A vida privada, tal como hoje conhecemos, é uma invenção da modernidade
europeia oitocentista. A domesticação das afetividades e do “eu” é, portanto, um evento ainda relativamente
recente na longa história da construção
da subjetividade humana.
Não é, portanto, de se estranhar que contemporaneamente, de um modo ou
de outro, sejamos todos um pouco imaturos em nossas trocas intersubjetivas e
economia emocional. Existe um verdadeiro abismo entre nossa forma de organizar
e representar nosso mundo privado e o
modo como somos formatados por nossas
necessidades e carências emocionais.
É lugar comum na cultura popular a pueril premissa de que não existem
relacionamentos perfeitos. Mas a verdade por traz disso é que somos
demasiadamente limitados emocionalmente, incapazes de suportar nosso próprio
peso quando em relacionamentos.