sábado, 27 de julho de 2013

A AMBIGUIDADE DA FELICIDADE



A felicidade é como um rosto triste chorando no limbo.  Eis aqui uma alegoria perfeita para expressar as contradições dos sentimentos humanos.

Apropriando-me aqui de um fragmeno d COOl MEMORIES III by Jean Baudrillard, tento aprofundar a imagem:

“A dialética dos sentimentos é como a do ascendente e do signo. Eles podem estar em conjunção ou em posição. Não basta o signo, é preciso ainda o ascendente. Não basta ser feliz, é preciso que isso também lhe de prazer. Não basta ser infeliz, é preciso que isso também lhe faça mal.Sem a aura do prazer, a felicidade é muito triste- sem a idéia de prazer, só há gozo mamífero.Mas sem a aura do sofrimento, a infelicidade é muito triste, ela também.

Há sempre uma transcendência do prazer e do desprazer no fato de ser feliz ou infeliz.

Os discursos hipócritas  que opõem felicidade e infelicidade desconhecem esta sutileza que as reúne num desdobramento comum- esta reversibilidade de uma e outra que faz, no fundo, nossa única felicidade. Temos ainda liberdade de usar e abusar dela de maneira extravagante, e só o que nos tira essa liberdade nos faz seres verdadeiramente infelizes.”

Jean Baudrillard. Cool emories III Fragmentos 1991-1995. SP: Estação Liberdade,2000 ( tradução de Rosangela V. Tiburcio)

 

quarta-feira, 24 de julho de 2013

REINVENTANDO A INTIMIDADE



A aventura da arte da intimidade, de reinventar o cotidiano através do encontro , é como construir uma tapeçaria, no jogo de cores ou  de claros e escuros, descobrir nos atos compartilhados a fantasia do dialogo que nos fortalece como indivíduos através do inteiramente outro surpreendido no espelho...

A intimidade livre da cama e da vida  no desvio de casamentos é a contemporânea maneira  de se refazer sozinho através de um beijo.

 

CONTRA A HIPOCRIZIA ROMANTICA



Estou farto

Daqueles

Que tanto falam

De amor

Sabendo secretamente

Que tudo que sentem

É o mais profundo irracional

De intimidade e desejo.

Assumo o irracional do beijo,

Tudo aquilo

Que é mais real

E profundo

Do que a mentira de amar.

O ENAMORAMENTO COMO UMA MODALIDADE DE SOLIDÃO



Quando amamos alguém, simplesmente estamos invadidos pela mais radical consciência de solidão. Pois amar é a forma mais radical de sentir-se só, fazer  do outro a imagem refletida da mais intima solitude. Justamente por isso, não é raro alguém se tornar dependente de um relacionamento independentemente do grau de frustrações, descontentamentos e sacrifícios que ele acarreta.

 

RELACIONAMENTOS E EXPERIÊNCIA DE CHOQUE



Quando duas pessoas se envolvem afetivamente é como o choque entre dois mundos que se deslocam de seu próprio eixo e são atraídos por um estranho magnetismo. A nova e confusa realidade que surge deste choque é geralmente imprevisível.

Tudo que se pode dizer é que o amor é somente  este choque violento e destruidor, o movimento de construção de uma nova ordem entre os destroços espalhados.

A reinvenção destes destroços é o que chamamos de relacionamento.