domingo, 30 de novembro de 2014

DO PRIMEIRO AMOR

Do primeiro encanto amoroso
Não ficou lembrança.
Foi mera bobagem de criança.
Nada demais.

O amor é uma ilusão de infância,
Um prazer masoquista
Que não merece memória.

O desencanto amoroso
É mais importante

Do que o encanto de amar.

terça-feira, 25 de novembro de 2014

A AGONIA DE AMAR

Somente a sombra do sonho
Posso ainda contemplar saudoso
O sentir apertado do teu rosto,
Meu descabido  êxtase
Durante o ato do teu beijo...
Mas o amor é isso.
Apenas uma ausência
Que nos fere sem piedade
E inutilmente levamos uma vida inteira

A tentar preencher.

VIDA PRIVADA E MATURIDADE EMOCIONAL

A vida privada, tal como hoje conhecemos, é uma invenção da modernidade europeia oitocentista. A domesticação das afetividades e do “eu”  é, portanto, um evento ainda relativamente recente na longa história  da construção da subjetividade humana.

Não é, portanto, de se estranhar que contemporaneamente, de um modo ou de outro, sejamos todos um pouco imaturos em nossas trocas intersubjetivas e economia emocional. Existe um verdadeiro abismo entre nossa forma de organizar e representar  nosso mundo privado e o modo como somos formatados  por nossas necessidades e carências emocionais.


É lugar comum na cultura popular a pueril premissa de que não existem relacionamentos perfeitos. Mas a verdade por traz disso é que somos demasiadamente limitados emocionalmente, incapazes de suportar nosso próprio peso quando em relacionamentos.

segunda-feira, 24 de novembro de 2014

PALAVRAS DE AMOR

Palavras de amor
Não definem sentimentos,
Não expressam qualquer outra coisa
Além de uma auto ilusão.

Palavras de amor
Se perdem no vento.
Não deixam se quer um eco.

Ninguém sabe o quanto de sinceridade
Sustenta uma palavra de amor,
O quanto de perenidade cabe
No sentimento empenhado.


terça-feira, 18 de novembro de 2014

DIALÉTICA DO AMOR

O amor hoje sentido
Sofre em algum lugar
Fora da gente
A dor que ele mesmo inventa,
Simula e sonha,
Em busca de qualquer outra coisa
Que o transcenda
E invente

Qualquer outra versão do amor.

sexta-feira, 14 de novembro de 2014

NÃO CONFIE NO AMOR

O amor é manco e de precária saúde.
Pouco se deve ou se pode esperar dele.
Não passa de um indigente
Que a casa de todos frequenta
Como desagradável visitante.

O amor é egoísta,
Quase não sabe dos outros,
Mas frequenta a todos.
Ás vezes é feio,
Outras bonito.
, invariavelmente,
ENTRETANTO,
Mostra-se duvidoso

E dúbil.

quinta-feira, 13 de novembro de 2014

PRAGMATISMO AMOROSO

A  derradeira premissa dos encontros contemporâneos que define a gênese dos relacionamentos em nossa sociedade de simulações, é o pressuposto de que o outro, mesmo quando atraente, esconde sempre um lado sombrio, qualquer escura carência em sua existência, qualquer deficiência, que justifica a própria busca o outro.

Ou procuramos  o efêmero de um coito ou o pesadelo de um relacionamento torto que nos cale algumas fundamentais carências.


O investimento amoroso, em um ou outro caso, já não é mais um empreendimento que nos promete qualquer ilusão de felicidade.

quarta-feira, 12 de novembro de 2014

A MISÉRIA DOS SENTIMENTOS

Sexo e passionalidade caminham juntos em nossas fragilidades e mediocridade afetivas.

Afinal, nada é mais patético do que o sentir dos enamorados que, de tão preenchidos do ser amado ,pouco sabem de si mesmos.

Mas se amar escurece e as paixões nutrem erros, uma ilusão de amor vale mais do que a monotonia  dos conformados casais de família.


Independente disso, somos todos desafortunados tentando preencher o nada que aperta o peito com o vazio de  beijos  inúteis e desesperados.

terça-feira, 11 de novembro de 2014

O AMOR JAMAIS VAI CHEGAR

O amor jamais vai chegar.
Terei apenas a vida,
Beijos medíocres
E muitos silêncios para esquecer.
Talvez outro dia,
Novamente divida a miséria humana
Com aleatória e insatisfatória companhia.
Apenas para enganar a solidão
Através do desencontro de uma noite de orgia.
Talvez, até quem sabe,
Eu tenha mais imaginação,
E abrace o caminho torto
Da mais errada solidão.

O amor jamais vai chegar.

segunda-feira, 10 de novembro de 2014

NA CONTRAMÃO DA PATOLOGIA AMOROSA

A dor é uma abstração do pensamento.
Não tem espaço em qualquer realidade.
Não passa de vazio sentimento
De tudo aquilo
Que tão sentido
É ilusório e falso
Na ambiguidade das paixões
E limites de nossas imaginações de amor.


PESSOAS EM TEMPOS DE PÓS ORGIA

O  mundo não é feito de gente  clara
E de significados midiáticos e virtuais.
As pessoas são concretas e absurdas
No coração selvagem
De adivinhar horizontes
Em suas imaginações mais loucas.
Não so,os, afinal,
Feitos de vontades,
Mas de razões que nos desconhecem
Nos subterrâneos da falsa ordem
Ainda hoje estabelecida.


O AMOR E O TEMPO

O tempo entrelaça vidas,
Fatos e afetos,
Desenha memorias,
Saudades e ausências
Que o coração quase
Não aguenta.
Somos a soma dos amores
Que nos ficam
Abandonados
E esquecidos

No passar das coisas. 

terça-feira, 4 de novembro de 2014

COMPANHIA

Não quero o engano
Do amor vazio e imposto
Pela simples recusa de solidões.
Não quero apenas
Passear em teu rosto
Ou arranhar teu mundo.
Quero viver em tua vida
O inteiramente outro
Do lado avesso
De toda poesia,
Saber todas as consequências
Da tua simples companhia.