A FELICIDADE FICOU PELO CAMINHO

A felicidade ficou pelo caminho.

Importa apenas sobreviver,

fazer a vida acontecer.

Mas nada nunca será como deveria ser.

A felicidade ficou pelo caminho.

Tudo resta é frustração é rotina.

DESTINO

Talvez não exista alternativa

ou saída 

para o lamentável resto de nossas vidas.

Talvez, seja só isso,

até o fim do caminho.

Talvez exista mesmo

este tal de destino

e estejamos condenados,

fadados a suportar um ao outro

até que a morte nos separe.

TARDE DEMAIS PARA HUMANIDADE

Apesar dos nossos limites,

frustrações, equívocos e ilusões,

a vida segue dentro do possível.

Apesar de nossos impasses,

Inércias e ansiedades,

ainda há futuros dentro do espelho.

Haverá um dia seguinte,

mesmo quando for tarde demais para a razão, 

para civilização e para a humanidade.

Isso não é segredo.

O futuro será pós humano, 

sem deuses, razão ou civilização.

O EU ATRAVÉS DO OUTRO

Minha vida é medida pela quantidade de encontros, composições e despedidas que decoram o meu tempo.

Sou o resultado de interseções e alianças, sempre perenes, que me definiram nos dias, apesar de alguns desencontros.

Afinal, viver e saber o outro é sempre um modo de inventar a si mesmo.

A SUPREMACIA DO EU

Tenho sido um eu menor 

entre tantos outros eus

que vivem como ninguém.

Mas somos todos eus.

Não importa se nunca seremos

um alguém.

O eu sempre estará acima dos outros eus.

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PARA ALÉM DO BINÁRIO E DA IDENTIDADE

Não há modo certo de querer,

gostar, amar.

Não há moral em viver

ou pudor que limite o prazer.

Permita-se ser livre,

inventar-se, encontrar-se,

através e além do outro.

na radicalidade do corpo.

PIOR METADE

Uma parte de mim quer,

a outra sabe que não pode,

que não é capaz,

que não há necessidade.

Mas o desejo é uma atração 

que supera a vontade

e toda objetividade

me obrigando a viver

minha pior metade.

A POESIA E O GRITO

A poesia está 

onde a vida grita.

Não importa se de dor

ou de alegria.

Só importa a intensidade do grito,

a profundidade do raso instante

onde se agita a vida

através daquele que a grita.

A poesia grita

e pouco importa 

de quem é a garganta

que vomita o grito.

O MUNDO EM QUE VIVO

O mundo em  que vivo

é um passado perdido e latente 

no fundo da minha imaginação.

É um estado de luto permanente

queimando no meu coração.

O mundo em que vivo

é a verdade de uma antiga e perdida ilusão.

O OUTRO...

O outro é sempre o distante,

o estranho do nosso limite.

O outro é quem não somos,

julgamos.

É quem quase não existe.

TUA PRESENÇA

Tua presença enfeita meu tempo,

espalhando-se pelo cotidiano,

pela banalidade da minha existência,

como um perfume de primavera.

Tua presença é a essência do meu mundo.

É o mais íntimo absurdo

do impossível de um  desejo surdo.