segunda-feira, 28 de agosto de 2017

EXÍLIO

Estive, por certo,
Um pouco perdido,
Deveras partido,
Ou do outro lado do avesso
De mim mesmo.
Estive distante,
Destemido e errante
Por algum deserto

Que me inventou o silêncio.

segunda-feira, 21 de agosto de 2017

NOSTALGIA

Eu ainda me lembro de quando éramos vivos e fortes, de quando tudo parecia possível e a existência era agradável. Tínhamos todo o futuro diante dos olhos e acreditávamos nas coisas do mundo. Sim... tudo naquele tempo fazia sentido, era significativo e urgente.

Mas hoje nos  desencantamos com tudo, nos tornamos amargamente realistas. Tudo nos parece absurdo e sem sentido. Já não esperamos nada de nada enquanto administramos o raso da existência.

Tenho saudades daquela época em que éramos jovens e ingênuos.


BREVIÁRIO DE DECOMPOSIÇÃO ( CITAÇÃO)


sexta-feira, 18 de agosto de 2017

MARCAS

Cada pessoa  que nos foi íntima
Deixa na consciência uma marca,
Uma forma de saber dos outros
Que modifica nosso modo de sentir,
Nossa forma de nos relacionar

E, consequentemente,
viver novos relacionamentos.

segunda-feira, 14 de agosto de 2017

A LEI DO DESEJO


BEIJO


O EU E O OUTRO

Vivo na dualidade do eu e do outro.
Sou este e aquele que penso,
Me pensa e não é pensamento.
Sou duplo e obscuro
No indeterminado dos sentimentos.
Não sei se sou ou se me perco
Inconsciente de mim mesmo.
O outro é apenas  minha parte mais estranha

O AMOR NÃO TRAZ FELICIDADE

O amor não traz felicidade.
È um desencontro de si mesmo
Através do outro,
Uma carência que dói sempre
E nos leva a nós mesmos
Através do inferno

De alguém.

MARIA

Farta de todas as coisas belas e bobas,
De todas as boas fantasias
De um mundo cor de rosa,
Maria pulou no abismo da realidade,
Despiu-se de todas as suas ilusões,
Mergulhando no escuro de suas duvidas
E na falta de sentido do mundo.
Maria cresceu e desapareceu
Em palavras tristes e sem rumos.

Ninguém nunca mais soube de Maria.

UMA NOITE TRISTE

Tiveram apenas a noite de um dia triste,
Um sentimento de silêncio,
Uma quase ausência,
Onde um não sabia do outro
E os dois não sabiam do mundo.
Tudo era o luto por  uma realidade perdida.
Algo havia se quebrado
E ambos estavam partidos.

Nunca mais haveria um dia seguinte.

sexta-feira, 11 de agosto de 2017


PALAVRAS E PESSOAS

Faço todos os dias o mesmo percurso
Do eu ao outro,
Depois de volta
A mim mesmo
Sem chegar a qualquer lugar
De existência.
Entre nós existem palavras.
Elas circulam quase espontaneamente.
Dizem tudo e nada, simultaneamente.
Todos nós nos vestimos de palavras.
Tudo tem significado,

Mas nada faz sentido.

BANALIDADE

Somos todos pessoas banais,
Medianas e insípidas,
Em nossas rotinas de simples existência.
Tudo é demasiadamente cotidiano,
Maçante.
Tudo que nos acontece é enfadonho.
Por isso vamos ao cinema,
Viajamos e compramos coisas
Tentando escapar ao sentimento onipresente

De brutal insignificância.

VIDA QUE SEGUE

O amor acaba antes da vida
Ou não dura o necessário
Para nos matar de tédio.
O amor é como uma doença
Que faz do prazer um sintoma.
Mas ninguém vive o suficiente
Para morrer de amor.
O tempo passa e a vida segue

Sem beijos e sem fantasias.

O EU E O OUTRO

Vivo na dualidade do eu e do outro.
Sou este e aquele que penso,
Me pensa e não é pensamento.
Sou duplo e obscuro
No indeterminado dos sentimentos.
Não sei se sou ou se me perco
Inconsciente de mim mesmo.

O outro é apenas  minha parte mais estranha.

quarta-feira, 9 de agosto de 2017

SOBRE CONVIVÊNCIA E IMPESSOALIDADE

As pessoas são caricatas em seu modo de se apresentar ao mundo, em sua forma de vestir personas e simular ou inventar convicções enganosas e certezas ralas. São geralmente escravas de seus próprios artifícios de sociabilidade.

Somos todos personagens de nós mesmos. No fundo, ser um entre os outros é socialmente produzir a vida em atos miméticos e impessoais. O eu é o não lugar onde o mundo existe no particular de cada um de nós. Quem somos, no final das contas, faz pouca diferença.


EGOCENTRISMO E DESTINO

Chega a ser lamentável o modo como certas pessoas colocam seus apetites primários a frente de qualquer  avaliação isenta dos fatos. Tais pessoas se comportam como se o mundo girasse em volta de suas necessidades e opiniões. Julgam-se mesmo importantes, especiais. É preciso certa visão otimista da realidade para sustentar tal disparate.

Mas sempre, em algum momento, elas acabam atropeladas pelos fatos, pelo peso de sua insignificância. È quando se sentem traídas por um destino que elas mesmas construíram.


SIGA EM FRENTE

O passado não nos dá segurança,
Nem o futuro nos oferece garantias.
O tempo é o campo das incertezas,
Da instabilidade permanente de tudo que existe.
Só sabemos que nada é para sempre.
A vida é uma aventura onde nos perdemos.
Por isso é mais importante seguir sempre em frente

Sem perder os olhos na paisagem que ficou para traz.

PASSADOS PERDIDOS

Acumulamos passados demais,
Magoas demais,
Impasses demais.
Hoje se quer nos reconhecemos.
Não somos os mesmos de antigamente.
Chego mesmo a duvidar se nosso ontem existiu.
Ele parece hoje um sonho distante.
Mas tudo passa nessa vida
E nós passamos,
Nos conhecemos o suficiente

Para esquecer um do outro.

O DESAFIO DE UM RELACIONAMENTO

Algumas pessoas confundem auto estima com narcisismo. São demasiadamente inseguras e carentes e acabam lidando com isso afirmando uma independência que não possuem. No fundo trata-se  de certa imaturidade emocional misturada com um pouco de insegurança e carência  afetiva. No contexto de um relacionamento, tal tipo de pessoa gosta de estar no controle. Mas ao querer ditar as regras da relação acaba por inviabiliza-la. Nenhum relacionamento vive  de negociações  e impasses constantes. É preciso que haja cumplicidade e uma sintonia muda  entre as partes. Não é preciso romantismo quando duas pessoas estão realmente envolvidas. Elas apenas sabem que podem contar uma com a outra no simples fluir cotidiano da vida.


Quando nos envolvemos seriamente com alguém no plano afetivo, a primeira coisa a se considerar é se a pessoa objeto do nosso afeto é capaz de lidar com isso. Ou seja,se é capaz de certo desprendimento emocional e pratica de alteridade. Pois sem alteridade nenhum relacionamento é autentico ou fecundo.