segunda-feira, 31 de janeiro de 2022

AMOR SUBSTANTIVO

 

Não existe amor perfeito,

eterno,

binário ou não binário,

tóxico e abusivo,

ou, até mesmo, necessário.

Existe, apenas,

o amor substantivo,

sem sentido,

arbitrário,

dispensável,

subjetivo e ambíguo.


domingo, 30 de janeiro de 2022

AMOR E MORTE

O amor nos mata prematuramente.
Pois amar é sofrer
as desrazões do eu
e do outro
até os limites da existência. 

FILOSOFIA DO LUTO

A morte dos outros é um aprendizado de solidão através dos labirintos do luto.
Imanência e finitude definem esta intensa experiência de desrncanto da vida.
Nossa própria  morte é parte da morte dos outros. 

A SABEDORIA NEGATIVA DO AMOR E DA AGONIA

O amor é o que sonha,
transforma,
e nos ultrapassa,
na entropia que finda
todo universo.

O amor é uma intuição de catastrofes,
na contramão da vida e da esperança. 
.

sábado, 29 de janeiro de 2022

VÍNCULOS


Ninguém define a si mesmo. Somos definidos pelos outros.
Vínculos e laços sustentam nossa existência em seu campo relacional de experiências. O que faz do outro  a medida de nós mesmos. Perder-se é estar sozinho, mas não  nos encontramos uns nos outros, dada a má qualidade de nossos vínculos.  

terça-feira, 25 de janeiro de 2022

OBJETIVIDADE E PERDA DO MUNDO

A vida foi reduzida ao quase  viver de uma objetividade sem substância. O corpo e o sistema nervoso não conhecem mais harmonia na experiência da consciência e dos sentidos. 
Pois no congestionamento dos signos, reduzidos a um fluxo desmedido de Informações,  o mundo não é mais passível de representação. Ele foi substituído pela experiência do simulacro do seu duplo midiático, reduzido a centenas de imagens quase ilegíveis no labirinto de significações fragmentadas que desfilam pelas telas do virtual em frenétuco fluxo irracional. Desejo e consumo definem nossa precária posse do mundo vivido, nosso fragil equilibrio emocional e padrão de percepção.  O mundo e a vida, binário condicionante de nossa social condição de viventes, tornou-se fonte de angustia e opressão. Nossas subjetividades a deriva não se envolvem mais afetivamente  com a realidade, pois este é um privilégio reduzido a uma infância cada vez mais abreviada. A vida é um fardo ao qual nos confornamos na absoluta objetividade de uma realidade que não nos acolhe. Pelo contrário,  os artificialismos da vida em sociedade,  o jogo pela sobrevivência, torna a existência um campo hostil de experiências liquidas.



segunda-feira, 17 de janeiro de 2022

FOME E SEDE

Há quem não se decida
entre a fome e a sede.
Nos dois casos,
a  falta
é a plenitude da ausência.
Algo mais do que uma carência
ou necessidade.
É um não  se bastar-se,
um ser mais no mundo
do que em si mesmo.
Isso define o corpo.
E nele não há diferença 
entre a fome e a sede.
Pois o que falta
está sempre presente
como premissa de si mesmo.
como necessidade.

ENCONTROS E ESTRANHAMENTOS

As vezes é preciso abandonar-se,
 compor encontros
nos quatro cantos do quarto.
saber um outro,
através do estranhamento de si mesmo
na incerteza do tempo e do espaço.
Surpreender no familiar o desconhecido,
até que o outro
se confunda com o rosto
diante do espelho.
.

quinta-feira, 13 de janeiro de 2022

O TEMPO E A VIDA

Não julgo o tempo de uma vida pela quantidade de anos, mas pela  itensidade de alguns poucos momentos que personificaram o efêmero da eternidade, apesar do tédio das décadas.
No fundo, o que fica da gente são umas poucas lembranças que resumem nossa existência dentro dos outros. Depois, nem isso... Uma vida inteira pode caber na eternidade de um único segundo, de uma imagem, que resume o singular de uma existência. 

segunda-feira, 10 de janeiro de 2022

A INCERTEZA DO EU E DA ALMA

Dentro e fora
de mim 
sigo desfeito
sobre o efeito dos outros
e na presença dos mortos.

Existo enterrado no cadaver
da infância, 
deformado por uma persona
na irrealidade do mundo vivido.

Sei o perder do mundo
oscilando entre a percepção e a consciência das coisas
nas intensidades do corpo e de um imanente infinito impreciso
que transcende a ilusão de alma.

sábado, 8 de janeiro de 2022

AMOR NIETZSCHEANO

Quem ama a si mesmo transborda,
sabe um desejo
maior do que a vida na plenitude de ser.
Transgride todos os limites
de uma existência passiva
e vai além do humano,
do demasiadamente humano,
movido por uma paixão dionisiaca,
sem nunca superar a solidão
e o confito
 que encadeiam todas as forças de vida.


quarta-feira, 5 de janeiro de 2022

MIDIA,MERCADO E MEDIOCRIDADE

Dexei de lado o telemóvel,
a biomentira midiática 
de um mundo pré moldado
pelo espetáculo patético da vida cotidiana.

Não tenho mais opinião sobre nada,
muito menos a ilusão de amor ao próximo. 
Ninguém  será meu destino
e palavras não mudam a existência.

Desliguei a TV e fui beber,
lamentar nosso futuro coletivo, 
nossa falta de dignidade,
nossa mediocridade mais íntima e secreta
de frequentadores de supermercados.










terça-feira, 4 de janeiro de 2022

FUTURO PASSADO JUVENIL

Desencantado com o hoje
aprendi a sonhar passados futuros,
novidades de antigamente
nascidas de infâncias
enterradas no meio de mim.

domingo, 2 de janeiro de 2022

A FELICIDADE DE UM INSTANTE

Queria poder congelar o instante.
Parar a vida, a morte, 
e A eternidade,
ver teu sorriso durar para sempre
na banalidade de uma alegria gratuita.
Afinal,
quem precisa de felicidade
quando o mundo cabe
no universo de um segundo?

AFORISMO SOBRE O PARADÓXO DOS SOLITÁRIOS

Sou o único  passageiro do meu micro desastre existencial. Isso é, ao mesmo tempo, um problema e uma solução. Afinal, eu só existo onde não estou....