“É possível, sem fazer chorar os militantes de um humanismo edificante
ou dogmático, pensar e viver o rigor doce da amizade, a lei da amizade, como
experiência de uma certa inumanidade, na separação absoluta, além ou aquém do
comercio dos deuses e dos homens? E que política poder-se-ia fundar sobre esta
amizade que ultrapassa a medida do homem sem virar um teologema?”
Jaques Derrida
A politica, enquanto arte de inventar uma esfera pública,
deveria ser definida pela amizade entre os seres humanos. Amizade não por
afinidade eletiva, ou vinculo de intimidade afetiva, mas inspirada por um
acordo irracional em torno da sobrevivência mutua. Nada parecido com o mito do
contrato social. Falo de alteridade, intersubjetividade e reconhecimento do “nos”
através do “eu”. Somos todos vizinhos neste pequeno caroço boiando no universo.
Mergulhados em devir, nos inventamos no tempo, mas tudo que temos em nossa
perene existência é a experiência obscura
um dos outros. Compartilhamos impressões e sentimentos, um modo comum de
experimentar todas as coisas. Somos todos escravos das mesmas vontades públicas.

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