimento que nos promete qualquer ilusão de felicidade.

quarta-feira, 12 de novembro de 2014

A MISÉRIA DOS SENTIMENTOS

Sexo e passionalidade caminham juntos em nossas fragilidades e mediocridade afetivas.

Afinal, nada é mais patético do que o sentir dos enamorados que, de tão preenchidos do ser amado ,pouco sabem de si mesmos.

Mas se amar escurece e as paixões nutrem erros, uma ilusão de amor vale mais do que a monotonia  dos conformados casais de família.


Independente disso, somos todos desafortunados tentando preencher o nada que aperta o peito com o vazio de  beijos  inúteis e desesperados.

terça-feira, 11 de novembro de 2014

O AMOR JAMAIS VAI CHEGAR

O amor jamais vai chegar.
Terei apenas a vida,
Beijos medíocres
E muitos silêncios para esquecer.
Talvez outro dia,
Novamente divida a miséria humana
Com aleatória e insatisfatória companhia.
Apenas para enganar a solidão
Através do desencontro de uma noite de orgia.
Talvez, até quem sabe,
Eu tenha mais imaginação,
E abrace o caminho torto
Da mais errada solidão.

O amor jamais vai chegar.

segunda-feira, 10 de novembro de 2014

NA CONTRAMÃO DA PATOLOGIA AMOROSA

A dor é uma abstração do pensamento.
Não tem espaço em qualquer realidade.
Não passa de vazio sentimento
De tudo aquilo
Que tão sentido
É ilusório e falso
Na ambiguidade das paixões
E limites de nossas imaginações de amor.


PESSOAS EM TEMPOS DE PÓS ORGIA

O  mundo não é feito de gente  clara
E de significados midiáticos e virtuais.
As pessoas são concretas e absurdas
No coração selvagem
De adivinhar horizontes
Em suas imaginações mais loucas.
Não so,os, afinal,
Feitos de vontades,
Mas de razões que nos desconhecem
Nos subterrâneos da falsa ordem
Ainda hoje estabelecida.


O AMOR E O TEMPO

O tempo entrelaça vidas,
Fatos e afetos,
Desenha memorias,
Saudades e ausências
Que o coração quase
Não aguenta.
Somos a soma dos amores
Que nos ficam
Abandonados
E esquecidos

No passar das coisas. 

terça-feira, 4 de novembro de 2014

COMPANHIA

Não quero o engano
Do amor vazio e imposto
Pela simples recusa de solidões.
Não quero apenas
Passear em teu rosto
Ou arranhar teu mundo.
Quero viver em tua vida
O inteiramente outro
Do lado avesso
De toda poesia,
Saber todas as consequências
Da tua simples companhia.


terça-feira, 28 de outubro de 2014

O JOGO DO AMOR

O amor é um jogo estranho entre fantasia e realidade, carência e afeto, limite e vontade do qual a razão, absolutamente, não faz parte.

O amor é um erro de consciência, uma força instintiva na qual nos desconhecemos em nossa passionalidade.


quinta-feira, 23 de outubro de 2014

AS BOAS ILUSÕES DO AMOR

Sei que sentimentos são estados alterados de consciência,
Uma forma estranha de saber das coisas e de alguém
Que sendo absolutamente o pouco de si mesmo
Se faz todo um mundo pra gente.
Sim. Sentimentos enganam.
Na maioria das vezes não valem a angustia
Que os alimenta.
Mas sei o quanto a verdade
Vale menos que a aventura

De um beijo.

segunda-feira, 20 de outubro de 2014

O RARO DA FELICIDADE

Poucas vezes soube eu
De algum bom carinho
Pelos caminhos aleatórios
Da vida.               
Poucas vezes
Provei de um bom beijo,
De um abraço embriagado
Pelo desejo
Ou de um querer incondicional.
Poucas vezes encontrei a tão decantada

Felicidade de viver cada dia de cada vez.

ALÉM DO AMOR

Amar é embriagar-se de sensações e sentidos
Ao ponto em que o pensamento se confunda
Com o corpo
Inspirado por uma irracional e sem nome
Necessidade do outro.

Amar não se confunde com o amor.
Amar o liberta de si mesmo
Na concretude de dois corpos

Entrelaçados pelo desejo.

quinta-feira, 16 de outubro de 2014

AMOR E A REALIDADE

Tudo começou com uma curiosidade mútua,
Como uma vontade de estar perto
Que se transformou
Em uma necessidade de estar junto.

Mas em nome de qualquer amor sonhado
Lutávamos  contra  aquele amor concreto
Que o acaso e a vida nos ofereciam.
Nunca nos abraçamos sem fantasias.


segunda-feira, 13 de outubro de 2014

DE AMOR EM AMOR

Uma vida suporta
Muitos amores.
Alguns pequenos,
Outros amarrotados
E alguns que marcam
A vida inteira.

Nenhum perfeito
Ou que nos consuma por inteiro.
O amor é objeto do próprio  amor.
Somos apenas seus

 Passageiros.

quinta-feira, 9 de outubro de 2014

SINCEROS AMANTES

Os amantes mais sinceros
Sabem que a vida
Atrapalha o sexo,
Que o convívio afasta,
Que o beijo esfria,
E que o amor dá lugar ao vazio
De duas existências desencontradas.

Os amantes mais sinceros
Abominam o amor.
Sabem apenas um do outro
Sem ilusões de felicidade.


terça-feira, 7 de outubro de 2014

A ILUSÃO DO AMOR

Não serei definido pelo que sinto,
Pelo que quero na fome sem nome
Que me leva a me sentir
Pelo avesso.

Recuso o resoluto engano
Desta ausência que me consome
Na vontade de estar ao teu lado.

Sou destes que amam com o pensamento
Antecipando o malogro
De tão intenso sentimento.

Amar não é mais que ser consumido

Pela intimidade de nossas carências.

segunda-feira, 6 de outubro de 2014

O MOMENTO DE DOIS ACASOS

Éramos apenas dois acasos
Brincando no tempo.

Não esperávamos nada
Um do outro.
Nossas vontades e sonhos
Nem  se beijavam.

Entretanto,
De tanto brincar no tempo
Nos perdemos juntos
Em um inesperado momento
De delicado sonho.

A vida inteira tornou-se o finito

Daquele momento...

sexta-feira, 3 de outubro de 2014

O EU ATRAVÉS DO OUTRO

O eu é um estado de desconhecimento.
Nos tornamos quem somos através daquilo que recebemos do outro,
Das nossas trocas afetivas e subjetivas.

Pois ninguém é em si mesmo.
E só nos sabemos em dialogo.

Somos, aliais, os vários diálogos que nos definem

Nos silêncios entre as intimidades do prazer e o gozo.

A DECADÊNCIA DA SENSUALIDADE

Hoje em dia é o fantasma do desejo que nos impulsiona a busca do gozo impossível. O prazer se tornou tão banal que já não encanta os amantes mais exigentes. Pois, efêmeros e previsíveis, encontros sexuais só alimentam o ego e pouco acrescentam as trocas subjetivas.  Cada um vê no outro a  mera projeção concreta do objeto da sua busca etérea pela realização das suas fantasias privadas de poder.

Isso é o mesmo que dizer que o sexo reduziu-se  a mais elementar expressão do egoísmo que toda cortesia mascara nos jogos amorosos.

São raros os intercâmbios sexuais. Assim como a domesticação da afetividade através do conservadorismo representa a recusa de uma sexualidade selvagem, o sexo gratuito e lúdico roubou da sexualidade sua mais intima irracionalidade.


O SEXO DEIXOU DE SER SENSUAL....

quinta-feira, 2 de outubro de 2014

AMOR PRECÁRIO

Meu amor morreu prematuro,
Nasceu franzino e incerto
No mais intenso silêncio
De um beijo podre.
Durou apenas um segundo
No vazio da tua boca,
Do teu vagabundo abraço

De rala poesia.

terça-feira, 30 de setembro de 2014

CONECTIVIDADES AFETIVAS

Atualmente os relacionamentos nascem da impulsividade, do trivial e do transitório da busca pela simples satisfação de necessidades afetivas elementares.

Mas qualquer tipo de relacionamento é ambíguo. Céu e inferno ao mesmo tempo. Na maior parte do tempo experimentamos conexões provisórias e diretas que se esgotam no prazer de um momento intenso, embora fugaz.

Mas mesmo a transitoriedade dos jogos afetivos pressupõe, em alguma medida, uma busca de segurança emocional que, mesmo não mais se desenhando como a consumação de uma predestinação ou destino, pressupõe um compartilhamento e solidariedade duradoura.

Assim, o conectar-se afetivamente a alguém reequaciona a ambiguidade dos relacionamentos definindo a incerteza como premissa de um constante jogo de desconstruções e reconstruções da afetividade e das experiências do e com o outro.


sexta-feira, 19 de setembro de 2014

O EU E O OUTRO NO DUVIDAR DE SI MESMO

Duvidar de si mesmo é uma divisa mais apropriada ao individuo contemporâneo do que a velha fórmula do “conheça a ti mesmo”. Pois somos todos em alguma medida incertos de nossa própria individualidade, de nossos desejos e vontades.
Somente através do espelho do outro nos reconhecemos...
Lembrando Baudrillard:

“Minha vida, porque se passa no outro, torna-se secreta a si mesma. Minha vontade, porque se transfere para o outro, torna-se secreta a si mesma.
Sempre há uma dúvida quanto à realidade de nosso prazer, quanto a exigência de nossa vontade. Paradoxalmente, nunca estamos seguros a respeito disso, mas parece que o prazer do outro é menos aleatório. Como estamos mais próximos do nosso prazer, estamos bem situados para dele duvidar. A proposição que pretende que cada um dê  maior crédito a suas  próprias opiniões subestima a tendência  inversa que consiste em pôr sua opinião na dependência da de outras pessoas de opiniões bem fundamentadas ( como na erótica chinesa se suspende seu próprio prazer para garantir  o do outro e dai tirar uma energia e um conhecimento aprofundado). A hipótese do Outro talvez seja apenas a consequência dessa dúvida radical quanto ao nosso desejo.”

JEAN BAUDRILLARD in  A TRANSPARÊNCIA DO MAL: ENSAIO SOBRE FENÔMENOS EXTREMOS

quinta-feira, 18 de setembro de 2014

NINGUÉM É O DESTINO DO OUTRO

Ninguém é o destino do outro. Relacionamentos nascem de nossa irracional necessidade de domesticar nosso próprio caos, de  construir nossa auto imagem através dos olhos de alguém que queira viver tudo aquilo que, por simples  questão de sobrevivência, nos esforçamos para ser.


A individuação é um ato dialógico....

A ESTRANHA DIALÉTICA DO AMOR

A afetividade é uma questão complexa.
Cada um tem um modo próprio de gostar e demandas afetivas específicas.

A ideia de uma universalidade do sentimento amoroso apenas cria a ilusão de que demandamos um modo de querer universal que só existe como abstração vazia.

Na melhor das hipóteses, pode-se  dizer que buscamos satisfazer o mesmo desejo de formas  condicionadas as configurações de nossas individuadas experiencias vividas de mundo.


Mas nosso desejo é sempre outro no mais profundo e intimo querer de quem nos deseja.

quarta-feira, 17 de setembro de 2014

CONTRA O AMOR

Não é o amor que une duas  pessoas,
Mas o sentimento que habitam uma mesma realidade,
Que ao enxergar uma a outra,
São capazes de dialogar
E compartilhar a própria vida.
O amor não é mais

Do uma idealização vazia.
Viver a dois
um ato de poesia.

terça-feira, 16 de setembro de 2014

SEPARAÇÕES E MUDANÇAS

Já não eramos os mesmos de alguns anos atrás.
Enossas novas versões se mostravam incompatíveis
Desfazendo qualquer vestígio de passado
Conjuntamente vivido em um só cotidiano.

Nos tornamos dois estranhos
Presos as inércias do ficar juntos
Quando já não mais dialogávamos

E Não habitávamos o mesmo mundo.

domingo, 14 de setembro de 2014

A UTOPIA DO AMOR

O amor que se guarda
É mais importante que o amor empenhado.
Como o beijo sonhado
É mais intenso
Que o óbvio do beijo possível.
O amor é uma fantasia
Que plenamente se realiza
No seu mais perfeito fracasso.
A realidade do amor
É sua própria desconstrução

No pretérito mais que perfeito.

SACRIFÍCIO E RELACIONAMENTOS

Relacionamentos sobrevivem de pequenos e cotidianos sacrifícios.
São feitos de mudas angustias, dúvidas e resignações.
Quase sempre não valem a rotina que sustentam.

Relacionamentos exibem  nossas limitações,
Ensinam o outro  como portavoz das necessidades
Que  nos desfazem o ego
Na agonia de certas vontades.

Relacionamentos revelam
Apenas o quanto  somos imperfeitos
E escravos de nossas carências.


sexta-feira, 12 de setembro de 2014

O INCOMUNICÁVEL DOS RELACIONAMENTOS

“Na eterna incerteza, ela de ser amada, ele de ser desejado, ela de ser reconhecida, ele de ser querido, afastaram-se um do outro com amargura.”
JEAN BAUDRILLARD in COLL MEMORIES III

A incomunicabilidade dos afétos define a economia dos relacionamentos.

Normalmente são os silêncios, o não dito de um irracional dominante, que estabelece distancias insuperáveis entre duas pessoas que desesperadamente  se buscam. 
 
As incertezas são o veneno dos relacionamentos.


quinta-feira, 11 de setembro de 2014

RAPARIGAS NO PASSEIO PÚBLICO

Quantas mulheres me prendem o olhar no passeio público!
Cada uma delas me diz uma beleza,uma história diferente, que fica ali perdida, no olhar faminto de simples imaginação.
Deixo que elas sigam seus caminhos sem interrompe-las com uma única interrogação. Pois sei que o cotidiano de viver não é simpático a surpresas.

Nenhuma delas ousaria a aventura de um passeio, abraçaria comigo o desconhecido para esquecer a mesmice e massada deste dia.


Que sigam em paz as raparigas. Prefiro aqui ficar sem companhia imaginando o dia em que qualquer uma delas simplesmente troque de lugar comigo.

terça-feira, 9 de setembro de 2014

PEQUENA DEVANEIO LÍRICO: UMA RELEITURA DO AMOR CORTES AS MARGENS DA CONTEMPORÂNEIDADE

Tudo é tão transitório e instável no acontecer de uma existência humana, que me parece inútil a doce ilusão de um amor que perdure o suficiente para edificar uma vida inteira a dois.

É pouco provável que duas pessoas, entrelaçadas em subjetivo vínculo, sejam capazes de estabelecer, ainda nos dias de hoje, laços mais forte que as dispersões e dissonâncias que nos impõem o cotidiano e o mundo.

Não importa a pré disposição e boa vontade que tenham para suportar uma a outra por tempo maior do que a  vigência da chama que provisoriamente aquece os corações que batem num só compasso.

Sentimentos não perduram, pois o amor ama demasiadamente o próprio reflexo e não se demora em qualquer peito.
Entretanto, como resistir ao embriagante perfume de um sonho?

Como não nos lançar, como felizes suicidas, nos sorridentes abismos das ilusões do enamoramento?
 
O segredo é que a “lei do amor” não passa de uma codificação linguística, de um jogo de linguagem onde a gramática que define o sentimento empenhado desencontra-se dos atores que o realizam como superficial diálogo.


segunda-feira, 8 de setembro de 2014

O BEIJO ALÉM DO DESEJO

Sei que a realidade da tua vida
Nunca caberá
No espaço finito
Da tua previsível verdade.

Sou louco,
Sou torto,
Transbordante
E anárquico.
Procuro apenas um beijo
Que me desfaça
No mais profundo dialogo
Do abraço de bocas famintas
De qualquer outra coisa

Dentro do ato de um beijo.

EM TEMPOS DE PÓS ORGIA


Baudrillard já dizia

Que vivemos tempos de “pós orgia”.

A liberdade sexual reinventou-se como uma prisão,

Como uma descontrução do outro

Através do deslocamento de nós mesmos.

O prazer pelo prazer

É uma fórmula tão ineficaz

Como a mentira de qualquer casamento.

Viver uma relação suportável

No insuportável da sociedade

Hoje é quase uma utopia.