sábado, 20 de abril de 2024

FATALISMO

Segui perdido
em um misto
de arrependimento e silêncio.

Mas tudo foi
como deveria ser
e nada havia a fazer.

As coisas são como são 
e ignoram os caprichos 
do nosso querer.
Chamo isso de viver....





sexta-feira, 19 de abril de 2024

O ESTRANGEIRO

Quero partir,
saber ausências e lonjuras.
Ser de nenhum lugar.
Não pertencer mais
a este tempo,
casa, família
ou cidade.

Quero em toda parte
ser um estrangeiro,
estar sempre de passagem.

Livre de identidades,
amizades,
convicções,
 bandeiras e verdades.

Quero estar sempre longe,
distante e além.
Nunca esperar por ninguém.

Livre de tudo e de todos
e sem o peso de um destino
Vou fazer e refazer meu caminho.


Quero só  partir,
ir por ali ou por aqui,
seguir Independente e sozinho,
até me perder da vida
Em meu próprio abismo
 desaparecendo sem cerimônia 
 através do silêncio da minha própria e incerta existência.


quarta-feira, 17 de abril de 2024

QUASE NARCISIMO

Tenho cá meus defeitos, 
ansiedades e medos, 
como todo mundo. 

 Carrego rasas certezas,
 identidades capengas 
e um franco desprezo 
 por todo aquele
 que de mim é diferente. 

Como todo mundo,
 existo inteiramente 
para minha intima insignificância
e para minhas falsas urgências.

Paradoxalmente,
isso me faz único
como todo mundo.

segunda-feira, 15 de abril de 2024

VIVER É VERBO

O que importa é fazer,
agir, acontecer
e, depois de tudo, anoitecer.

Viver é  não saber,
é querer, tentar,
 esquecer
e tentar de novo.

É nunca se arrepender
e sempre recomeçar.


É estar disposto 
a perder, não ser,
sonhar, imaginar
e, talvez,
até mesmo amar.

Viver é verbo,
ato, movimento.
Nunca será silêncio
ou o vazio de uma convicção ou o nada de um pensamento.

Viver é o subversivo movimento 
de constantemente vir a ser,
nascer de novo,
cada vez mais velho e inacabado.







quinta-feira, 11 de abril de 2024

INDIFERENÇA

Simplesmente, não me interessa,
aquilo que para você 
demasiadamente importa.

Não comungo do teus valores, amores e certezas.

Também não me afeta
o que você sabe, pensa e ignora,
ou os rumos da sua existência.

Nada que te aconteceu ou acontece tem para mim qualquer relevância. 

Moramos na mesma rua,
mas não vivemos no mesmo mundo
e nunca comeremos na mesma mesa.

Não temos um para o outro
a menor importância.
Jamais seremos amigos,
companheiros 
ou mesmo conhecidos.

Nunca serei seu próximo.
Sempre seremos definidos,
um para o outro,
pela insignificância.

Sou totalmente indiferente ao fato
de um dia você ter nascido.

Estamos condenados
a solidão e ilusão de nossa própria existência.