Todos os meus dias eram ruins. Vivia de uma rotina mecânica
e vazia. Sem companhia e entregue a mim mesmo. E não há coisa pior do que
sentir vazio dos outros, de não a migalha de passos que acompanham os teus
no difícil caminho de existir, de sofrer
o tempo e as agonias que definem a porcaria da vida.
A solidão é definida pela existência dos outros. Saber que
não somos os únicos sobre a face da terra e, entretanto, não somos na vida dos
outros algo mais do que um outro ser
humano imperfeito contribuindo para
invenção diária desse mundo de merda dói na gente como um chute no saco.
Não há nada pior do que ser sozinho, de estar condenado a si
mesmo enquanto diariamente se morre aos poucos. É necessário muito álcool,
muito cigarro e silêncio para suportar isso. Ás vezes não sei se choro ou se me
mato. Na duvida vou seguindo em frente sentindo tudo desmoronar diariamente.
A maioria das pessoas é feita de plástico e aceitam em
alguma medida o trato social. Isso define a “normalidade” e a sobrevivência
desta porra toda de sociedade. Eu , ao contrario, de tão preso a mim mesmo,
acho insuportável essa merda toda. Não quero amar, casar e ter filhos e viver
do cretinismo de pragmatismos. Mas também não quero a putaria de trepadas
vazias e egocentrismos imbecis. Tenho muito compromisso comigo e com os outros
para me submeter a qualquer lixo intersubjetivo da mamaquice humana.
A solidão mais dolorosa é aquela que recusa a humanidade,
que vê em cada um, os malditos cordões
da sociedade ditando os atos do intercambio subjetivo contra a autenticidade do
caos de se saber individuo.
A vida é uma coisa perversa e asquerosa para qual a morte é
um terno alívio. Pois sozinhos entre os sozinhos descobrimos os cumes do
desespero. Isso é horrível, absurdo e lamentável. Mas também é demasiadamente
humano no mais ridículo da humanidade. Existir é patético e tosco. Não importa
o que acontece ao longo desta merda que é sua vida. A maioria não percebe isso.
Por isso me dirijo apenas aqueles que tem suficiente coragem para engolir o
veneno e reagir ao vazio dos outros com o mais ousados atos de desespero.