segunda-feira, 28 de setembro de 2020

INSPIRAÇÃO

Não  sou movido 
Pelo amor ou pela esperança.
Não  me embriago  de utopias.
Não  espero reconhecimento,
Não  busco vitórias.

Sou inspirado pela raiva
De estar vivo
E saber a ilusão de ser e existir.

Sou movido por um grito,
Preenchido por uma pluralidade de vazios,
Entre a imanência e a finitude,
Que me definem vivente e terrestre.

Luto contra toda palavra
E idéia  abstrata
Quê me impõe a ficção do humano
Contra a concretude do caos e do nada.

Tudo em mim é solidão
E pequeno viver
Em um mundo sem solução. 







quarta-feira, 23 de setembro de 2020

ANONIMATO E INVISIBILIDADE

O anonimato e a invisibidade é  um status banal da vida em sociedade.
Existimos sob o olhar do outro.
Mas somos visíveis para poucos..seja no metro, no elevador oi no trabalho, ou nas redes sociais,
Passamos a maior parte do tempo ignorando uns aos outros.
Isso é  o que torna a vida humana possível. Nenhum de nós  é  especial, como nenhuma formiga é  importante em um formigueiro. O valor e importância que atribuimos ao amor e a amizade nasce de um negacionismo de nossa insignificância.

segunda-feira, 21 de setembro de 2020

PRESENÇA

A presença é  gesto
Que se faz na voz,
No rosto, 
No olhar,
No calor do eu
Diante do outro
Na arte de ser e estar
Translucidamente em nós. 

domingo, 20 de setembro de 2020

NOTA SOBRE O LUTO

A dor não  cabe na palavra,
Muito menos na exterioridade
Dos acontecimentos.
Ela é  um outro dentro da gente,
Que nos fere como uma parte ausente
De nós mesmos.

A dor é a existência internamente 
Reduzida a falta do outro
Como exterior de si e do mundo.

NOSTALGIA

Levo dentro de mim
Tudo que perdi.
Sou feito de lembranças,
De ausências 
Que me transformam
Contra o dia.

Sou a memória viva
Do passado dos outros
Que tão  intensamente
Povoaram minha vida.

Sou a memória dos mortos,
De épocas perdidas.

O futuro, portanto, pouco me importa.
Pois pouco sei sobre minha própria vida
Na lúcida agonia de nunca mais voltar a ser
Imerso em tamanha melancolia.



sexta-feira, 18 de setembro de 2020

ESCAPISMO

Distante de si e dos outros
Abrigou- se em uma nuvem,
Trocou o céu pela terra
Em sua imaginação.
Inventou asas 
Quando lhe faltava o chão.  

segunda-feira, 14 de setembro de 2020

EXISTIR É UM LADO DE FORA

Existo em estado de total dependência do eu, dos outros e do mundo.
A existência não  cabe em mim ,
Se espalha, me dissipa entre as coisas,
Na exterioridade da consciência,
No indeterminado efeito do exterior.

quinta-feira, 10 de setembro de 2020

MORADAS AFETIVAS

 

Moro dentro dos meus outros,

daqueles que me frequentam diariamente,

que fazem de mim quem eu sou.

Moro também dentro dos meus mortos,

dos que se foram,

mas ainda me frequentam

nas horas mortas da saudade

que me rasga o futuro

e desbota o mais íntimos presente.



sexta-feira, 4 de setembro de 2020

AFETO E CETICISMO

 

Nada será como o esperado.

É inútil apostar em suas expectativas.

Seu ego não sabe da vida

e muito menos do mundo.

Não sonha,

não sinta.

Apenas viva o momento

sem pensar no futuro.


quinta-feira, 3 de setembro de 2020

PRAZER E RELACIONAMENTO

Seria adequado substituir palavras degradadas e gastas como sexo, amor e desejo, por uma palavra livre e potente como prazer, para dizer nosso íntimo viver do outro.
A maioridade do prazer de si e do outro no fundo é  a grande meta de qualquer relacionamento saudável não  premiado por uma lógica de disputa e poder.

AMIZADE

A amizade é o antitudo do amor, a melhor forma de encontro entre duas pessoas que inventam entre si o mais radical da intimidade.
Poder estar a vontade com alguém, não  ter limites, é  o que define uma grande amizade....

quarta-feira, 2 de setembro de 2020

O EU E OS OUTROS

O eu é a soma dos outros que me frequentam.
Ser  eu é  saber convívencias,
Co-existências ,
No cotidiano e lúcido  delírio 
De um mundo comum
Desfeito na multiplicidade
Da experiência da minha simples presença.

SER É NÃO SER

Ser é  não  ser.
Acontecemos através dos outros
Anoitecendo no tempo,
Existindo do lado de fora de nós mesmos,
Até o dia em que sucumbimos 
Dentro de qualquer silêncio.