segunda-feira, 22 de julho de 2024

INDIFERENÇA

Não me importam os outros,
a sociedade, deus e o mundo.
Não me interessa a vida, a morte
ou o futuro da humanidade.

Quero saber apenas do meu sono,
da minha preguiça 
e  da minha demasiada má vontade com a realidade.
Pois, para mim, é sempre tarde,
é sempre nunca.
É sempre nada....





NO MUNDO DAS TELAS

No mundo paralelo das telas,
monetariza-se tudo.
Seja a fala, os afetos, 
a fome, o sexo, a política,
a saúde, a dor, a alegria,
 o conhecimento, 
a mentira, a verdade,
a fé e a humanidade.

Tudo tem preço,
 nada  tem valor
e todos falam de amor
como sobre qualquer outra mercadoria.

sexta-feira, 19 de julho de 2024

ENVELHECIMENTO CONTEMPORÂNEO

Enquanto envelheço 
as crianças crescem
e se perdem em um mundo
que lhes devora.

O futuro,
envenenado pelo passado,
reinventa antigos absurdos
ressuscitando fascismos.

Talvez um fim do mundo
seja mais desejável 
do que uma morte solitária
para que a velhice não seja apenas
a feiúra revelada
de uma existência fútil, inútil
e quase desesperada.

Nunca foi tão necessário morrer
a morte do mundo.


quarta-feira, 17 de julho de 2024

REALIDADE, MUNDO E SAUDADE

A realidade de hoje
será superada amanhã.
Seja como mentira,
seja como verdade.
Pois toda percepção 
é questão de imaginação
e o mundo não é humano,
não tem deus ou razão.

O mundo é apenas o mundo,
algo além de nossa interpretação.
A realidade é sempre o que morre
e vira saudade.
Ela é o corpo que sabe
enquanto bate o coração.

A realidade é nossa necessária ilusão,
sempre oscilando 
entre esquecimento e saudade.

sábado, 6 de julho de 2024

PÁGINA DE DIÁRIO

Hoje tudo amanheceu
 distante,
triste e inverossímil.

Talvez, eu tenha alcançado
o fundo do poço da realidade
e perdido o último e maldito traço 
de humanidade.

Talvez, mais uma vez,
o mundo tenha acabado lá fora
e ninguém percebeu que aqui dentro
ele nunca existiu.

Seguiremos semi mortos,
embriagados de novidades,
até que tudo finalmente apodreça
em meio a tantas atualidades.

O mundo, afinal, é um imenso cadáver.

DETERMINAÇÃO

Acostuma-te a querer
o que jamais poderá ser.
Habitua-se ao impossível,
a jamais se render.


Recusa seu  cotidiano de merda,
o inevitável e o horrível.
Se insurja contra a normalidade.

Faça da sua vontade
uma força mais forte
que o mundo,
mesmo que ela
não caiba nesta vida
que te mata um pouco
todo dia.