terça-feira, 28 de abril de 2015

O ABSTRATO DO AFETO

No fim de um relacionamento
Sabemos as perdas e danos  do amor,
Que o querer do outro se esgota,
Que as palavras ferem,
Que entre dos seres humanos
Sempre existem estranhamentos
E que, definitivamente,
Pouco existe de objetivo
Em qualquer sentimento.


segunda-feira, 27 de abril de 2015

ROTEIRO LÍRICO DE UM CASO DE SEPARAÇÃO

Não me lembro direito
Como começamos,
Quando misturamos nossos destinos
E embaralhamos nossas vidas.

Só sei que aconteceu ,
Faz muito tempo,
Sobre um sol de verão.

Hoje quase não sabemos
De nós mesmos,
E aquele dia deixou de ser,
De acontecer dentro da gente,
Como um eterno presente.

Jamais foi,
Nunca aconteceu.
Superamos sua memória.


BELA ADORMECIDA

Ela tinha mais imaginações  do que vida,
Mais sonhos do que vontade,
E milhões de interrogações em sues pensamentos.
Mas havia desistido de buscar respostas,
De querer direito.
Sabia que tudo que a vida oferecia
Era quase nada.
Então deitou para sempre
A cabeça no travesseiro
E passou a viver de solidões

E de sonos.

sábado, 25 de abril de 2015

AMOR PERDIO

Preciso chorar um pouco
Todo amor que não foi,
Toda poesia que sorriu sem vida,
Todo absurdo que me define o mundo.
Preciso gritar,
Beber contra tudo,
Amanhecer noturno
E tragar sem medo o mais fundo
Deste doer profundo!
Preciso esquecer,
Voltar a ser tudo aquilo
Que não pode ser,
Toda dor do meu  medíocre querer.


sexta-feira, 24 de abril de 2015

O FANTASMA DO AMOR

O amor sempre falta ao encontro dos enamorados.
Fica entre as bocas como uma palavra abstrata
A preencher o silêncio entre os beijos.
O amor é sempre uma ausência,
Um vazio,
Contra o qual nossos corpos entrelaçados
Lutam.

O amor é aquilo que nos falta
Enquanto nos desencontramos

Em caricias  e tesão vazio.

quarta-feira, 22 de abril de 2015

SOLITUDE

Nunca soube desse negocio de ser amado.
Tive apenas alguns ralos casos de amor,
Soube fracassos e desencantos
Na constatação constante de que
Não passo de um solitário.
Mas o fato
É que há pouco amor
Entre os casais
E de um modo geral
As pessoas não se entendem
Quanto ao essencial da convivência.
O mundo inteiro
É um lugar muito solitário.
Não há nada a se fazer

Quanto a isso.

CORAÇÃO QUEBRADO

Qualquer beijo esfria com o tempo.
Resta-nos apenas  um resto de afeto,
Um passado  quebrado
E aquela vontade de novidade
E dia seguinte
Que nos faz  enfrentar os fatos.
Nada é mais trágico
Do que compartilhar solidões
E descobrir que o amor

É sempre uma profunda ilusão.

domingo, 19 de abril de 2015

SOBRE A ARTE DE SENTIR

O sentir é algo que não nos cabe por dentro
E precisa do outro para acontecer.
O sentir é tudo aquilo
Que transborda o momento,
Através da emoção.
Mas poucos são aqueles
Que bem conseguem  vivem o sentir,
Fazer do prazer
Algo tão simples
Quanto o mais corriqueiro
Pensamento.
Poucos são aqueles
Que demasiadamente sentem
No mais que  perfeito pretérito

Do sentimento

DESABAFOS DE UMA MULHER

Não quero sofrer os teus erros
Nem saber o mais radical
Dos teus defeitos.
Quero ficar longe
Do que me fode.
Não quero confundir teu rosto
Com espanto,
Confundir meu sentimentos
Até não saber direito
O que eu quero.
Detesto amar

Onde o amor não está.

segunda-feira, 13 de abril de 2015

AOS DOENTES DO AMOR

O amor se tornou quase uma espécie de crime contra si mesmo.
Pois que outra coisa sustenta tal sentimento do que a ilusão de uma morte?

Ama quem faz do querer uma agonia.
Ama apenas quem se detesta
Ao ponto de tornar alguém digno de sobrevivência....
Aqueles que hoje buscam radiantes a beleza do amor
Um dia o descobrirão apenas um vício.

Ao final de tudo saberão apenas de solidão e morte.


sexta-feira, 10 de abril de 2015

TUDO SOBRE O SENTIDO DA SOLIDÃO


Todos os meus dias eram ruins. Vivia de uma rotina mecânica e vazia. Sem companhia e entregue a mim mesmo. E não há coisa pior do que sentir vazio dos outros, de não a migalha de passos que acompanham os teus no  difícil caminho de existir, de sofrer o tempo e as agonias que definem a porcaria da vida.
A solidão é definida pela existência dos outros. Saber que não somos os únicos sobre a face da terra e, entretanto, não somos na vida dos outros  algo mais do que um outro ser humano imperfeito  contribuindo para invenção diária desse mundo de merda dói na gente como um chute no saco.
Não há nada pior do que ser sozinho, de estar condenado a si mesmo enquanto diariamente se morre aos poucos. É necessário muito álcool, muito cigarro e silêncio para suportar isso. Ás vezes não sei se choro ou se me mato. Na duvida vou seguindo em frente sentindo tudo desmoronar diariamente.
A maioria das pessoas é feita de plástico e aceitam em alguma medida o trato social. Isso define a “normalidade” e a sobrevivência desta porra toda de sociedade. Eu , ao contrario, de tão preso a mim mesmo, acho insuportável essa merda toda. Não quero amar, casar e ter filhos e viver do cretinismo de pragmatismos. Mas também não quero a putaria de trepadas vazias e egocentrismos imbecis. Tenho muito compromisso comigo e com os outros para me submeter a qualquer lixo intersubjetivo da mamaquice humana.
A solidão mais dolorosa é aquela que recusa a humanidade, que vê  em cada um, os malditos cordões da sociedade ditando os atos do intercambio subjetivo contra a autenticidade do caos de se saber individuo.

A vida é uma coisa perversa e asquerosa para qual a morte é um terno alívio. Pois sozinhos entre os sozinhos descobrimos os cumes do desespero. Isso é horrível, absurdo e lamentável. Mas também é demasiadamente humano no mais ridículo da humanidade. Existir é patético e tosco. Não importa o que acontece ao longo desta merda que é sua vida. A maioria não percebe isso. Por isso me dirijo apenas aqueles que tem suficiente coragem para engolir o veneno e reagir ao vazio dos outros com o mais ousados atos de desespero.

INFELICIDADE

Passei a vida inteira me desentendendo com o mundo,
Desaprendendo pessoas,
Reinventando silêncios
e me perdendo de mim mesmo.
Raras vezes sofri de alguma felicidade.
Tive contrariadas todas as minhas vontades.
Não me perguntem pela vida.
Pois dela não sei.

Nunca vi...

quarta-feira, 8 de abril de 2015

SOBRE O ABSURDO DO AMOR

O amor deveria ser considerado um problema de saúde pública e destinado ao trato da psiquiatria. Não se trata, afinal, de um bom sentimento. Mas de um compulsão, mania e, em muitos casos, pura psicose e esquizofrenia.

Não existe amor que não seja egoísta em sua essência psíquica. Pois ele sempre pressupõe o outro como instrumento de alguma fantasia, seja de convivência, altruísmo, hedonismo ou egocentrismo.


O amor sempre revela o que há de pior em nós mesmos.

sexta-feira, 3 de abril de 2015

NÃO SOMOS BONS INDIVÍDUOS

Não somos bons indivíduos.
A construção de si mesmo é um desafio ingrato
Do qual poucos estão a altura.
O outro é sempre um assessório
Para nossos egos inflados,
Sedentos do eco ,
E do prazer de outro corpo
Que nos satisfaça a mais intima vaidade.
Por isso relacionamentos
Nunca são eternos
ou  suficientes.

Não somos boas pessoas.
Não merecemos mais
Do que o ato tolo
De um beijo prostituto.


quarta-feira, 1 de abril de 2015

AS MAZELAS DO AMOR

O amor agora é uma caricatura de si mesmo. Apesar disso, continua popular entre as pessoas, mas de tão banalizado já não significa nada, não sustenta vínculos. Nos piores casos, apenas cria obsessões e outras patologias emocionais.

Os que ainda falam de amor talvez o façam mais por uma sutil maldade do que propriamente por ingenuidade. 

Os que ainda são vitimas desta ilusória armadilha do desejo viciante, vivem como dementes em busca da felicidade, encontrando apenas espinhos em suas compulsivas buscas por um satisfatório afeto impossível.