A AMBIGUIDADE DA FELICIDADE
A felicidade é como um rosto triste chorando no
limbo. Eis aqui uma alegoria perfeita
para expressar as contradições dos sentimentos humanos.
Apropriando-me aqui de um fragmeno d COOl
MEMORIES III by Jean Baudrillard, tento aprofundar a imagem:
“A dialética dos sentimentos é como a do
ascendente e do signo. Eles podem estar em conjunção ou em posição. Não basta o
signo, é preciso ainda o ascendente. Não basta ser feliz, é preciso que isso
também lhe de prazer. Não basta ser infeliz, é preciso que isso também lhe faça
mal.Sem a aura do prazer, a felicidade é muito triste- sem a idéia de prazer,
só há gozo mamífero.Mas sem a aura do sofrimento, a infelicidade é muito
triste, ela também.
Há sempre uma transcendência do prazer e do
desprazer no fato de ser feliz ou infeliz.
Os discursos hipócritas que opõem felicidade e infelicidade
desconhecem esta sutileza que as reúne num desdobramento comum- esta
reversibilidade de uma e outra que faz, no fundo, nossa única felicidade. Temos
ainda liberdade de usar e abusar dela de maneira extravagante, e só o que nos
tira essa liberdade nos faz seres verdadeiramente infelizes.”
Jean Baudrillard. Cool emories III Fragmentos
1991-1995. SP: Estação Liberdade,2000 ( tradução de Rosangela V. Tiburcio)
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