sexta-feira, 5 de maio de 2017

PARA UMA ANATOMIA DOS VÍNCULOS ERÓTICOS

Para muitas pessoas sexo é uma espécie de fuga, uma forma de lidar com suas frustrações e uma estratégia de auto afirmação emocional. Chegam mesmo ao ponto de converter a sedução em um jogo de poder e vaidade onde o outro pouco importa.

Relacionamentos motivados pelo desejo geralmente carecem de trocas afetivas e  tem pouco espaço para a sinceridade. Afinal, a mentira é uma estratégia de defesa, de auto preservação  em intercâmbios pessoais onde a regra é justamente a falta de envolvimento.

O que há de contraditório nisso é que a intimidade erótica pressupõe expor nossas fragilidades psicológicas e fraquezas existenciais. Por isso a durabilidade destes intercâmbios é sempre incerta. Eles  não sobrevivem a conversão em rotina pois sua dinâmica é necessariamente impessoal. O sexo não tem rosto e o desejo não se prende a especificidade de um determinado corpo atraente. Ele ´como um vento que sempre sopra onde bem entende e segue indomável pela paisagem aberta de nossos encontros sexuais. O erótico não cria vínculos.

A instrumentalização do outro para realização do seu próprio prazer é o que mais sinceramente define a experiência sexual. Ela é, portanto, amoral e não altruísta, exigindo que o humano se curve ao animal que em nós demasiadamente existe na compulsão do desejo. O sexo é o amor em estado bruto.

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