sexta-feira, 29 de janeiro de 2016

DESENCONTRADOS

E ficou o dito pelo não dito.
A garrafa vazia,
o copo quebrado,
e as palavras não ditas
 amargando a boca.
A madrugada morreu
e o dia pouco esclareceu
tudo aquilo que nos aconteceu.
Não havia nada mais a ser feito.
Apenas a rotina para ajudar a esquecer
e outras madrugadas para viver.


quarta-feira, 27 de janeiro de 2016

DISTÂNCIAS

Tanta coisa havia para ser dita,
que preferimos  ficar em silêncio,
ignorando um ao outro
para todo o sempre.
Não estávamos prontos
para nós mesmos.
Não queríamos nada
além do espelho.
Por isso nos calamos

em nossas distâncias. 

terça-feira, 26 de janeiro de 2016

FRERTE

Sei que lhe fiz
perguntas indecentes
esperando respostas indecorosas.
Não sou do tipo
que acredita em diálogos.
Pouco me importava com suas opiniões
e demandas.
Queria mesmo era alcançar o silêncio,
o vazio e o avesso do dialogo.
Meu objetivo

era o confronto franco  de nossos corpos.

segunda-feira, 25 de janeiro de 2016

NÃO SER

O imperfeito do não ser,
é esta dor de ter sido,
de ter sentido,
tudo aquilo
que nos foi impossível.
Como dói aquilo
que não pôde ser
através de tudo
que por nós
foi intensamente

vivido...

POEMA DESENCONTRADO

Parte de mim te acompanha.
Outra segue sozinha
na direção contraria.

Posso te ver.
Mas não sinto você aqui
dentro deste momento nosso.
Teus olhos colhem o invisível.
Dele não me aproximo.

Deixo que vá embora
pois  já não estou mais aqui.


O EU DO AMOR

O cuidado de si mesmo
é o essencial do amor.
Não é o outro quem define
o desejo,
mas a vontade
de afirmar-se através
do outro.
Vamos ser sinceros:
Sou onde não estou.
Por isso amo
e me faço em dialogo,
exigência e subjetividade
de um eu para si
absoluto.


sexta-feira, 22 de janeiro de 2016

UMA TARDE QUALQUER


Pouco sobrou daquela tarde
em que nos  enterramos
um no outro,
na  qual inventamos
através de um beijo
um provisório amor eterno.
Nem mesmo ficou um retrato,
um bilhete.
Sequer ainda lembramos o fato.
O tempo, simplesmente,

passou por nós sem alarmes.

quinta-feira, 21 de janeiro de 2016

SEM SENTIMENTOS

Meus sentimentos estão rotos e gastos.
Já não servem ao amor ou ao ódio
E nem despertam em meu intimo
grandes comoções.

Sucumbiram a razão e aos fatos,
aos equívocos e decepções.

Já não sinto como os jovens
e nem amo como os velhos.

Já não gosto,

Já não quero.

quarta-feira, 20 de janeiro de 2016

O AMOR ACABOU

O amor acabou.
Mas a gente ficou
Aqui dentro
Trocando farpas
Contra o absurdo do destino.
Não fomos dignos de nós mesmos.
Nos calamos contra os sonhos
E as fantasias de um bom viver comum.
Fomos absurdos e limitados,

Dois conformados ao vazio de si.

terça-feira, 19 de janeiro de 2016

DESAPEGO

Por vocação a desapegos
abandonei sonhos
e parti
rumo a qualquer desconhecido
de mim.
quem disse
que por princípio
estou preso
a qualquer pessoa?
Quem ainda pensa
que me ilude
com um sorriso?


segunda-feira, 18 de janeiro de 2016

SOLITUDE

A mais perfeita solidão nos acontece através dos outros.
Por isso vivo apenas de mim mesmo.
Pouco me importa quem segue ao meu lado,
As distancias entre o eu e os outros.
sou feito de incertezas e provisórios arranjos
de precária consciência.

Nada mais do que isso...

ALTERIDADE E CARINHO

Carinho não é propriamente aquilo que expressamos através de palavras ou presentes, mas justamente um modo de considerar o outro, de lhe  destinar cuidado e atenção que, de modo muito genérico, poderíamos definir como pratica da alteridade, como uma abertura para a diferença , para as distâncias, como fundamento do próprio relacionamento.


Viver o outro é quase sempre um amargo desafio a si mesmo.

sexta-feira, 15 de janeiro de 2016

SOLIDÃO

A mais perfeita solidão nos acontece através dos outros.
Por isso vivo apenas de mim mesmo.
Pouco me importa quem segue ao meu lado
E tudo aquilo que sinto ou penso.
Que meu dizer não me defina,
não me explique

e me faça desaparecer entre os outros.

BEIJO MOLHADO

Beber mais um pouco
como se fosse vida
e realidade
as felicidades da embriaguez .
Que o mundo
mais uma vez se desfaça
e eu afogue os olhos
em suas palavras.
Amanhã
não existiremos mais.
Então me beije a boca,

vamos viver de novo

uma noite de insensatez.

quinta-feira, 14 de janeiro de 2016

EQUIVOCO AMOROSO

Quando o amor
nos embriaga os sentidos,
nos buscamos deliberadamente
no abrigo do outro
embriagados pela  ilusão
de que não nos bastamos.
Tanto querermos,
tanto fazemos,
afogados em afeto,
que não enxergamos
a tolice de nossos mais generosos atos.


quarta-feira, 13 de janeiro de 2016

AMANHECER

Deixei seus olhos
por um segundo
dentro do meu mundo.
Abandonei meus sonhos
dentro dos seus.
Apostei no futuro
que nos doía por dentro
como uma positiva agonia,
um querer,
uma vontade,
que nos consumia.
Pouco depois disso,

o dia finalmente amanheceu. 

terça-feira, 12 de janeiro de 2016

NOSSOS ERROS

Os erros são sempre os mesmos.
Não importa o tempo que passa,
as promessas quebradas
e as ilusões vividas.
Repedimos sempre
o essencial de nossos passados,
como dementes,
como indecentes dependentes
de certos equívocos fundamentais.

Somos prisioneiros de nossos erros.

segunda-feira, 11 de janeiro de 2016

SILÊNCIO E MELANCOLIA

Não responda nada.
Pois o silêncio apaga
cada palavra
imprudentemente pronunciada.
Guarda sua fala.
Nada é como se pensa.
A vida é uma realidade abstrata,
Não responda a nada.
Escuta a melancolia,
a chuva lá fora

e a miséria deste dia.

sexta-feira, 8 de janeiro de 2016

MUNDOS PARALELOS

Nossas vontades descombinaram.
Já não vivemos a mesma vida,
o mesmo mundo
e nem sentimos as mesmas coisas.
Eu diurno,
você noturna,
e o universo em movimento,
expandindo dentro de nós.
Jamais seremos os mesmos,
não coexistimos.
como milhões de outros

neste mundo.

quinta-feira, 7 de janeiro de 2016

AS PESSOAS PASSAM

As pessoas passam,
percorrem o tempo,
uma entre as outras.
Mas todas são inconstantes.
Partem a todo instante.
Estão sempre apressadas
indo para algum lugar.
Viver, afinal,
é movimento
e nada dura para sempre.
Nos despedimos a cada momento...


terça-feira, 5 de janeiro de 2016

O ABSURDO DO AMOR

O mais absurdo do amor
É transformar o outro
Em uma necessidade,
Em um objeto de desejo,
Que já não tem direito
A uma existência própria.
Amar é insano.
E a louca sempre cansa.
Por isso somos inconstantes
Diante das artimanhas

Do amor verdadeiro.

segunda-feira, 4 de janeiro de 2016

MATE O AMOR

Preciso matar urgentemente
Aquele amor que a gente sente,
Que nos fere a pele,
A individualidade,
E o sentimento da gente
Ser gente.
Preciso ser livre,
Independente e finito
No amanhecer absurdo de mim mesmo.

A felicidade não cabe em palavras de amor.

UM RELACIONAMENTO BANAL

Ela era tudo que eu não esperava.
Mas ficava ali ao meu lado
Enquanto a vida passava
E nos aborrecia.
Alguns beijos,
Alguns bons encontros,
E a gente se iludia um com o outro,
Dia após dia.
Pouco esperávamos em nossas vidas.
Nos bastava aquela rotina morna

Onde aos poucos desaparecíamos.

sábado, 2 de janeiro de 2016

SOMBRAS DO AMOR

Há pessoas que falam tanto no amor que é justo duvidar de sua capacidade de amar. Onde o amor é  um discurso ele deixa de ser uma vivência banal e cotidiana que  e se torna apenas uma questão ideológica.

O amor não é uma virtude ou um valor moral, não passa de uma pré disposição biológica e uma necessidade psicológica. Pode se tornar também uma obsessão e compor o cenário de alguns quadros patológicos.


Não somos muitos conscientes sobre o amor. Quanto mais o aprisionamos em uma  duvidosa formula pseudo altruísta, mas mascaramos suas dinâmicas obscuras.

sexta-feira, 1 de janeiro de 2016

AMOR E VÍCIO

Estava acostumado
A ficar ali,
Em qualquer canto
Do seu dia
Esperando a noite cair.
Precisava viver através
De você
Minhas imemoriais fantasias
De abrigo e companhia.
Não me importava
Com o certo, o errado,
Ou o que seria melhor para mim.
O amor era como um vício,

Um delírio.