quarta-feira, 31 de agosto de 2016

DELÍRIO A DOIS

A última dança,
O ultimo beijo,
Chegará mais cedo.
Talvez  nunca termine
Em nosso delírio de união eterna.
Não precisamos de felicidade,
Não precisamos de respostas.
Basta o momento e a ilusão
De que somos felizes,

De que tudo dará certo.

TRANSGRESSÃO A DOIS

Tínhamos esquecido do mundo,
Nos perdidos nas horas,
E já era tarde demais para voltar a rotina.
Todos os horários haviam sido perdidos.
Mas não tínhamos culpas ou arrependimentos.
Pouco nos importava a ordem das coisas
E as obrigações sociais.
Naquela cama inventamos  tanta liberdade
Que nos tornamos impróprios ao trato social
E as razões do mundo.


terça-feira, 30 de agosto de 2016

PRAGMATISMO

Os afetos que me inspiram
Não definem minha vida.
Sei que o coração é incerto
E o amor é alado.
Ninguém é feliz para sempre,
Nos ensina a realidade.
Então cale o encanto,
Esquece o afeto
E viva o seu dia

Sem grandes expectativas.

segunda-feira, 29 de agosto de 2016

DESPEDIDA

Tenho perdido o interesse em teus olhos,
Talvez  você não me veja como ou preciso.
Talvez eu exija mais do que preciso
Ou não saiba escutar o seu planto.
De um modo  ou de outro
Tudo virou desencontro.
Nem mesmo procuro seu retrato.
Já não há o que lembrar,
Saudades para buscar.
Sobra apenas como opção

O lugar comum de uma despedida.

O AMOR CANSA

Meus sentimentos são ambíguos ...
As vezes quero como quem não quer,
Outras aceito como quem perdeu.
De qualquer forma,
Estou sempre insatisfeito,
Sempre buscando o que,
Demasiadamente,
Não quero
Pelas ilusões do querer.
O caminho é melhor que o destino.
Detesto aquilo que é definitivo,
Consolidado e imutável.
O amor cansa ...

Adoramos o desassossego.

quinta-feira, 25 de agosto de 2016

QUANDO PERTO É ESTAR LONGE

Era tão simples nossa rotina
De encontros e despedidas
Que não sei direito
Quando nos perdemos definitivamente
Um do outro.
Apenas, de repente,
Nos demos conta do silencio,
Do vazio e das distâncias que se abriam
Quando estávamos juntos.
Até então,
Cada um vivia para sua própria solidão
E pouco sabia do outro...
Nunca preste muita atenção em quem você ama,

Nunca saiba demasiadamente do outro.

terça-feira, 23 de agosto de 2016

TRÊS AFORISMAS SOBRE A QUASE REALIDADE DO OUTRO

Não conhece a solidão em seus meandros mais profundos quem nunca levou as ultimas consequências uma amizade ou um caso de amor.
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Quanto mais buscamos o outro mais nos aproximamos de nós mesmos. Pois o outro não passa de uma fantasia, do desafio inútil de alcançar o inatingível.
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Existir é estar condenado a si mesmo e nem mesmo ter pleno conhecimento de tudo aquilo que somos apartados dos outros. Afinal,  toda autoconsciência é essencialmente relacional. O outro é um vicio insustentável.

PALAVRAS MORTAS

Preciso te encontrar novamente
Para desdizer algumas coisas ditas.
Muitas frases não duram uma vida,
Não devem ser pronunciadas,
Mas trancafiadas dentro da gente
Para que seu significado não se dissolva
Com o passar dos sentimentos.
A vida não cabe direito no dizer das coisas.

Mas como sabê-lo sem ser insensato?

quarta-feira, 17 de agosto de 2016

O POETA DINAMARQUÊS (RESENHA)

O Poeta Dinamarquês é uma animação de 2006, produzida e dirigida por  Toril Kove. Narra a história  do jovem poeta Kaspar Jorgensen que vivendo uma profunda crise de criatividade,  decide viajar a Noruega para conhecer pessoalmente a famosa escritora Sigrid Undset  em busca de inspiração. No caminho acaba conhecendo a filha de um fazendeiro, Ingenborg,  e se apaixona por ela.  O fazendeiro é contra o romance, pois já havia prometido a filha a um  pretendente. Gaspar retorna a Noruega frustrado  pelo amor perdido e por não ter se quer chegado a conhecer a famosa escritora que motivou a viagem.  Ingemborg promete ao seu amado nunca cortar o cabelo até que ele retorne algum dia.


O enredo desta historieta de amor é regido por uma trama de pequenas coincidências que definem o encontro e o destino de seus personagens. Trata-se de uma comovente narrativa sobre o lugar do acaso em nossas vidas. É necessário, de fato, ter certa sensibilidade para o aleatório e o irracional com o qual esbarramos o tempo todo enquanto tomamos decisões. Não se trata aqui da afirmação de  qualquer teleologia metafísica por traz dos fatos, mas o questionamento da própria  causalidade enquanto principio único e definidor do acontecer do mundo. 

Nem sempre as coisas possuem um motivo ou razão de ser. Mas isso não as impede de, sem realizar qualquer intencionalidade ou  racionalidade, contribuir para  que  chegássemos exatamente a este momento. Coisas como o mau tempo, um cão bravo ou um carteiro descuidado pode alterar nossas vidas através do entrelaçamento dos detalhes, da micro realidade daqueles fatos pequenos aparentemente sem qualquer importância.

segunda-feira, 15 de agosto de 2016

O JOGO DO AMOR

O amor tem seu jogo,
Suas artimanhas e fantasias.
Não é propriamente um afeto,
Mas uma carência narcisa.
Falem dos beijos, do gozo,
Mas não falem do amor
Ou se iludam com letras de musica,
Não considerem o que foi dito ao telefone
Ou em mensagens de redes sociais.
O amor é apenas uma distração,
Uma ilusão quase necessária
Que superamos depois de certa idade.


sexta-feira, 12 de agosto de 2016

UMA LEMBRANÇA CONTRA A REALIDADE

Enterrado em alguns pensamentos dispersos procuro juntar os cacos da noite de ontem, reinventar tudo aquilo que fizemos e dissemos, como se já não fosse tarde demais para continuar sonhando. Tudo foi apenas um momento bom, um instante que valia por uma vida inteira. Mas agora era como se nada tivesse acontecido.  O encanto havia se quebrado.

 Tudo que sei é que a felicidade é uma questão de ingenuidade. E não podemos ser inocentes o tempo todo.  A realidade é sempre mais complexa do que qualquer interpretação e quase não contempla nossas demandas afetivas. Estamos sempre buscando o improvável.

Mas ainda me lembro da noite de ontem enquanto você segue sua vida e some em qualquer horizonte.


quarta-feira, 10 de agosto de 2016

DISCÓRDIA

Não quero estar certo ou errado.
Pouco me importa a razão
Ou a realidade dos fatos.
Não sou razoável.
Apenas tenho minha opinião
Em oposição a sua.
Porque haveríamos de concordar?
Estamos em Babel.
Nada faz mais sentido
E ninguém é importante para alguém.

Um brinde a nossos antagonismos!

terça-feira, 9 de agosto de 2016

SENTIMENTO NOSTALGICO

Tenho esperado pelo passado,
Pela visita de velhos sentimentos,
Das minhas apostas no mundo
E esperanças mais ingênuas.
Vale a pena, ás vezes,
Olhar para trás,
Buscar resgatar emoções perdidas.
Não sou indiferente as coisas perdidas
Que um dia me enfeitaram os dias.
Sofro de certa nostalgia daqueles tempos perdidos

Onde era mais fácil viver de verdade.

URGÊNCIAS DE AMOR


Pode ser um erro esperar
Que você me acorde desta realidade
Quando todas as minhas esperanças
Ainda dormem lá fora.
Talvez eu não seja intensamente
Eu mesmo,
Não me sustente direito diante
De tantas vontades, ilusões,
Duvidas, decisões e impasses.
O amor é um sonho bom
Que não dura muito sob a luz do sol.
Mas me ardem no peito francas esperanças

E febres de noites de verão.

segunda-feira, 8 de agosto de 2016

NUNCA MAIS

Não me arrependo de fechar a porta
E sair pela janela da sua vida
Andes do cair da casa.

Desde o inicio sempre foi tarde
Para inventarmos futuros.
Agora tenho a estrada e o vento
E já não mais preciso de qualquer abrigo.

Nunca mais nos encontraremos de novo.

A vida é muito curta para reencontros.

IDEAL PÓS ROMÂNTICO

Não me vejo em teus olhos
Nem me escuto em sua voz.
Não posso dizer quem somos,
Mesmo quando estamos juntos
Enfeitando a paisagem e o tempo.

Apenas siga ao meu lado
No improviso de palavras e gestos,
Até que não  haja mais nada a ser dito
E, finalmente, possamos
Apenas compartilhar a existência,
As lembranças e o horizonte

Enquanto as coisas passam.

quarta-feira, 3 de agosto de 2016

HISTÓRIA MAL CONTADA

Nada foi tão perfeito do que aquele maldito segundo em que  tudo deu errado,
Em que me surpreendi perplexo diante do inesperado, enquanto você, sem saber o que fazer, tentava negar a crueldade dos fatos.
Da verdade a ilusão, tudo é questão de um único passo fora do trilho, de uma repentina ausência de chão.
A realidade só vale realmente apena quando nos surpreende, quando nos abandona ao frio.
É preciso estar a margem de tudo para entender melhor tudo aquilo que nos acontece e a miopia de nossos próprios atos.


terça-feira, 2 de agosto de 2016

A INVENÇÃO DO OUTRO

Quando o outro se torna um simulacro
De nossas carências
Os afetos reinventam os fatos.
Já não importa a realidade
E tudo é perfeito nas ilusões dos dias.
Este é o segredo da felicidade,
O imperativo de um coração cego.
Quem somos  ou nos tornamos

Quando encontramos um ao outro?

A MEMÓRIA DO QUE NÃO FOI

Diga mais uma vez o seu nome.
Quero poder esquecê-lo de novo
Como sempre me lembro
Do que nunca aconteceu.
Qualquer  possibilidade perdida de realidade
É mais interessante do que muitos acontecimentos.
Por isso gosto de poder esquecê-la todos os dias,
Sabe-la como um esboço morto de abortos,
Como uma fantasia dos futuros
Que se perderam pelo caminho.

Nunca saberemos como seria...

segunda-feira, 1 de agosto de 2016

SILÊNCIOS

Não dou ouvidos aos outros.
Sismo apenas com minhas próprias opiniões,
Mas não as submeto aos ouvidos na multidão.
De nada vale compartilhar com os que me cercam
Aquele dizer que me define e me faz distinto de todos.

Minhas palavras correm em segredo de existência
Assim como minhas precárias certezas e vivencias  de mundo.

Jamais direi a ninguém
O mais essencial de meu intimo.
Por, simplesmente, ser impossível tal feito.
Por isso não perco tempo com diálogos.
Tenho mais a viver do que ouvir ou dizer.

Não dou ouvidos aos outros.

RELAÇÕES LÍQUIDAS E CRESCIMENTO PESSOAL

Hoje em dia tornou-se difícil imaginar um futuro ao lado de alguém. Aprendemos a cultivar demasiadamente nossas próprias  vontades e interesses mais singulares. O outro é sempre aquele que quer outra coisa. E o mais importante é seguir o próprio caminho através das dissonâncias do mundo vivido. Por isso, relacionamentos  tendem a ser provisórios. Já não é fácil concebe-los como uma meta  ou um fim em si mesmo; como uma forma de realização pessoal socialmente  imposta pela ambientação social. Relacionamentos são apenas perenes momentos  de nossas vidas e as exceções são cada vez mais raras. Não há nada de negativo nisso. Apenas aprendemos a viver para nós mesmos e isso nos faz crescer como indivíduos.