segunda-feira, 27 de setembro de 2021

QUANDO O PASSADO DÓI

Quando o passado dói
como saudade,
não há remédio
para memória que lateja,
Nem solução contra o tempo
que pacientemente
nos devora.
Tudo terminará em esquecimento.
Tudo passará brevimente,
e a vida seguirá indiferente,
nas asas de um passarinho.

sexta-feira, 24 de setembro de 2021

SOMOS TODOS NINGUÉM

Ninguém está realmente sozinho, mas todos são solitários. 

Sei que ninguém sabe o mundo que vivi como ninguém. 
Ninguém jamais saberá da minha vida ou da minha intima experiência de existência.
Ninguém  ...

Do mesmo modo, nunca saberei de ninguém em meu modo próprio  de ser ninguém. 

quarta-feira, 22 de setembro de 2021

NULIDADE BIOGRÁFICA

Não cabe em minha vida
toda essa gente
que por aí existe
em invisível exercício biografico.
Do mesmo modo,
minha vida não cabe no mundo,
no abismo de outras pessoas.
somos todos sombras no mundo.



terça-feira, 21 de setembro de 2021

PATHOS & COSMOGONIA

As dores são atemporais,
artesanais,
definitivas,
corporais,
adjetivas e substantivas. 

As dores movem o mundo.
Diminuem o homem,
expandem o universo.
Pois a natureza é conflito de forças,
encontros e confrontações.
Das moléculas as galaxias,
tudo é reação que inventa a ação.
Tudo é pathos.

sábado, 18 de setembro de 2021

A MORTE E O COMUM

A realidade é feita de pessoas,
de gente que cotidianamente
nos afeta
através de palavras e gestos.

Por isso, a consciência do mundo,
é a consciência  dos outros,
E cada morte, 
cada desaparecimento,
de um outro que nos compõe
como todos,
é um morrer aos poucos 
do nosso mundo,
na subtração de nosso próprio  corpo do possivel da  realidade.

domingo, 12 de setembro de 2021

ATRAVÉS DO DESERTO

Não sei para onde me leva o deserto.
Só sei que sigo sozinho e infinito
no provisório
da minha íntima eternidade.

Sigo indiferente,
com um riso preso na bagagem.
Estou por aqui de passagem,
existindo por mil caminhos
que não carecem mais de destinos.

sábado, 11 de setembro de 2021

ENTRE OS PÁSSAROS

Cantarei com os pássaros ao anoitecer,
a melancolia do fim de um dia banal,
em uma existência banal,
em uma época banal,
onde tudo se desfaz em nostalgia.

Cantarei com os pássaros,
sem a sorte de poder depois voar
entre eles,
na nostalgia de um passado
quase ideal.


SAUDOSISMO

Parece que foi ontem
aquele dia banal 
onde  hoje surpreendo
uma memória de alegria
onde havia apenas rotina e melancolia.
O presente encanta o passado
e inventa o antigamente
quando já não podemos
esperar muito do futuro.



ANSIEDADE

Ansiedade não é apenas um misto de insegurança, cansaço e tensões afetivas somatizadas. Ansiedade é, acima de tudo,  sucumbir a opressão dos fatos, abandonar a si mesmo, divorciar-se de um mundo que nos devora através de nossa própria fome.

AMOR IMPOSSÍVEL

Entre nós
sempre haverá um mundo,
uma urgência,
ou qualquer absurdo.
Nada será possível 
além do trágico do arrependimento.
Ninguém é feito para o outro,
tudo é efêmero dentro de um encontro.
Entre nós o mundo
será sempre
a metáfora de um adeus.

quinta-feira, 2 de setembro de 2021

FALSAS ESPERANÇAS

No fundo,
não importa o quanto de deserto
define nosso cotidiano,
o quanto nos sentimos desamparados,
humilhados e aflitos, 
com as dificuldades de um dia a dia incerto.

Cultivamos, contra todas os vazios e incertezas,
 alguma esperança ingênua em qualquer possibilidade de um final feliz.

Não raramente, tal esperança,
tem a forma de um grande amor
que nunca chega,
de qualquer coisa
que o dinheiro não compra,
ou uma morte branda e libertadora.

Mas sempre há no horizonte o brilho de uma fantasia,
a aposta ingênua em qualquer  reviravolta expetacular que nos livre da realidade
em um quase passe de mágica.

Nunca admitimos que não nascemos para felicidade 
e que vidas perfeitas não existem,
mesmo quando os anos
seguem passando em branco
em meio a dificuldades e pequenas catastrofes.


A verdade é que
Nada faz sentido
 ou nos redime
 de nossa elementar insignificância .