sábado, 27 de julho de 2013

A AMBIGUIDADE DA FELICIDADE



A felicidade é como um rosto triste chorando no limbo.  Eis aqui uma alegoria perfeita para expressar as contradições dos sentimentos humanos.

Apropriando-me aqui de um fragmeno d COOl MEMORIES III by Jean Baudrillard, tento aprofundar a imagem:

“A dialética dos sentimentos é como a do ascendente e do signo. Eles podem estar em conjunção ou em posição. Não basta o signo, é preciso ainda o ascendente. Não basta ser feliz, é preciso que isso também lhe de prazer. Não basta ser infeliz, é preciso que isso também lhe faça mal.Sem a aura do prazer, a felicidade é muito triste- sem a idéia de prazer, só há gozo mamífero.Mas sem a aura do sofrimento, a infelicidade é muito triste, ela também.

Há sempre uma transcendência do prazer e do desprazer no fato de ser feliz ou infeliz.

Os discursos hipócritas  que opõem felicidade e infelicidade desconhecem esta sutileza que as reúne num desdobramento comum- esta reversibilidade de uma e outra que faz, no fundo, nossa única felicidade. Temos ainda liberdade de usar e abusar dela de maneira extravagante, e só o que nos tira essa liberdade nos faz seres verdadeiramente infelizes.”

Jean Baudrillard. Cool emories III Fragmentos 1991-1995. SP: Estação Liberdade,2000 ( tradução de Rosangela V. Tiburcio)

 

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