Se os afetos convertem o outro em
uma espécie de “necessidade”, de “vicio”, podemos dizer também que na medida em
que nos sentimos conectados com alguém afetivamente, também nos tornamos
vulneráveis as suas necessidades e vontades.
Orientado para o prazer, o
sentimento amoroso é uma busca de satisfação. No caso, entretanto, a estratégia
para alcançar tal objetivo é, contraditoriamente, a satisfação do objeto. É nisso que reside a “reciprocidade” que funda
a relação amorosa. Para receber prazer é preciso dar prazer.
Mas o prazer não é um ato
continuo e pressupõe a alternância com seu oposto, o que torna o desprazer a contra partida do amor. Esta ambivalência entre
prazer e dor é incontornável. De modo mais amplo isso se aplica a existência em
todas as suas dimensões.
Mas no caso do afeto amoroso, o
desprazer, muitas vezes, é confundido por muitos com altruísmo e abnegação de um modo
masoquista e abstrato. Ou seja “Deve-se sacrificar por quem se ama”. Tal imperativo
moral corrompe o sentimento amoroso,
cuja natureza é fundamentalmente a busca do prazer. Só podemos admiti-lo como
pathos na ausência do objeto amado, como
síndrome de abstinência, e não como auto sacrifício deliberado do amante. A passividade é
estranha ao afeto amoroso, pois ele nos
comove a ação, dado seu caráter impulsivo e compulsivo; sua natureza
irracional.

















