terça-feira, 31 de maio de 2016

AMOR INÚTIL

Na maior parte das vezes não duvido do que você diz, mas daquilo que você pensa sentir por mim enquanto reduz a rotina do afeto a um protocolo vazio  e artificial onde qualquer sentimento parece artificial e paradoxalmente distante.

O amor que percebo em você não me diz muita coisa. Prefiro um afago de boa solidão.



quinta-feira, 26 de maio de 2016

ARTIFICIALISMO

O gostar não define a vontade,
o desejo e  a necessidade,
de estar em consciência de si
e liberdade do corpo.
Existimos provisoriamente
através da vontade
que nos limita
na definição das coisas
que se transformam em necessidade.
No fundo tudo é virtual,
desnecessário e
 acessório 
nas representações do viver.

quarta-feira, 25 de maio de 2016

HERMENÊUTICA NEGATIVA

Não sou senhor de minhas palavras.
Sei que o que digo encontra outro sentido
Em quem  me escuta dizer tal coisa.
Minhas palavras reinventadas em seu sentimento de mundo
Me transformam,
Conduzem meu próprio dizer além de mim mesmo.
Nunca saberei de que forma, afinal, você me escuta,

Nem mesmo sei o que de fato foi dito. 

AMOR IMPERFEITO

Em que pese o vazio no peito
Estes olhos indecisos e pensamentos soltos,
Você ainda vive em meu mundo,
Louca e sorridente
Encenando sua intima tragédia.
Não mais te conheço
Mas vivo do nosso passado
E a sombra da sua loucura.
Desde o inicio sabíamos

Que não havíamos nascido um para o outro.

terça-feira, 24 de maio de 2016

O EU E OS OUTROS

O mundo é feito daqueles que vivemos.
Não é nada além disso.
O resto não passa de abstração.

A vida esta nos outros,
Em cada um de nós,
Enquanto tropeçamos em nossos eus
Famintos e perdidos.

Viva cada encontro como se fosse
O último.
O mundo sempre acaba no final.



segunda-feira, 23 de maio de 2016

ROTINA AFETIVA

Não há nada de nobre em gostar de alguém,
Apenas rito,  rotina e tédio.
Gostar é isso...
Monotonia e negociação constante
De um cotidiano vazio.

Hoje aquilo,
Amanhã não sei.
Talvez um silêncio
Depois de um encontro,
Da obrigação de estar juntos

Contra todas as inercias do mundo.

A vida segue e a gente não sabe
enterrado no outro
como um cadaver.

quarta-feira, 18 de maio de 2016

SOBRE O JOGO SOCIAL

Não quero corresponder ás expectativas de ninguém.
Também não espero grande coisa dos outros.
O trato social não passa de um grande teatro
Onde nos ajustamos ao jogo,
Ao artificialismo de todo intercambio subjetivo.
Não importa o que você diga,
Oque você sinta.
Suas escolhas já estão dadas.
Todos seguem na mesma direção.
Não faz diferença seu rosto,
Siga as tendências,
Tenha filhos,
Perpetue tudo isso.


terça-feira, 17 de maio de 2016

O DIZER DAS COISAS

A tristeza é essencialmente  um dizer das coisas,
O que permite que uma palavra
Seja mais triste do que qualquer pessoa.
Diria mesmo,
Que o sentir esta nas palavras
E não cabe no rosto.
Apenas sabemos o que sentimos
Quando o sentimento é dito,
Quando ganha corpo e forma
Através de uma frase
Ou de um verso.
Tristeza é apenas um modo

De dizer as coisas.

segunda-feira, 16 de maio de 2016

A FESTA DOS DESCONHECIDOS

Nunca viveremos dias perfeitos.
Apenas alguns mais suportáveis
Do que a maioria.
Conseguir isso ja  é  uma vitoria .
Hoje vamos esquecer um pouco o juízo,
Sermos dois estranhos um para o outro.
Desenterrar velhas fantasias.
Não  tenha medo .
No fundo nunca passamos
De dois estranhos um para o outro
.

GRAMÁTICA SENTIMENTAL

Entre nós a vida se reinventa como um novo texto,
Como dialogo e busca de proximidade,
De subjetividade e vontade de acontecer
Em uma só voz e princípio.
Mas muitos silêncios crescem
Nas lacunas do discursos que somos nós.
Quase não nos escutamos
Imersos na polifonia de nossos eus
Desencontrados em trajetórias conflitantes.
Para onde vamos e onde somos

Na palavra que nos consome.

sexta-feira, 13 de maio de 2016

A INDIVIDUALIDADE COMO META

O cultivo da própria individualidade não é sinônimo de “egoísmo”, pelo menos não nos termos propostos pelos defensores de praticas associativas e coletivistas que sustentam a adequação dos indivíduos a ideias supostamente altruístas e abstratos.

Primeiramente, todo ser humano persegue o próprio bem estar e é isso que justifica sua interação com os outros. Precisamos de pares para alcançar nossa mais elementar satisfação pessoal. Seja biológica,  social ou afetivamente.

Mas isso não nos leva, de forma alguma, a abdicar de nossas carências. E mais eficaz seremos no trato com os outros quanto mais autonomia individual  conseguirmos alcançar. Assim sendo, é simplista dizer que indivíduos que vivem em função de alguma causa coletiva ou convictos da validade de  algum abstrato ideal de sociedade, são mais “nobres” ou “corretos” do que aqueles que admitem que existem simplesmente para satisfazer a si mesmo,  reduzindo sua práxis ao simples ideal de sobrevivência e conforto pessoal.

Considerando que as motivações das ações humanas são complexas e que não se deve nunca julgar alguém por aquilo em que acredita, o individualista tem a vantagem de partir da mais sincera e franca dentre todas as premissas: Instintivamente ele  busca sobreviver e tudo que faz é orientado para essa simples demanda existencial.

É saudável dedicar-se a própria individualidade como medida de todas as coisas.


terça-feira, 10 de maio de 2016

EM PLENA AGONIA

Vamos nos encontrar qualquer dia.
Compartilhar a vida morna,
Algumas incertezas e alegrias .
A vida dura tão  pouco
Que de antemão  JÁ somos
Apenas a lembrança  um do outro.
Já  não  somos jovens.
Conhecemos a vida e seus desencantos.
Não  sofreremos tanto.
Vamos sentar a beira do abismo
E contemplar o infinito.
Vamos ser apenas dois seres
Em plena agonia.

segunda-feira, 9 de maio de 2016

O AMOR É UM INFERNO


O cuidar um do outro não  é  uma questão  de amor.  Mas de simples sobrevivência.  Gostar é  um instinto cujo as configurações  culturais não  nos permite levar naturalmente  as últimas consequências.Por isso não  sabemos gostar.  Amar não  é  ter alguém,  nem ama-lo como si mesmo. Isso não  passa de uma abstração  pueril e metafísica. 

Cuidar um do outro é  ser capaz de aceitar o estranho sacrifício  que é  repartir  o cotidiano com alguém. Não  importa as configurações  afetivas envolvidas. Amar é  um inferno.  Aceitar isso um amargo desafio. Pois não  nos conduz a felicidade. Muitas vezes apostar no amor não  é  a melhor opção .

ENCANTAMENTO E ILUSÃO

Distraído de mim mesmo
Olhei para você um dia
E vi alguém que não conhecia.
Era como se você se fizesse outra,
Como se todos aqueles anos
Tivessem sido um engano.
Nos conhecíamos de novo
E  a vida seria
Tudo aquilo que fosse
A partir de agora.
Mas é claro,
Eu subestimava a mim mesmo
E contava também

Com a possibilidade do seu auto engano.

sábado, 7 de maio de 2016

RELACIONAMENTOS E SOLIDÃO

 A gente amadurece na medida em que se da conta do quanto um pouco de solidão  é  essencial ao mero se fazer de nossa existência individual. Em alguma medida temos necessidade de estar sozinhos e afrouxar  os vínculos sociais e afetivos. Carregamos alguns questionamentos pessoais que só  podem ser trabalhados e respondidos em condição  de isolamento e diferenciação.  Precisamos de relacionamentos para sobreviver e afirmar a nós  mesmos. Mas eles não  são absolutos. São  em grande medida precários e ambíguos...

MOMENTO DE AMOR

Não  vamos confiar em nossos vínculos,
No trocar afetivo de palavras vazias e banais,
Nas nossas imaginações  carentes de sonho,
Na necessidade de sexo e algo mais.
Estamos irremediavelmente perdidos em nós  mesmos.
Lá  fora a vida parece simples no superficial do acontecer social.
Mas  não  se iluda.
Nada é  o que parece.
Nem mesmo o que sentimos neste momento.

quarta-feira, 4 de maio de 2016

AS RAZÕES DO AMOR

O amor sempre foi um problema. O maior de todos. Ele sempre envolve valores. Não  é  um impulso irracional, mas um astuto princípio de ligação sempre ponderando sobre a ambiguidade de toda relação.  

As pessoas subestimam o amor.

Eros é  perverso. Cuidado com ele...

segunda-feira, 2 de maio de 2016

SOBRE O AFETO DOS SOLITÁRIOS

O amor é  uma espécie de armadilha.

É  preciso ser profundamente enterrado em si mesmo para viver um amor. Somente pessoas solitárias conseguem perceber o outro em sua mais radical diversidade interior a ponto de surpreender o amor como uma parcela muito pequena da totalidade que elas são  em ontológica diversidade.

Acho que no fundo é  por isso que pessoas solitárias são  solitárias. Elas exigem do outro uma sinceridade de sentimentos, um jogo de luz e sombra de afetos, que poucos são  capazes de vislumbrar nos abismos da intimidade.

O PRAGMATISMO DAS AFINIDADES ELETIVAS

Acredito que existe uma enorme distância  entre amor, carinho e amizade. As três  Coisas nunca andam juntas. O sentimento esconde uma eleição  racional, um juízo de valor que transcende a simples irracionalidade do afeto. Somos seletivos e buscamos no outro exatamente aquilo que precisamos. Ninguém gosta de ninguém  por acaso. Apenas os hipócritas dizem o contrário.

CONSERVADORISMO

Nada mais simples do que ignorar alguns erros
E persistir nos equívocos que sempre me conduzem
Ao mesmo ponto cego de existência.
Sempre os mesmos impasses,
As mesmas dúvidas e os mesmos erros.
Somos sempre os mesmos.

Nunca mudamos.

ÚLTIMOS TEMPOS

A hora de amar já  passou.
Agora é  tempo de trabalhar,
De dialogar com o espelho,
O tempo e a morte
Sem qualquer pesar.
Apenas meu rosto
ainda existe na fotografia.
E vivo como um indigente
Da fantasia daquele momento estático
Onde fui apenas um rosto
Dentre outros
A espera de eternidades.