quinta-feira, 27 de outubro de 2016

O TEMPO DO AMOR

Quanto tempo dura um amor?
Pois sei de antemão
Que ninguém se ilude com um sentimento
Por uma vida inteira.
O amor passa,
Corre sem rumo
Em direção ao nada.
É quase uma brincadeira
Que nos diverte

Até  redescobrirmos a realidade.

CARINHO

Deixe um pouco de amor sobre a mesa  antes de sair.
Amor pode ser qualquer coisa que me faça lembrar de você,
Qualquer objeto sem grande valor
Que me leve a sorrir
Apenas porque você existe.
Deixe um pouco de amor sobre a mesa.
Quem sabe um pedaço de bolo?
Só quero saber seu carinho,
Sua atenção e cuidado
Enquanto espero viver de novo

Entre os seus braços.

quarta-feira, 26 de outubro de 2016

A SOLIDÃO DE AMAR

Todos os amores que vivi em minha vida me ensinaram, cada um a sua maneira, o valor da liberdade do outro como premissa de qualquer relacionamento. Em outros termos, o caminho para si mesmo é o outro. Passamos a vida toda tentando aceitar o fato de que estamos sozinhos e enterrados  em nossas indeterminadas subjetividades.


terça-feira, 25 de outubro de 2016

ATRAÇÃO

Teu corpo me atrai.
Pouco me importo com seus sentimentos.
Mas posso adivinha-los  através do desejo
Que de tão sincero mente a si mesmo.
Eu me engano buscando o prazer de um beijo.
Pouco me importa  a verdade.
Todo dialogo é um jogo lúdico

Entre o sentido e o não sentido de ser.

O MELHOR DO EGOISMO

Gosto da ideia de viver sozinho.
Meu problema sempre foi
Viver para os outros
Em detrimento das exigências
De mim mesmo.
Gosto de viver minhas vontades,
Urgências e ansiedades.
Pouco me importa a pessoa

Do outro lado da rua.

quinta-feira, 20 de outubro de 2016

SOBRE O CONVÍVIO COM ANIMAIS

A companhia de um animal, como se tornou quase consensual hoje em dia,  é mais agradável do que a companhia dos homens. Um cão ou um gato, afinal, tende a responder aos nossos afetos sem questionamentos. Parecem mais dispostos ao convívio por puro e simples instinto de sobrevivência.

No campo afetivo, cinicamente evitamos oposições e também a sinceridade.

DEPOIS DO ALMOÇO


Não tenho mais grandes urgências,
Apenas migalhas, cacos e silêncios
Para compartilhar na hora do almoço.
Apesar disto,  trago o coração aberto
E futuros para oferecer.
A vida dorme ao meio dia
E temos sonhos para viver.
Vivo minha existência sem pressas...


terça-feira, 18 de outubro de 2016

AMBIGUIDADE AFETIVA

Qualquer miragem afetiva vale mais a pena do que um travo de solidão. Ou talvez seja melhor viver de silêncios contra o ruído dos outros enquanto á noite nos afoga. Difícil dizer qual é a melhor  dentre as duas opções. Ambas nos proporcionam algum tipo de  insatisfação. Afinal, tantos são os nossos diálogos que não faz mais diferença se solitários ou acompanhados. Em ambos os casos estamos por um triz nos equilibrando  sob nossos desequilíbrios e ilusões.


sexta-feira, 14 de outubro de 2016

AMOR E MORTE

De todos os amores possíveis
Viverei aquele que me fizer pequeno,
Raso e sem sentido
No simples instante de um beijo.
Amar é ilegível, absurdo.
Não passa de instinto,
Vontade
E anti verdade.

O amor é uma modalidade de morte.

quinta-feira, 13 de outubro de 2016

OS RISCOS DA FELICIDADE

A felicidade pode ser por um momento  uma xícara de café acompanhada por uma fatia de bolo de chocolate. Ela é tão banal quanto o céu já que  nosso desejo é volúvel e as vezes se debruça sobre objetos bem esquisitos.

A felicidade não passa de um estado de espirito que independe da qualidade de seu objeto. Por isso é recomendável estar sempre atento com o tipo de coisa que nos traz felicidade. Ser feliz, as vezes, pode ser simplesmente doentio.


SOZINHO

Não me importo muito com os outros.
Nasci sozinho, morrerei sozinho
E os outros sempre serão os outros
Como foi antes e será depois da minha morte.
Estou sempre ocupado comigo mesmo
Inventando sonhos
Para suportar a realidade.
Não tenho tempo para o superficial
Dos diálogos de ocasião.
Não importa com quem eu ande

Sempre estarei sozinho.

segunda-feira, 10 de outubro de 2016

A MEDIDA DO AMOR

A medida do amor é o cuidado,
A preocupação mútua,
Muito mais do que o convívio,
Do que os encontros e alegrias
Que apenas nos reinventam em fotografias.

O amor é essencialmente triste
E vive de nossas necessidades,
Deficiências e limites.
Através deles lidamos com nossas fraquezas.
Por isso aqueles que amam sinceramente

Raramente são felizes.

AUSÊNCIA

O modo como sinto sua falta
Define como gosto de você.
Não lembramos as pessoas
Do mesmo modo.
Algumas se fazem parte da gente,
Em nossas rotinas e hábitos
Como um segundo eu
Que acorda em nós

Através da memória.

quinta-feira, 6 de outubro de 2016

VAZIO DIALÓGICO

Trocamos palavras quebradas
Diante do por do sol.
Nunca nos entendemos,
Nunca pretendemos dialogar.
As coisas ditas apenas decoravam o dia,
Muito pouco diziam sobre os fatos
Ou sobre nós dois.
Mas era preciso preencher o silêncio,
Fazer de conta

Que nosso relacionamento fazia sentido.

segunda-feira, 3 de outubro de 2016

DISTÂNCIAS

Raramente o destino de alguém coincide com o nosso.
A maioria das pessoas passam pelas nossas vidas
Da mesma forma que passamos pelas delas.
Por outro lado, também podemos conviver anos e anos
Ao lado de alguém,
Sabendo muito pouco sobre este alguém.
Todo relacionamento é medido pelo tamanho de suas distâncias.
Mas são justamente estas distancias que paradoxalmente nos aproximam.
Estar longe é a única forma de estar perto.

Pois não podemos gostar de alguém de quem conhecemos os abismos mais íntimos.